Plenário do Senado Federal (Foto: Moreira Mariz) |
O
Plenário do Senado aprovou ontem (10/03), em primeiro turno, o fim das
coligações partidárias nas eleições proporcionais. A Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 40/2011, do ex-senador José Sarney (PMDB-AP), havia sido
aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) em junho de
2012 e faz parte de um grupo de matérias relacionadas à reforma política
selecionadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e por líderes
partidários.
Foram
61 votos a favor e apenas sete contrários, além de duas abstenções. A proposta
ainda precisa ser aprovada em segundo turno no Senado para seguir para apreciação
da Câmara dos Deputados. Pela proposta, somente serão admitidas coligações nas
eleições majoritárias — para senador, prefeito, governador e presidente da
República. Fica assim proibida a coligação nas eleições proporcionais, em que
são eleitos os vereadores e os deputados estaduais, distritais e federais.
A
PEC causou debate entre os senadores, principalmente entre aqueles de partidos
considerados menores. O senador Telmário Mota (PDT-RR) criticou a proposta e
afirmou que a alteração pode trazer dificuldades para os partidos em pequenas
cidades. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também se posicionou contra a
proposta, afirmando que a medida corre o risco de ser questionada no Supremo
Tribunal Federal (STF), pois pode ser interpretada como um limite à “liberdade
de organização partidária do país”.
O
senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) elogiou a iniciativa do presidente Renan
Calheiros de colocar em pauta os projetos da reforma eleitoral. Crivella,
entretanto, disse que a proposta fere a Constituição, que garante a livre
associação das legendas. Ele disse que “certamente a proposta não passará na
Câmara dos Deputados e, se passar, o STF a derrubará”. O senador José Agripino
(DEM-RN), na mesma linha, disse ter a impressão que a medida “não vai ter
êxito” na Câmara.
O
senador Cristovam Buarque (PDT-DF) também apoiou a PEC, mas disse que o ideal
seria o fim de coligação para todos os cargos no primeiro turno, permitindo a
coligação apenas no segundo turno e para cargos majoritários. O senador Omar
Aziz (PSD-AM) também declarou apoio ao fim das coligações, mas disse acreditar
que o ideal seria o fim do voto na legenda.
O
senador Humberto Costa (PT-PE) classificou a proposta como um avanço
importante, já que a experiência atual “vai contra o fortalecimento
ideológico”. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) manifestou apoio à matéria que, em
sua opinião, é uma forma de consolidar os partidos, que seriam fortalecidos em
sua ideologia e em seus posicionamentos. O senador Reguffe (PDT-DF) também
afirmou apoiar a proposta, mas disse que a medida não é suficiente para
transformar a política brasileira.
Na
visão do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), um novo modelo de eleições, em
que as legendas não necessitem de auxílio para alcançar o quociente eleitoral,
fortalece os partidos. Ele ponderou, porém, que é preciso discutir o
financiamento de campanha de forma urgente. Para Walter Pinheiro (PT-BA), a PEC
40/2011 é um passo importante, mas é preciso “um passo mais sólido”, que é a
definição sobre o financiamento. Na mesma linha, o senador Lasier Martins
(PDT-RS) apoiou a PEC, mas pediu o fim do financiamento privado para campanhas
eleitorais.
Em
resposta, o presidente Renan Calheiros afirmou que os projetos da reforma
política serão votados por tema. Ele disse que vai buscar um entendimento com
as lideranças para que os projetos que tratam do financiamento de campanha
sejam votados na próxima terça-feira (17). Renan acrescentou que tem buscado
uma “agenda expressa” comum com a Câmara de Deputados para que os projetos da
reforma política sejam aprovados em ambas as Casas.
Na
justificativa da PEC, Sarney argumenta que as coligações nas eleições
proporcionais costumam ser passageiras, sem identificação ideológica ou
programática, visando apenas aumentar o tempo de exposição dos partidos maiores
nas propagandas eleitorais das rádios e das TVs. Sarney ainda destaca que a
medida pode fortalecer os partidos e a transparência na representação política
— já que o voto dado a um candidato não poderá eleger outro de uma legenda
distinta.
O
relator da matéria na CCJ, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), registra em seu
relatório que a proposta colabora com o “aperfeiçoamento da democracia
representativa assegurada pela Constituição” e vai instituir um sistema que
pode refletir, com fidedignidade, a vontade dos eleitores expressa nas urnas.
Com
informações Agência Senado
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