Deputado tentam aprovar a PEC para evitar novas nomeações do atual Governo para os tribunais superiores (Foto: Luís
Macedo)
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Mesmo
com a pressa de alguns parlamentares inclusive do presidente da Câmara,
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a votação da PEC 457/2005, a conhecida PEC da
Bengala está por enquanto indefinida. A
proposta, pautada nas duas sessões da semana, passa de 70 para 75 anos a idade
limite para a aposentadoria compulsória do servidor público em geral, mas seu
efeito imediato seria sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal, tribunais
superiores e Tribunal de Contas da União.
O
texto de autoria do Senador Pedro Simon (PMDB-RS) completa dez anos de
tramitação em agosto deste ano e se for aprovado sem alterações segue para
promulgação porque já tramitou no Senado. Mas a sua votação vai depender de o
presidente Eduardo Cunha colocá-la novamente em pauta ou não. A certeza só
depois do carnaval.
As
associações de magistrados são contra a aprovação do texto. Esta semana, o
presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), João Ricardo Costa
esteve na Câmara dos Deputados para um encontro com o líder do PT, deputado
Sibá Machado que já declarou ser contrário à aprovação da matéria.
Para
João Ricardo Costa, parece haver prioritariamente um interesse político no modo
como essa proposta está sendo apresentada. “A principal preocupação é com
relação à nomeação dos ministros do Supremo pelo atual governo. Mas reeleição e
a possibilidade de um presidente nomear os ministros em oito anos de mandato é
uma situação criada pelo próprio legislador. Aprovar esse texto muda toda a
estrutura do judiciário”, pontua o presidente da AMB.
A
tentativa de impedir que a presidente Dilma Rousseff nomeie os futuros
ministros e o PT seja o “pai” de 10 dos 11 integrantes do plenário do Supremo é
sem dúvida um dos motores dessa discussão.
Pela
legislação atual, até 2018, cinco ministros completam 70 anos, Celso de Melo,
Marco Aurélio, Ricardo Lewandowiski, Teori Zavascki e Rosa Weber. Há ainda a
vaga do ex-ministro Joaquim Barbosa que não foi preenchida.
De
acordo com um levantamento feito pela AMB, a aprovação da PEC 457 causaria um
prolongamento do tempo médio de permanência dos ministros nos tribunais
superiores. No Supremo passaria de 15 anos para 20 anos, no STJ de 17 para 22 e
no Tribunal Superior do Trabalho (TST) de 18 anos para 23.
“Nós
defendemos a capacidade de alternância, o que saudável não apenas na
magistratura, mas em toda a democracia”, pontuou o presidente da Associação.
No
Superior Tribunal de Justiça, o primeiro beneficiado seria o ministro Napoleão
Nunes Maia Filho que, pela regra atual, se aposenta em dezembro ao completar 70
anos. Exceto em casos de antecipação de aposentadorias, a presidente Dilma
Rousseff não faria mais indicações. A próxima ocorreria apenas em 2020.
O
PMDB ainda não tem acordo fechado sobre a matéria, mas o posicionamento do
líder, deputado Leonardo Picciani (PMDB/RJ) é pela aprovação.
“Acho
que devemos testar essa nova fórmula, hoje uma pessoa com 75 anos está em plena
capacidade produtiva, em plena capacidade de contribuir. Creio que um bom
caminho seria aprovar a possibilidade a aposentadoria compulsória somente a
partir dos 75 anos inicialmente nos tribunais superiores e uma vez testada ela
pode estendida aos demais tribunais”, disse.
O
líder do PT, deputado Sibá Machado criticou a iniciativa de pautar a proposta.
“O que está em jogo, na realidade, é uma grande disputa política. Os tucanos
concorreram à presidência em 2014 sabendo que o vencedor da eleição poderia
indicar os próximos quatro integrantes do STF. Como a presidenta Dilma ganhou,
eles agora querem aprovar esse projeto”.
Para
o vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
(Anamatra), Germano Siqueira, o foco do debate sobre a PEC 457/05 se perdeu nos
últimos dias, assumindo um novo eixo.
“Essa
nova perspectiva tira a qualidade da discussão e joga o debate na luta
conjuntural de poder, sem reflexão mais apurada sobre o futuro do Judiciário e
do serviço público, que é o que realmente importa. A estagnação da carreira e
da jurisprudência viriam com a aprovação da PEC, por exemplo”.
A
Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), também contrária à aprovação,
afirma que a PEC limita a oxigenação nos tribunais e leva a uma estagnação da
jurisprudência.
Além
disso, o aumento da idade da aposentadoria compulsória não seria uma medida
eficaz para a redução dos gastos com a previdência social que é uma das linhas
de defesa. “A magistratura é uma carreira que já está engessada e que pode ficar
ainda mais com a aprovação deste texto e seu efeito pode ser reverso e gerar um
aumento das aposentadorias por tempo de contribuição”, critica Candice Lavocat,
vice-presidente da Ajufe.
Com
informações Agência Brasil
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