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29 de novembro de 2013

Professor questiona solenidade de conclusão do ensino médio na Igreja Católica

Solenidade dos concludentes do terceiro ano da EEEM Santa Tereza em 2012 na Igreja Católica - foto João Alves
No momento em que os alunos do terceiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Tereza se mobilizam para organizar uma festa de comemoração ao término do curso, o professor de História José Nicolau lança um artigo no seu Blog Informações em Foco, um dos mais visualizados da cidade que chama a atenção para este tipo de solenidade. Com o título “Quando as Crenças do alunado são colocadas de lado em favor da Cultura que se diz dominante” o professor por Jose Nicolau questiona o papel de educar para a cidadania religiosa.

Nicolau inicia o texto citando sua própria residência onde tem católicos praticantes, católicos não praticantes, protestante e ateu, mostrando a diversidade de crenças e não crenças e questiona a existência de um ser divino e o uso da educação para a consolidação do cristianismo.

“Ante a esse cenário fico a me perguntar de quem é o papel de educar para a cidadania religiosa?” indaga o professor.

Nicolau esclarece que não prega o desprezam as religiões, mas que se tenha um mínimo de bom senso e educar com zelo pela respeito às diferenças, mostrando que há um mundo para além da religiosidade. Ele lembra que é dever das instituições de ensino e cita os avanços colacionados pelas leis 10.639/2013 e 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados.

“Caminhamos a passos lentos e, na grande maioria das vezes, sequer saímos de onde paramos. Por exemplo, vamos abordar um tema que raramente entra em discussão. Muitos, inclusive fogem quando ele é cogitado. Não é novidade para ninguém, embora muitos diretores educacionais tapam os olhos para não ver que, nas instituições de ensino temos estudantes católicos, protestantes, testemunha de Jeová, os praticantes do candomblé, umbanda e até ateus (estes em menor número, inclusive do que os dos dois últimos listados)” cita o professor.

Nicolau lembra que dentro deste cenário as formaturas dos alunos do terceiro ano em Altaneira sempre se dá na igreja católica e que essa atitude fere a constituição e desrespeita o estado laico. Lembra também que muitos alunos que não comungam do catolicismo deixam de participar dessa cerimônia que, sem dúvida é um marco na vida estudantil. 

“Será que se tivéssemos diretores que praticassem o protestantismo e as outras religiões já citadas iriam submeter seus alunos a cerimônias dentro de templos que são símbolos desses grupos? E como ficariam os discentes e seus pais, católicos?” indaga novamente.

Nicolau conclui o texto dizendo que as direções das escolas acabam colocando suas crenças acima dos interesses coletivos e da constituição e que os alunos são respeitados e valorizados para fazer diversos exames, sejam eles internos ou externos, são convocados a participar, independentemente de suas crenças ou de não tê-las. 

“...no momento mais emblemático e talvez mais prazeroso e significante de sua vida estudantil - as suas crenças são colocadas de lado a serviço de uma tradição medíocre e de interesses e crenças individuais. As escolas, que é feita por alunos, pais, servidores, professores e coordenação, não pode ficar refém de uma cultura que se diz dominantes e colocar suas crenças como pano de fundo dos eventos” concluiu o Professor.

O texto do professor foi publicado originalmente no Blog Informações em Foco. Clique aqui para leitura na íntegra.

Cartaz da festa dos concludentes do ensino médio da Escola Santa Tereza, não menciona programação religiosa, confiram:

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