Charge do Clayton que ilustra as páginas do Jornal O Povo na edição de hoje |
O
dia 25 de março marca um momento monumental na história do Ceará: a abolição da
escravatura no Estado. Esta é definitivamente uma data importante na historia
dos direitos humanos no Brasil, porque o Ceará foi o primeiro estado a acabar
com a escravatura no país, em 1884. Logo após este momento, outros estados como
a Amazônia e o Rio Grande do Sul também aboliram os escravos e, finalmente, a
escravatura foi extinta em todo o país, em 1888.
O
reconhecimento da data de abolição da escravatura é importante, porém, devemos
ser claros sobre seus reflexos. Em outras palavras, o fim da escravatura racial
não trouxe nenhuma transformação real na sociedade. A elite abolicionista do
Ceará, que veio principalmente da classe de comerciantes, acabou com a
escravatura, principalmente por a verem como um empecilho ao projeto de
modernidade. Países industrializados, tais como a Inglaterra e os Estados
Unidos, já haviam acabado com a escravatura e o Brasil foi o último país do
hemisfério sul a acabar com este sistema socioeconômico vergonhoso.
Entretanto,
a elite que suportou a abolição no Ceará, nada fez após a escravatura para
incluir os antigos escravos e outros afrodescendentes livres na sociedade. A
vasta maioridade não podia votar, pois não possuía propriedades, o que era um
requerimento para se ter o direito ao voto durante o período da Monarquia.
A
nova constituição, durante a velha republica, manteve esta ordem, pois a
maioria da população não sabia ler, nem tinha acesso a educação. A vasta
maioria dos escravos libertos continuaram na mesma classe social de antes,
trabalhando como domésticos e em pequenos trabalhos mal remunerados.
Na
realidade, as mudanças significativas para os afrodescendentes no Brasil
ocorreram somente nos últimos 20 anos, nos governos de Cardoso e Lula. Pela
primeira vez foram incluídos no sistema de educação superior, os níveis de
extrema pobreza foram aliviados e puderam alcançar a classe média em níveis
recordes.
Não
obstante, muitos desafios permanecem para os afrodescendentes do Ceará, que
continuam de forma desproporcional nos níveis socioeconômicos mais baixos.
Todos
os cidadãos brasileiros merecem o acesso a educação de qualidade, moradia,
transporte publico de qualidade, salários e empregos dignos. Quando estas
coisas forem atingidas para as massas, então teremos alcançado a conquista da
abolição de forma significativa.
Com
informações O Povo Online
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