Dilma por ocasião de pronunciamento no Palácio do Planalto (Foto: Roberto Stuckert Filho) |
A
presidente Dilma Rousseff (PT) se pronunciou ontem pela primeira vez desde as
manifestações do último domingo, 15. A petista defendeu o seu governo, prometeu
“diálogo humilde e firme” e acenou com um pacote anticorrupção ainda nesta
semana. De acordo com a presidente, a corrupção, tema predominante nos
protestos, ‘é uma senhora idosa”, anterior à chegada do PT ao governo.
Para
grupos que foram às ruas pedir a saída da presidente, como o Movimento Brasil
Livre (MBL), a resposta de Dilma é insuficiente. Coordenador nacional do MBL,
Fábio Ostermann afirma que a renúncia é a “única medida cabível”.
O
grupo, diz ele, defenderá a bandeira do impeachment em nova manifestação,
marcada para 12 de abril. “A conversa é a mesma de 2013. Nada mudou. Não dá
para acreditar que ela esteja mais humilde”, critica.
O
deputado estadual Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) acredita que, se a
presidente realmente quisesse combater a corrupção, já teria feito isso no
primeiro mandato. “Há propostas tramitando no Congresso que ela não
regulamenta. Em vez de apresentar novas, poderia aproveitar as que já estão aí.
O que ela precisa é dar mais liberdade ao Parlamento”, argumenta.
Durante
o pronunciamento de ontem, Dilma pediu trégua aos opositores: “Vamos brigar
depois, agora vamos fazer tudo aquilo que tem de ser feito pelo bem do Brasil”.
No esforço de reduzir o desgaste de sua imagem, a petista também admitiu que
pode ter cometido exageros na condução da economia nos últimos anos.
“O
governo cometeu um erro no Fies. Passou para o setor privado o controle dos
cursos [...]. Isso não é culpa do setor privado. Fomos nós que fizemos isso”,
afirmou.
Segundo
a presidente, as propostas do pacote anticorrupção seriam as mesmas
apresentadas em campanha, nas eleições de 2014. Diante da pressão popular nas
ruas no domingo, que surpreendeu tanto o governo quanto a oposição, Dilma terá
de apressar a apresentação do projeto, antes prometido para até seis meses após
a posse.
De
acordo com Sônia Fleury, cientista política da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
falta liderança no governo. “Eles deveriam apresentar mais claramente as
propostas e explicar ao povo quem vai sofrer as consequências da crise”,
analisa.
Para
Sônia, o pedido de impeachment sem fundamento legal configura um recurso
anti-democrático e incitação por intervenção militar, um crime.
“Acho
preocupante o fato de que as lideranças de oposição não tenham vindo a público
se manifestar contra esse tipo de pedido anti-democrático. Isso é uma
conivência silenciosa”, disse.
Gomes
de Matos defende-se e diz que isso não existe por parte do PSDB. “Houve
infiltrações de pessoas querendo golpe. Não existe no PSDB nenhum desejo desse
tipo (de afastar a presidente)”, defendeu.
A
pesquisadora da FGV acrescenta que, em vez de intolerância, o momento político
pede por cooperação e diálogo entre pessoas com ideologias opostas.
Com
informações O Povo Online
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