Paulista tomada: PM estima que ao menos 1 milhão de pessoas lotaram a avenida mais famosa de São Paulo (Foto: Eduardo Enomoto) |
O
número de pessoas que participaram dos protestos em 160 cidades do País e do
exterior foi bem superior aos estimado pelos organizadores das manifestações.
Os atos que lotaram, neste domingo (15/03), algumas das principais vias de 26
capitais e do DF, organizados pelas redes sociais, e mais de 130 localidades
dentro e exterior, somaram, de acordo com a Polícia Militar, ao menos 1,6
milhão de pessoas.
Em
Sâo Paulo eram estimados, por exemplo, 110 mil manifestantes, que confirmaram
presença pelas redes sociais no protesto na avenida Paulista. Mas, contabilizou
a PM, havia cerca de um milhão de pessoas protestando contra o governo da
presidente Dilma Rousseff e a corrupção, em meio à fraqueza da economia e
inflação elevada, na maior de uma série de manifestações populares em diversas
cidades de todo Brasil.
O
instituto Datafolha, no entanto, registrou um número bem menor de manifestantes
na Paulista: 210 mil. Mesmo assim, esse total é o dobro do que que era
esperado. O número é referente ao total de manifestantes diferentes que
participaram em algum momento do protesto. No pico da manifestação, segundo o
Datafolha, por volta das 16 horas, havia 188 mil pessoas.
A
chuva que caiu em alguns pontos da Avenida Paulista não foi suficiente para
dispersar as pessoas, muitas delas munidas de cartazes com dizeres contra a
presidente e contra seu partido, o PT. Dezenas de manifestantes na Paulista
também exibiam faixas pedindo a volta da ditadura militar. Alguns deles levaram
fotos de presidentes do regime.
No
interior do Estado, houve manifestações em 55 cidades. Campinas reuniu ao menos
25 mil pessoas no protesto. Ribeirão Preto contabilzou 40 mil manifestantes. Em
Sorocaba, havia 35 mil pessoas no protesto contra o governo. Em Santos, o ato
reuniu 10 mil pessoas.
O
ato foi convocado pelos redes sociais pelos grupos Vem Pra Rua, Revoltados ON
LINE e Movimento Brasil Livre, os três principais que articularam os protestos.
Os protestos tiveram um caráter pacífico, ao contrário dos ocorridos em junho
de 2013, ocasião em que foram registrados vandalismo e confrontos entre
policiais e manifestantes.
Apesar
disso, a polícia do Distrito Federal lançou bombas de efeito moral para
dispersar um pequeno grupo de manifestantes que lançaram pedras na direção de
policias na Esplanada dos Ministérios após o final da manifestação em Brasília.
Ao menos uma pessoa ficou ferida.
Em
São Paulo, policiais militares prenderam integrantes do grupo chamado Carecas
do Subúrbio no vão livre do MASP, na Avenida Paulista em São Paulo. Eles
estavam carregando fogos de artifício, pistola de choque e gás pimenta durante
a manifestação.
A
manifestação contra o governo Dilma Rousseff na orla de Copacabana, zona sul do
Rio começou na manhã do domingo. Reuniu 15 mil pessoas e foi marcada por
pedidos de impeachment e de basta à corrupção. O MBL (Movimento Brasil Livre)
recolheu assinaturas para protocolar o pedido de impeachment. O deputado
federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) foi assediado e também vaiado ao ser impedido de
discursar.
Os
manifestantes caminharam do posto 5 até o Hotel Copacabana Palace, onde, por
volta das 12h30, o ato se dispersou.
Manifestantes
se reuniram na tarde deste domingo (15) na Candelária, no centro do Rio, para
um novo protesto contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Por volta das
14h45, policiais militares estimavam que 2.000 manifestantes participavam do ato.
Grupos presentes no ato defendem a intervenção militar. Por volta das 16h30, o
grupo passou a caminhar pela pista central da avenida Presidente Vargas,
sentido Central do Brasil, acompanhado de policiais militares.
Diante
do Comando Militar do Leste, localizado na avenida, os manifestantes exaltaram
o Exército e cantaram o Hino Nacional. O ato se dispersou por volta das 17h30
na Central do Brasil. Manifestantes ainda fizeram uma oração em memória ao
cinegrafista Santiago Andrade, que morreu após ser atingido no ano passado por
um rojão durante protesto.
BH
e DF sem ocorrências graves
Em
Belo Horizonte, 24 mil pessoas saíram de casa em Belo Horizonte protestar contra
o governo. O ponto de encontro neste domingo na capital mineira foi a praça da
Liberdade, símbolo da região centro-sul da cidade e antiga sede do governo de
Minas. Segundo a Polícia Militar, não houve registro de ocorrências graves.
A
concentração pró-impeachment e anti-PT começou por volta das 9h30, com a
presença de 4.000 pessoas. Ao meio-dia, a praça estava tomada por
participantes, que começaram a se dispersar no início da tarde. Parte do
movimento foi em direção à praça da Savassi, área nobre de BH, enquanto alguns
manifestantes seguiram para a praça Sete, no centro.
A
Polícia Militar do Distrito Federal contabilizou 45 mil pessoas em manifestação
na Esplanada dos Ministérios, na manhã deste domingo, em Brasília. O ato,
agendado em diversas cidades brasileiras, pediu o impeachment da presidente
Dilma Rousseff e o fim da corrupção.
A
marcha teve início às 10h30, quando os manifestantes saíram do Museu Nacional
em direção ao Congresso Nacional, e terminou por volta das 13h de forma
pacífica. Nenhuma ocorrência foi registrada durante as 2h30 de protesto.
Em
Salvador, as duas manifestações contra o governo Dilma Rousseff que aconteceram
neste domingo reuniram mais de dez mil pessoas.
Os
baianos se concentraram em um dos principais cartões postais da capital baiana.
Com gritos de ordem e apitaço, os manifestantes, que vestiam verde e amarelo e
carregavam bandeiras do Brasil, pediam o fim da corrupção e a saída de Dilma do
poder.
Pacíficos,
as manifestações foram realizadas em dois turnos: um pela manhã, por volta das
9h30, e outra à tarde, às 16h.
Em
Belém, 60 mil pessoas, de acordo com os organizadores (30 mil, para a PM),
protestaram no centro da cidade.
Em
Maceió, os protestos reuniram cerca de 10 mil pessoas na capital de Alagoas. Em
Vitória, de acordo com a PM, o número chegou a 700 pessoas. Em São Luís, no
Maranhão, cerca de 3 mil pessoas ocuparam a avenida Litorânea.
Ao
som de hinos das Forças Armadas e de paródia da famosa música de Geraldo
Vandré, Para não dizer que não falei de flores, defensores de uma intervenção
militar fizeram no Recife, neste domingo, caminhada na Avenida Boa Viagem, no
mesmo local onde 8 mil pessoas se manifestaram pela manhã contra o governo Dilma.
Em
Porto Alegre foram cerca de 100 mil pessoas no protesto, de acordo com a
Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, e Curitiba reuniu mais de
80 mil manifestantes, segundo a polícia.
Manifestações
no exterior
Com
gritos de "Fora PT, leva a Dilma com você", cerca de 100 pessoas
protestaram neste domingo, em Nova York, contra o governo. A manifestação durou
uma hora e meia e atraiu principalmente brasileiros que moram nos Estados
Unidos, além de alguns estudantes e turistas que visitam a cidade.
Os
manifestantes, que se reuniram na Union Square, uma praça em Manhattan,
cantaram o hino nacional e seguravam placas com alguns pedidos, como o
impeachment de Dilma, intervenção militar e o fim da corrupção. Além disso,
gritavam "fora Dilma" e "basta de corrupção".
Houve
também protestos em Sydney, Londres, Buenos Aires, Lisboa e Miami.
Os
protestos repercutiram na imprensa internacional. Vários jornais europeus deram
destaque ao evento em suas páginas na internet, trazendo informações, imagens e
análises.
O
jornal britânico The Guardian chamou os protestos de “demonstrações de direita”
pela frustração com a “economia moribunda” e o escândalo de corrupção na
Petrobras.
Com
o título “Brasil: centenas de milhares de manifestantes pedem o impeachment de
Rousseff”, a publicação trouxe uma descrição dos eventos em algumas cidades
brasileiras e disse que, diferentemente das manifestações ocorridas na Copa das
Confederações em 2013, as registradas hoje foram promovidas por “uma classe
média predominantemente branca” que tomou as ruas para pedir o impeachment da
presidenta.
Protestos
contra corrupção
Vestidos
com as cores da bandeira brasileira, a maioria dos manifestantes foi às ruas de
160 cidades de todas as regiões do País para reclamar principalmente da
corrupção, em meio ao escândalo bilionário na Petrobras investigado pela
operação Lava Jato, e problemas econômicos enfrentados pelo Brasil.
Devido
aos protestos, a presidente Dilma pediu a alguns de seus ministros que ficassem
em Brasília neste domingo para acompanhar as manifestações, e realizou uma
reunião no Palácio da Alvorada para avaliar as acontecimentos.
O
ministro Miguel Rosseto, da Secretaria-Geral da Presidência, escolhido
porta-voz do encontro ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,
afirmou em entrevista coletiva, no final da tarde deste domingo, que as pessoas
que foram às ruas são aquelas que não votaram em Dilma na eleição presidencial
do ano passado.
“As
manifestações ocorridas hoje são manifestações onde majoritariamente
participaram setores da sociedade críticos ao governo", disse Rosseto em
entrevista coletiva. "Seguramente, majoritariamente, eleitores que não
votaram na presidente Dilma Rousseff".
Cardozo
afirmou que o governo está aberto ao diálogo com todos os setores da sociedade,
inclusive a oposição, e que a presidente vai apresentar nos próximos dias
medidas de combate à corrupção. Reiterou também a defesa do governo por uma
reforma política "lastreada no ouvir da sociedade", que tenha como
ponto principal o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais e
partidos políticos.
Durante
o pronunciamento dos ministros, que foi transmitido pela TV, houve panelaço em
diversas capitais, como Brasília, Rio e São Paulo, assim como ocorreu durante
pronunciamento de Dilma na TV no último domingo (8).
Pedidos
de impeachment
As
manifestações deste domingo foram convocadas pelas redes sociais. A maioria dos
grupos organizadores defende o impeachment da presidente, usando como
argumentos uma suposta corrupção no governo do PT, o escândalo da Petrobras e
os altos custos com impostos e tarifas, entre outras reclamações.
O
presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que foi derrotado por Dilma nas
eleições presidenciais de outubro passado, disse no Facebook que “esse 15 de
março vai ficar lembrado para sempre como o Dia da Democracia".
"O
dia em que os brasileiros se vestiram de verde e amarelo e foram para as ruas
se reencontrar com as suas virtudes, com os seus valores, e também com os seus
sonhos", escreveu Aécio, que decidiu não ir para as ruas neste domingo.
Em
2013, no dia de maior mobilização nas manifestações um pouco antes da Copa das
Confederações, cerca de um milhão de pessoas foram às ruas de cidades do país.
Naquela ocasião, os protestos começaram contra o reajuste das tarifas de
transporte público e acabaram gerando uma pauta de reivindicações bastante
difusa, passando por melhoria de oferta de educação e saúde pelo governo e
combate à corrupção, entre outras demandas.
Apartidários
O
protesto contra o governo acontece dois dias após sindicatos de petroleiros e
movimentos sociais realizarem manifestações a favor da Petrobras e da
presidente Dilma, mas em escala bastante reduzida quando comparada ao movimento
deste domingo.
Os
organizadores dos protestos deste domingo afirmam que os movimentos não estão
ligados a partidos políticos, mas legendas de oposição declararam adesão às
manifestações.
O
próprio Aécio convocou a militância tucana para ir às ruas protestar,
ressalvando, porém, que o impeachment não faz parte da agenda do partido.
Cenário
complicado
O
governo de Dilma enfrenta um quadro de inflação cada vez mais alta, atividade
econômica fraca, piora no mercado de trabalho e turbulência política com a base
governista.
A
esse cenário, soma-se o maior escândalo de corrupção da história do país
envolvendo a Petrobras, ao qual estão ligados ex-funcionários, executivos de
empreiteiras e políticos.
Pesquisa
do instituto Datafolha em fevereiro mostrou que a avaliação ótima/boa da
presidente despencou de 42 por cento em dezembro para 23 por cento em
fevereiro, enquanto aqueles que a consideram ruim/péssima passaram de 24 por
cento para 44 por cento.
Com
as manifestações deste domingo, Dilma se junta a outros dois presidentes que
enfrentaram protestos populares no período da redemocratização: Fernando Collor
de Mello e Fernando Henrique Cardoso.
Collor
acabou sofrendo o impeachment, enquanto Fernando Henrique reverteu em parte a
baixa popularidade do início de seu segundo mandato, superando inclusive uma
campanha com ampla participação de petistas que tinha o slogan "Fora
FHC".
Com
informações Portal R7
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