A
ministra Ideli Salvatti confirmou que o Marco Civil será o primeiro assunto do
Executivo em 2014 - foto Antonio Cruz
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Os deputados federais não conseguiram consenso sobre pontos polêmicos do
Marco Civil da Internet, que define direitos e deveres de usuários da rede e
provedores de conexão. A alternativa foi negociar a retirada da urgência
constitucional da proposta. O pedido foi negado pelo governo, que mandou o
recado: a decisão sobre a matéria foi empurrada para 2014, mas terá que ser
concluída nas primeiras semanas de trabalho do próximo ano, se os parlamentares
quiserem avançar com outras propostas.
O
fracasso de entendimento ocorre em ano no qual a espionagem internacional conduzida
pelos Estados Unidos na internet e em outros serviços eletrônicos de
comunicação entrou na pauta mundial. Até mesmo a Organização das Nações Unidas
(ONU) se mobilizou e aprovou em dezembro o projeto de resolução O Direito à
Privacidade na Era Digital, apresentado por Brasil e Alemanha como reação às
denúncias feitas pelo norte-americano Edward Snowden.
A
ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, confirmou
que o Marco Civil da Internet será o primeiro assunto do Executivo a ser discutido
com o Congresso em 2014. O projeto de lei está trancando a pauta da Câmara
desde o final de outubro, quando o prazo da urgência constitucional expirou,
sobrestando a pauta e impedindo a votação de outras matérias. O regime de
urgência constitucional, uma prerrogativa da Presidência da República para
projetos de sua autoria, define limite de 45 dias para votação do projeto em
cada Casa do Congresso.
A
situação foi se agravando à medida em que outros textos também chegaram ao
prazo final do regime de urgência. “A pauta da Câmara ficou trancada por quatro
meses, no segundo semestre, com projetos carimbados com urgência constitucional
vindos do Executivo”, lembrou o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), durante um balanço de final de ano.
Alves
explicou que o carimbo de urgência constitucional solicitado pelo Planalto
impediu que qualquer outro projeto avançasse. “Só pode ser votado depois
daquele ter sido aprovado ou votado pelo plenário”, acrescentou.
No
caso do Marco Civil, ante questionamentos e dúvidas, o relator da proposta,
Alessandro Molon (PT-RJ), alterou alguns pontos do texto para tentar facilitar
sua aprovação. O próprio relator admitiu que as mudanças acabaram recaindo mais
sobre a redação de alguns artigos e parágrafos do que sobre formas e regras.
Molon
garantiu que as mudanças feitas a partir de sugestões de diversas bancadas “não
afetam ou prejudicam em nada nenhum dos princípios do projeto”. Ou seja, não
retiram do texto os pontos mais polêmicos, como a neutralidade da rede e os
princípios de privacidade. Ainda assim, o relator acredita que o texto está
pronto para ser votado. Segundo ele, o que foi mudado esclarece dúvidas em
torno deste tema e deixa claro que o marco não trará prejuízo para as empresas
de internet.
O
princípio da neutralidade é o ponto de maior divergência em torno do tema, já
que empresários do setor criticam a possibilidade do item prejudicar os
negócios e inviabilizar a venda de pacotes por diferentes velocidades. Para o
relator, os empresários não entenderam a proposta. “O que não pode é
discriminar, por origem, destino ou conteúdo, as informações que quero acessar
dentro da velocidade que eu comprei”, explicou.
Segundo
Molon, com o novo texto, fica claro que não haverá impedimentos em relação à
diferenciação de velocidades, “desde que não conflitem com os demais princípios
estabelecidos nesta lei”. Segundo ele, a maioria dos deputados está de acordo
com a proposta e a matéria só não avançará “se não houver vontade”.
Com
informações Agência Brasil
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