Camilo comemora vitória no Comitê Central em Fortaleza (Fabio Lima) |
O
terceiro mandato do grupo que comanda o Ceará há oito anos foi conquistado de
forma diferente das eleições anteriores, nas quais Cid Gomes (Pros) foi
vitorioso. O contexto político, a situação do Estado e o perfil do governador
eleito Camilo Santana (PT) apontam para uma gestão que, se representa a
continuidade do modelo, indica mudanças em áreas sensíveis. E necessidade de um
jeito diferente de fazer política, diante da nova correlação de forças.
Enquanto
Cid, principal apoiador do governador eleito ontem, venceu duas vezes com mais
de 60% dos votos e sempre no primeiro turno, Camilo enfrentou disputa bem mais
parelha.
O
primeiro governador eleito no Ceará pelo PT precisou passar por um segundo
turno - só realizado antes uma vez na esfera estadual, em 2002. Camilo recebeu
53,35% dos votos, contra 46,65% do senador Eunício Oliveira (PMDB). A diferença
foi de 303,7 mil votos.
O
opositor teve 2,1 milhões de votos e venceu em Fortaleza com 176 mil a mais que
Camilo. Além da divisão no eleitorado, o futuro governador encontra rachada a
base de apoio que garantiu a tranquilidade para Cid governar. Pilares da
sustentação política dos Ferreira Gomes, o PMDB está na oposição e parcela
importante do próprio PT não apoia Camilo.
A
maioria eleita na Assembleia no primeiro turno sinaliza para relativa paz no
Legislativo. A oposição, todavia, a princípio se fortalece e deve causar mais
incômodo que nos últimos oito anos.
Antes
da apuração que daria a vitória ao seu candidato, Cid Gomes alertava, após
votar em Sobral, para a necessidade de construir pontes. “A grande
tarefa do Camilo agora é procurar unir o povo cearense. O governador não é só
de uma banda, de um conjunto, de uma coligação”.
Com
o resultado confirmada, o futuro governador reforçou a necessidade de diálogo,
sem fechar as portas para o entendimento com Eunício e o PMDB.
“Campanha
passou, vamos procurar dialogar. Vamos aguardar, vamos aguardar”.
Camilo
se referiu a Cid como “maior governador da história”. “Mas vamos fazer um
governo novo”, sinalizou.
Mantra
repetido ao longo da campanha, ele reforçou que irá “garantir tudo de bom que
conquistamos, corrigir o que não está bom, e apresentar novos projetos”.
Questionado
sobre o que não estaria funcionando, preferiu apontar os maiores “desafios”:
“Segurança e saúde, dois segmentos que vêm preocupando o cearense”, conforme
disse na tarde de ontem, ao chegar a Fortaleza e antes da apuração.
O
próximo governador destacou as ações que têm sido feitas, mas reconheceu a
necessidade de melhorar o atendimento e ampliar a rede pública na saúde, por
meio de parcerias com os municípios.
Na
segurança, mencionou a ampliação do Raio como polícia ostensiva. E defendeu,
sobretudo, a ampliação do programa “Em Defesa da Vida”, adotado pelo atual
governo, inspirado na experiência pernambucana.
Como
terceiro desafio crucial, mencionou a cultura e reafirmou o compromisso de
ampliar o investimento no setor para 1,5% do orçamento, “quase cinco vezes mais
que o que se investe”.
Como
novidades de seu governo, Camilo apontou a promessa de Bilhete Único nos ônibus
intermunicipais, inspirado na gestão Roberto Cláudio (Pros) em Fortaleza. E,
ainda, a gradual transformação das escolas de ensino médio em escolas
profissionalizantes.
As
áreas em que deve haver maior continuidade são na gestão financeira e na
educação. Entre seus quadros mais influentes provavelmente estarão o candidato
derrotado ao Senado Mauro Filho (Pros) e a vice-governadora eleita Izolda Cela
(Pros).
Com
informações O Povo Online
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