Apesar
de as cúpulas dos órgãos de gerenciamento dos recursos hídricos serem
reticentes quanto à admissão da possibilidade de cidades do Ceará entrarem em
colapso por falta d’água, o governador Cid Gomes (Pros) confirmou ontem que a
situação é, sim, preocupante. Ele
fez a análise minutos antes de inaugurar o Centro de Profissionalização
Inclusiva para Pessoas com Deficiência (Cepid), na comunidade das Goiabeiras,
na Barra do Ceará.
“O Estado tem capacidade de armazenar 18 bilhões de metros
cúbicos de água. Dessa capacidade, temos hoje seis bilhões. Se
a gente tivesse esse um terço de capacidade bem distribuído, não teria
problema. Vararíamos mais uma seca. Mas, infelizmente, essa água não é
igualmente distribuída. Metade dela está num único açude. Dos seis bilhões,
perto dos três bilhões estão no Castanhão. Regiões como o Cariri Ocidental,
Sertões dos Inhamuns, Sertões de Crateús e Sertões de Canindé são críticas.”
Cid
qualificou como delicadíssimas as situações de Tauá, Crateús e Canindé. Segundo
ele, caso não chova nessas localidades, há água suficiente para apenas os
próximos 60 dias. Para os três municípios, o Governo promete ações emergenciais.
“O período de chuva dessas regiões é dezembro, janeiro e fevereiro. O que,
infelizmente, já está comprometido. A gente tem que se preparar é pro pior”,
admitiu.
O
governador também apontou como frágeis os recursos hídricos de Fortim,
Pindoretama, Mucambo, Pacujá e Irauçuba. Beberibe, onde os problemas eram
graves há até pouco tempo, ele disse ser caso solucionado. “Hoje, nenhuma sede
municipal está sem abastecimento. Mas há previsão de que, se não chover,
cidades podem colapsar. Tudo o que for necessário para assegurar água, nós
faremos.”
Mesmo
com a confissão de situação crítica, Cid assegurou ser do Ceará o melhor
controle da situação no Brasil. “Nenhum estado tem tanto controle dessa questão
como nós. Nós sabemos a quantidade exata de água em cada lugar, a quantidade de
água que está sendo transportada, a quantidade exata de água que temos para
suportar até maio, junho, julho, agosto ou até o ano que vem, se não chover
nada esse ano. E, obviamente, temos sempre um plano de contingência.”
E
alfinetou os opositores. “Nessas horas, é muito fácil os críticos dizerem o
seguinte: ‘é porque não planejou’. As coisas não são tão fáceis assim. O Ceará
tem, em matéria de planejamento de recursos hídricos, eu diria que, com
tranquilidade e sem falsa modéstia, o melhor planejamento e a melhor execução
de ações voltadas para o suprimento de água de todos os estados brasileiros. E
se destaca no mundo.”
O
governador revelou que a visita feita a Israel há cerca de seis meses lhe
provou uma tese pessoal. Aquele país é mundialmente famoso por suas avançadas
tecnologias de convivência com a seca e uso da água. “Eu lhe digo, com
sinceridade, que o Ceará muito brevemente passará, em matéria de
infraestrutura, mesmo a Israel.”
Ele
destacou ainda a importância que terão os projetos Eixão das Águas e Cinturão
das Águas para a garantia hídrica do Ceará nos próximos 30 anos. Conforme Cid,
o Eixão tem 80% de suas obras executadas, enquanto o Cinturão está na sua
primeira etapa, com canteiros entre Jati e Nova Olinda.
“O
Eixão foi planejado 20 anos atrás e é o que está garantindo, por exemplo,
tranquilidade à Região Metropolitana de Fortaleza. O Cinturão vai deixar o
Ceará estruturado em matéria de quantidade de água. Não vamos ficar dependendo
de chuva. Chuva é boa e bem-vinda. Mas a gente tem que se livrar ou diminuir ao
máximo a nossa dependência dela.”
Com
informações O Povo Online
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