O
mercado de apostas eleitorais nunca apresentou tão alto risco na história da
democracia brasileira como no cenário de 2014. Este é segundo turno mais
imprevisível desde 1989, e, a uma semana da votação final, não se tem qualquer
indicativo preciso sobre quem será o vencedor. Com o empate técnico exposto
pelos institutos de pesquisa, Aécio Neves (PSDB) tem tantas chances de vencer
quanto tem a presidente da República, Dilma Rousseff (PT).
“Há
30 anos acompanho eleições, mas não vale de nada essa experiência para este
pleito. É muito diferente, singular, único na história do Brasil”, ressalta o
diretor-geral do Instituto Datafolha, sociólogo Mauro Paulino, que brinca ao
dizer que já “previa a imprevisibilidade” do pleito.
Conforme
ele explica, os fatores que, inicialmente, formavam o panorama de dúvidas sobre
2014 – como os possíveis ecos das manifestações de junho de 2013 e a incógnita
sobre a organização da Copa do Mundo no Brasil – foram sucedidos por
acontecimentos que provocaram alternâncias no humor e nas intenções de voto do
brasileiro.
Dentre
eles, a morte trágica de Eduardo Campos (PSB) dias antes do inicio da campanha
na TV e a troca da titularidade da chapa para Marina Silva (PSB). Mauro Paulino
acrescenta outro fator que embaralha as peças de 2014: de acordo com pesquisas
do Datafolha, o número de eleitores que dizem não ter qualquer preferência
partidária é de 67%, percentual recorde na história das sondagens do instituto.
“É
uma parcela importante do eleitorado, que não está convicta do voto, e é capaz
de mudar uma eleição acirrada. Vale lembrar que, no primeiro turno, pra
presidente, 15% decidiram o voto do sábado para o domingo, na última hora. É um
fator a mais de imprevisibilidade”, avalia Paulino.
O Brasil viveu
quatro situações de segundo turno presidencial. O único imprevisível foi em
1989, quando o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu de 39% e
chegou a 45% das intenções de voto, levando a disputa para o empate técnico com
Collor de Melo (à época, no PRN), que tinha 46%. Os dois passaram três rodadas
de pesquisas do Datafolha empatados tecnicamente, até o desfecho da votação,
quando Collor levou a melhor.
Em
2014, avalia Paulino, o acirramento será decidido nos detalhes. “A forma como
os candidatos vão se comunicar através dos debates e da campanha na TV, e como
vai repercutir essa crescente agressividade nos diversos segmentos do
eleitorado, que decodifica isso de diferentes maneiras”, afirma.
Paulino
pondera que, nesta disputa, a conquista dos chamados “filhos da inclusão
social” – que foram inseridos no mercado de trabalho e tiveram mais acesso à
educação do que seus pais –, que foram às ruas em junho de 2013, e que
constituem a classe média “média” da população, será crucial no resultado.
“Quem melhor convencer esse segmento, que é 36% do eleitorado, ganha a
eleição”, prevê o homem que previu a imprevisibilidade. Daqui a uma semana, as
urnas dirão.
Com
informações O Povo Online
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