“Quando
o caminhão abastecido de livros entra na cidade, é como se um oásis se abrisse
em meio ao calor e à secura evidentes na paisagem. Ali, as pessoas têm sede de
conhecimento” com esta frase a jornalista Leilane Menezes do Jornal Correio
Brasiliense, um dos principais da Capital, inicia reportagem sobre a atuação do servidor público federal
aposentado Elmano Rodrigues Pinheiro na distribuição livros que ela chama de
presentes.
Elmano
há 17 anos recolhe doações de livros em Brasília e envia para diversas cidades
do Ceará a quem não tem acesso a essa riqueza. Todo ano, são pelo menos 50 mil
unidades. Para pagar os fretes, Para ele a única recompensa é ver gente simples
se deliciando com os livros. Ele começou fazendo doações a bibliotecas já
montadas e, recentemente, tomou a iniciativa de construir novos espaços.
Entrar
na casa de Elmano localizada no Park Way em Brasília é como estar em uma grande
biblioteca. Os exemplares acumulados ali, porém, não são de sua propriedade.
Serão doados em breve para a inauguração de espaços destinados à leitura. As dezenas
de toneladas de livros aguardam carretas para serem levadas até o Ceará. Os
livros vieram de doações, especialmente da Fundação Assis Chateaubriand,
vinculada aos Diários Associados.
Para
quem não conhece Elmano nasceu na vizinha Farias Brito e desde cedo ao lado de
sete irmãos e dos pais, descobriu o prazer da leitura. Seus pais eram
responsáveis pela única biblioteca (que era privada) da cidade. Em 1958, o pai
de Elmano, o candidato a prefeito Enoch Rodrigues, morreu assassinado em uma
disputa pelo comando político da região. A mãe, Carmosina, mesmo passando a
enfrentar dificuldades, não deixou de lado a educação dos filhos. Montou uma
pequena escola para dar aula a crianças de famílias carentes. “Esse valor que
eles davam à educação me marcou muito”, lembra Elmano.
Elmano
fixou em Brasília há mais de 30 anos e, desde então, trabalha na Editora da
Universidade de Brasília (UnB). Ali, o publicitário de formação teve contato
com uma grande quantidade de títulos, nem sempre bem aproveitados por lá. “Eu
via todos aqueles livros e lembrava que na minha cidade não tinha nem sequer
uma biblioteca. Daí nasceu a ideia de mandar as publicações para lá, para
incentivar o gosto pela leitura. Pensei nos meus. A gente roda o mundo todo,
mas o coração fica preso.”
Aos
poucos, no boca a boca, o servidor público ficou conhecido pelas arrecadações
de exemplares. Amigos, colegas e desconhecidos, sempre que precisavam se
desfazer de suas bibliotecas particulares, procuravam Elmano, certos de que os
livros teriam um bom destino. “Com as moradias cada vez menores e as pessoas
cada vez mais presas ao computador, muita gente quer se desfazer de bibliotecas
inteiras”, observa.
Na
Casa do Ceará, em Brasília, Elmano descobriu o termo “padarias espirituais”. O
nome surgiu em um movimento modernista, no fim do século 19. Naquela época, o
romancista e poeta cearense Antonio Sales e outros intelectuais investiram na
popularização da produção cultural voltada para a literatura. “Isso me
inspirou. Resolvi chamar as bibliotecas de padarias espirituais, porque é lá
que as pessoas encontram o alimento do espírito”, explica.
Por
este trabalho Elmano foi um dos homenageados pela passagem dos 50 Anos da Casa
Ceará em Brasília, evento prestigiado pela alta corte brasiliense.
Para
Joilson Kariri Rodrigues Elmano é um grande operário da Cultura. “O cara que
fez e provou que não é necessário cargo político para se fazer, se quiser
realmente fazer” Joilson cita que Elmano e Rosemberg “são os nossos grandes
ícones, nosso orgulho maior” comentou no Grupo Filhos e Amigos de Farias Brito
na rede social Facebook.
A
professora da UFBA Doutora Salete Maria disse também que ficou muito feliz com
a homenagem, pois trata-se de pessoa simples que tem feito um excelente
trabalho com seu projeto “Padarias Espirituais”.
Confira
fotos do Evento compartilhadas na rede social Facebook pelo homenageado:
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