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19 de outubro de 2014

O segundo turno mais imprevisível desde 1989

O mercado de apostas eleitorais nunca apresentou tão alto risco na história da democracia brasileira como no cenário de 2014. Este é segundo turno mais imprevisível desde 1989, e, a uma semana da votação final, não se tem qualquer indicativo preciso sobre quem será o vencedor. Com o empate técnico exposto pelos institutos de pesquisa, Aécio Neves (PSDB) tem tantas chances de vencer quanto tem a presidente da República, Dilma Rousseff (PT). 

“Há 30 anos acompanho eleições, mas não vale de nada essa experiência para este pleito. É muito diferente, singular, único na história do Brasil”, ressalta o diretor-geral do Instituto Datafolha, sociólogo Mauro Paulino, que brinca ao dizer que já “previa a imprevisibilidade” do pleito.

Conforme ele explica, os fatores que, inicialmente, formavam o panorama de dúvidas sobre 2014 – como os possíveis ecos das manifestações de junho de 2013 e a incógnita sobre a organização da Copa do Mundo no Brasil – foram sucedidos por acontecimentos que provocaram alternâncias no humor e nas intenções de voto do brasileiro.

Dentre eles, a morte trágica de Eduardo Campos (PSB) dias antes do inicio da campanha na TV e a troca da titularidade da chapa para Marina Silva (PSB). Mauro Paulino acrescenta outro fator que embaralha as peças de 2014: de acordo com pesquisas do Datafolha, o número de eleitores que dizem não ter qualquer preferência partidária é de 67%, percentual recorde na história das sondagens do instituto.

“É uma parcela importante do eleitorado, que não está convicta do voto, e é capaz de mudar uma eleição acirrada. Vale lembrar que, no primeiro turno, pra presidente, 15% decidiram o voto do sábado para o domingo, na última hora. É um fator a mais de imprevisibilidade”, avalia Paulino.

O Brasil viveu quatro situações de segundo turno presidencial. O único imprevisível foi em 1989, quando o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu de 39% e chegou a 45% das intenções de voto, levando a disputa para o empate técnico com Collor de Melo (à época, no PRN), que tinha 46%. Os dois passaram três rodadas de pesquisas do Datafolha empatados tecnicamente, até o desfecho da votação, quando Collor levou a melhor.

Em 2014, avalia Paulino, o acirramento será decidido nos detalhes. “A forma como os candidatos vão se comunicar através dos debates e da campanha na TV, e como vai repercutir essa crescente agressividade nos diversos segmentos do eleitorado, que decodifica isso de diferentes maneiras”, afirma.

Paulino pondera que, nesta disputa, a conquista dos chamados “filhos da inclusão social” – que foram inseridos no mercado de trabalho e tiveram mais acesso à educação do que seus pais –, que foram às ruas em junho de 2013, e que constituem a classe média “média” da população, será crucial no resultado. “Quem melhor convencer esse segmento, que é 36% do eleitorado, ganha a eleição”, prevê o homem que previu a imprevisibilidade. Daqui a uma semana, as urnas dirão.

Com informações O Povo Online

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