O
discurso oficial é uma beleza só: “Queremos fazer uma campanha leve,
propositiva, sem ataques”, garantem candidatos de todos os lados a cada dois
anos.
Na prática, no entanto, o tom pacífico raramente se sustenta. Acusações,
boatos, insinuações e dossiês são ferramentas de estratégias agressivas que
costumam ser sacadas de forma deliberada em cada eleição. Sai na frente quem
souber usá-las sem deixar que o tiro saia pela culatra.
O
consultor em marketing político-eleitoral Carlos Manhanelli, autor de vários
livros sobre o tema, explica que não se envereda para a seara do ataque à toa.
“Pesquisas estão sendo feitas. O efeito do ataque tem de ser bem testado, pois
é uma faca de dois gumes. Se você não medir antes, se não fizer as qualitativas
pra ver a reação do público, o resultado será uma incógnita. Não se solta um
assunto do nada”, diz Manhanelli.
Ele
lembra exemplos contrastantes do passado, como a eleição presidencial de 1989,
em que Fernando Collor (hoje no PTB) desbancou seu então adversário, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), ao levar à tona a história de que o petista teria
dado dinheiro à ex-mulher para que ela fizesse um aborto. Mais recentemente,
nas eleições de 2008 para a prefeitura de São Paulo, a tática agressiva não
vingou. A ex-candidata Marta Suplicy levantou insinuações sobre a orientação
sexual de Gilberto Kassab (PSD), que saiu por cima e venceu o pleito.
O
publicitário cearense e especialista em marketing político Ricardo Alcântara
pondera que, em geral, o uso da agressividade aumenta a rejeição do candidato
que adota a prática. “Não existem regras sem exceções, depende muito da
conjuntura, mas este fenômeno se repete com frequência: a rejeição aumenta para
quem bate. Acontece que, às vezes, quando se precisa desgastar o adversário,
vale a pena pagar o preço”, observa.
A
alternativa para “reduzir danos”, segundo ele, é poupar os candidatos do jogo
ofensivo e deixar que a retaguarda cumpra esse papel. O plano tem sido usado
neste início de campanha no Ceará, no qual Ciro Gomes (Pros) e Gaudêncio Lucena
(PMDB) têm protagonizado agressões nas redes sociais em favor de seus favoritos
ao Governo, Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB), respectivamente.
“Isso
atende a uma estratégia, tudo isso tem pesquisa por trás. O candidato do PMDB é
mais conhecido. Então Ciro tenta dar um conteúdo negativo a esse nome, para
reduzir essa margem de pessoas que tem a tendência a votar em Eunício porque o
conhece. Nesse caso, acho que o PMDB reagiu mal. O Ciro acusou o Eunício. E o
Gaudêncio apontou na direção do Ciro, que nem candidato é”, avalia Ricardo, que
trabalhou como marqueteiro do ex-governador Lúcio Alcântara e está fora da
campanha deste ano. O bate-boca ocorreu no Facebook, na última quarta-feira (30/07).
Com
informações O Povo Online
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