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5 de janeiro de 2014

Porque o Brasil não consegue se livrar da corrupção

Os anos passam, algumas caras políticas mudam, governos tomam medidas nominalmente relativas à transparência, um e outro saqueador dos cofres públicos vai preso, e o problema parece não diminuir no mais mínimo que seja: o Brasil continua um dos países mais corruptos. É assim que o vemos e é uma das primeiras coisas que os outros pensam de nós.

Segundo o último levantamento da Transparência Internacional, somos o 72º colocado na lista dos 177 países analisados acerca da percepção da corrupção pelas populações nacionais. 

Numa escala que vai de zero (extremamente corrupto) a cem (muito transparente), saímos com nota 42. Estamos atrás de todos os países desenvolvidos, naturalmente, e também do Uruguai e do Chile, vistos como os menos corruptos da América Latina.

O Jornal O POVO examina na edição de hoje as razões pelas quais a roubalheira não diminui: a lentidão da Justiça, o tamanho da burocracia estatal e, claro, o voto dos eleitores em políticos denunciados e punidos por crimes contra a administração pública.

“Ainda que tenhamos avançado na questão da transparência e do controle social, desde que o índice de percepção de corrupção começou a ser divulgado, em 1995, a situação do Brasil é praticamente a mesma”, afirma Gil Castello Branco, fundador e secretário geral da associação Contas Abertas, que acompanha o uso do dinheiro públicos pelos governos brasileiros.

Nesse aspecto, Gil cita como exemplos de melhoria a Lei de Acesso à Informação, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2001, e os portais da transparência. Mas o especialista faz ressalvas. “A Lei de Acesso à Informação não foi regulamentada por grande parte dos estados e municípios. E a lei que obriga os governos a colocar as contas na Internet ainda não é cumprida pela enorme maioria dos municípios”.

Aos desanimados com a impunidade de agentes públicos - e privados associados - que roubam o dinheiro do povo, Gil resume a fé na vigilância e na cobrança: “A sociedade precisa entender que não há outro caminho. O Estado somos nós. Os políticos são nossos empregados”.

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