Há duas modalidades no Ciclismo de Montanha, o
MTB, sigla do inglês Mountain Bike, cujas siglas (XCO e XCM) ainda fazem
confusão na cabeça de muita gente.
Em artigo publicado no portal Bike Bros, o
amante do ciclismo Hudson Malta explica as diferenças entre as duas modalidades
e dar dicas de como curtir ao máximo a modalidade da sua escolha.
Hudson cita que desde sua “invenção”, há pelo
menos 30 anos, o MTB já passou por inúmeras evoluções, tanto nos aspectos
práticos quanto técnicos, uma vez que antes havia apenas o Cross Country (XC)
que consistia na mais pura e simples expressão do uso de uma bicicleta de MTB: “pedalar
por aí, cruzando rios, montanhas e trilhas, transpassando por obstáculos
impostos pela Natureza”.
Registra que após as Olimpíadas de Atlanta, em
96, quando o MTB se tornou definitivamente parte dos Jogos, apareceu o termo
“XCO”, ou Cross Country Olímpico, batizando oficialmente as competições em
circuitos fechados, com extensão a partir de 4km. Pouco tempo depois, começaram
a surgir, em escala internacional, vários eventos onde não havia mais circuito
fechado, e sim, uma longa distância a ser percorrida entre dois pontos,
normalmente acima de 60km. Esta modalidade ganhou o nome “XCM”, ou Cross
Country Maratona.
A partir do primeiro campeonato mundial de XCM,
na Suíça, em 2003, a modalidade estava oficialmente sancionada pela UCI –, e
passou a ser reconhecida como disciplina independente no MTB.
Hoje, as distâncias médias para provas de XCO
ficam entre 20 e 30km, a serem percorridos em circuitos de pelo menos 4km. As
Maratonas possuem de 70 a 120km. Muitas provas possuem distâncias menores, mas
há rígidas especificações impostas pela UCI para provas oficiais.
Hudson lembra que ambas as modalidades exigem
técnicas e abordagens diferentes do piloto. No XCO, o simples fato de saber que
irá passar pelos mesmos pontos várias vezes faz com que o ciclista precise
analisar cada circunstância volta a volta, estabelecendo os melhores (e piores)
pontos para ultrapassagens e a melhor maneira de encarar subidas e descidas. Há
também o congestionamento da pista, provocado por ciclistas mais lentos, que
acabam atuando como dificuldade adicional. O cansaço físico e mental aparece
por conta das repetidas passagens por trechos difíceis, exigindo do ciclista
uma grande determinação para completar as voltas do circuito.
No XCM, a dificuldade está na distância a ser
percorrida. Não há mais o típico stress do XCO, provocado por repetidas
exposições às mesmas situações de dificuldade. Em contrapartida, o
desconhecimento do terreno e as longas distâncias atuam como fatores que
comprometem o rendimento do ciclista. É necessária uma boa resistência física,
aliada ao grande controle mental para percorrer várias dezenas de quilômetros
em ritmo forte, às vezes absolutamente sozinho. Além disso, o ciclista precisa
ser autossuficiente, pois em muitas ocasiões estará bem distante de socorro.
Isso exige um bom conhecimento de mecânica, além de provisões de água ou
isotônicos e alimentos como barras energéticas. Em trajetos realmente longos
(acima de 100km), pode ser recomendável o conhecimento de leitura de mapas ou
GPS.
O XCO exige apenas os itens básicos do MTB: Uma
bike leve e confiável e os equipamentos de segurança normais (luvas, óculos e
capacete). Em competições de XCO sempre há uma “área de apoio” definida pela organização,
onde o competidor pode receber auxílios de nutrição (água e alimentos) ou
mecânicos. Assim, ele não precisa levar nada consigo no decorrer da prova.
Já o XCM exige que o atleta leve seu próprio
suporte técnico, pois muitas vezes estará isolado e distante de qualquer
possibilidade de auxílio. Assim, se faz necessário o transporte de bolsas de
hidratação, além de provisões rápidas, ferramentas e câmaras de ar de reserva.
As bicicletas para XCO são muito leves e
normalmente possuem apenas suspensão dianteira. O quadro, rodas e demais peças
são leves, porém resistentes e confiáveis dentro de certos parâmetros. Os pneus
e suas pressões de ar variam de acordo com o terreno do circuito, embora muitas
vezes haja uma mistura de situações bem diferentes, exigindo o uso de pneus
polivalentes.
As duas modalidades para XCM devem ser mais
robustas, embora também bastante leves. O uso de suspensão traseira pode trazer
resultados ao diminuir os impactos do terreno sobre o corpo do ciclista, e isso
em uma grande distância pode fazer a diferença.
Em subidas longas, a suspensão
traseira também pode auxiliar ao aumentar a tração, desde que devidamente
regulada para o peso do piloto e o tipo de terreno. As peças devem ser mais
fortes, para evitar riscos de quebra no trajeto.
Os pneus devem permitir uma
rodagem mais solta, e como a maioria das provas de XCM é feita em estradões
(pelo menos no Brasil), o uso de pneus com cravos mais baixos é recomendável,
assim como pressões de ar maiores. Com baixa pressão, os pneus tendem a agarrar
mais ao solo, fazendo com que o atleta se desgaste mais, principalmente em solo
pesado (úmido).
Muitas vezes, longos trajetos de XCM passam por
dentro de propriedades privadas, ou atravessam lugarejos e rodovias. Hudson recomenda
seguir algumas recomendações, para evitar problemas ou que moradores locais não
vejam o ciclista com antipatia, vejamos:
- Sempre peça permissão antes de entrar em
propriedades privadas.
- Sempre mantenha as porteiras fechadas.
- Não beba água de rios e riachos, pois pode
haver contaminação não visível, principalmente em áreas agrícolas. Se precisar
de água em ambientes remotos, procure nascentes menos expostas.
- Cumprimente os moradores locais. Um simples
“Olá” pode fazer milagres.
- Evite fazer longo percurso sozinho. Se estiver
em uma competição, você está, de certa forma, protegido pela estrutura de apoio
da organização, mas em pedais normais, você está completamente indefeso.
- Evite exigir demais da sua condição física.
- Cuidado ao atravessar ou percorrer rodovias em
trajetos longos. Seu corpo estará cansado, e suas percepções sensoriais não
estarão funcionando na totalidade. Fique atento ao trânsito de veículos, e
mantenha-se sempre na mão do fluxo.
- Mantenha a manutenção da sua bicicleta sempre
impecável. Não espere uma peça apresentar sinais acentuados de desgaste,
principalmente pneus, corrente, coroas, cassete, rolamentos e cabos de freios
ou marchas.
- Não perturbe o ambiente: Seja cortês com os
habitantes locais, não destrua recursos de irrigação (mangueiras, cursos
d´água, etc) e não perturbe a vida animal ou vegetal.
- Procure fazer com que os ciclistas sejam
sempre bem vistos e queridos pela população local. Só assim é possível manter
as vias de acesso sempre abertas a nós.
Com informações BikeBros.com.br
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