Em
cidade pequena, apesar de infinitas possibilidades e potências de ser, é fácil contar
nos dedos aqueles que logo identificamos como artistas, educadores natos,
políticos, empreendedores de sucesso, cozinheiros de mão cheia, acadêmicos e
por aí vai. São muitas as áreas a serem exploradas e incentivadas para que uma
cidade cresça em economia e desenvolvimento humano e social. Entre elas estão a
cultura e as artes, que são fundamentais para a vida, mas requerem audácia para
se jogar nesse terreno.
Há
mais de sete anos Patrícia Martins, 29, vem se jogando. Hoje ela divide seu
tempo entre o trabalho que lhe dá sustento e a arte que lhe dá prazer. Nos
fundos da sua loja de roupas, entre um cliente e outro, ela molha o pincel na
tinta e desenha formas e cores nas telas com paciência. “É relaxante”, declara.
“Gostaria de fazer isso o tempo todo”.
Já
foram 80 telas suas vendidas e sua renda mensal cresceu 30% com a
atividade. Mas para chegar aqui, a altaneirense Patrícia teve que pavimentar
seu próprio caminho.
Desde
a infância já manifestava gosto de aprender sobre a arte da pintura em quadros.
Conta que atividade de casa com questão para desenhar e pintar era motivo de
felicidade. Ela carregou consigo o desejo de dedicar-se à pintura como quem se
agarra a um sonho.
Em
2000, passou férias em São Paulo para visitar a irmã. Voltou de lá com um
certificado em curso de biscuit e algumas dicas de como fazer pintura em tecido.
Aquilo que fez como hobbie, lhe deu esperança.
O
biscuit não rendeu, mas a parte da pintura a inspirou. Tomou a coragem
necessária e se arriscou testando telas erradas, tintas incompatíveis e pincéis
estranhos. “Errei muito”, ela confessa. Mas sabendo que a vida é tentativa,
erro e acerto, não parou.
Até
ali, mesmo sua vontade de pintar não vencia sua timidez. “No início, eu
escondia os quadros que fazia. Pintava tudo, mas não queria que ninguém visse”,
abre o jogo. Foi necessário que sua mãe, Neci Martins, desse o empurrão de
confiança. Rindo, ela lembra que a mãe dizia “Pinte e exponha, minha filha,
porque ‘uma hora’ nessa cama não cabe mais”.
Com uma agente profissional, a mãe Neci, contou a todas as amigas e conhecidas
sobre os quadros da filha e criou uma rede de contatos e interessados em
compra-los. Hoje, Patrícia usa sua página pessoal no Facebook para divulgar seu
trabalho com pintura e diz que isso ajudou muito na rentabilidade do trabalho.
“Quanto mais as pessoas veem o que faço, mais elas se interessam e querem
comprar”, afirma.
Foram
vendidas 80 telas, mas ela considera um número baixo. Confessa que mês bom é
aquele com três ou quatro vendas de telas, o que já significa um aumento de 30%
na renda mensal. Quando não por encomenda, Patrícia os deixa expostos na loja
de roupas. Suas obras são vendidas principalmente em Altaneira, mas também
recebe pedidos por encomenda de clientes em Crato, Juazeiro e Assaré.
Em
seus quadros, que geralmente medem de 1,10m x 60cm, gosta de trabalhar com a
interação de várias telas conectadas e a dinâmica que isso dá à pintura como um
todo – com o bônus de lhe poupar molduras. E esse jogo dinâmico combina bem com
seu interesse por quadros abstracionistas, que, segundo ela, lhe dão “maior
liberdade de brincar com cores e formas”.
No
entanto os quadros mais comprados são os de paisagens naturais. Ela nega frustração por isso. Com um sorriso afirma “Tenho que fazer o que o povo quer”,
e diz sentir-se bem em agradar seus clientes.
O
desafio também é um ativador. Às vezes se encontra desafiada por seus clientes.
Exemplo disso é o retrato de Jesus Cristo, que para ser reproduzida foi preciso
muito suor e paciência. “Achei que não ia conseguir”, declara. Mas, assim como a grande esperança brasileira, foi lá e fez. Este se tornou seu quadro preferido, para
lembra-la de que as barreiras podem ser derrubadas.
Patrícia começou do zero e hoje mantém um bom negócio
com a venda dos quadros que faz por prazer. Ela não teve formação acadêmica,
muita literatura ou conhecimento sobre a História da Arte e por si só conseguiu
provar aos seus conterrâneos de Altaneira que a vontade de aprender algo se
transforma em determinação para consegui-lo.
Confira algumas das obras de Paty:
FOTOS: Reprodução do arquivo pessoal |
FOTOS: Reprodução do arquivo pessoal |
FOTOS: Reprodução do arquivo pessoal |
FOTOS: Reprodução do arquivo pessoal |
FOTOS: Reprodução do arquivo pessoal |
Mais sobre Patrícia Martins:
Facebook: http://on.fb.me/1aJhEBh
Mostruário de pinturas: http://on.fb.me/1zzLU7W
Lindo trabalho!
ResponderExcluir