Páginas

17 de outubro de 2013

Cearense que vivia em situação de rua em Goiana volta à terra natal

Há três meses, Cícero Eloia da Silva, de 42 anos, era apenas um homem sem nome, sem endereço e sem família, que perambulava pelas ruas de Goiana-GO e acabou atropelado. Ontem (16/10), ele iniciou uma longa viagem de retorno à Santana do Cariri onde é aguardado pelo pai e irmãos que deixou para trás há 21 anos – 15 deles, sem qualquer tipo de comunicação – quando foi tentar a vida em São Paulo.

“Durante os seis primeiros anos, ele mantinha contato com os familiares e até mandava parte do dinheiro que ganhava, como servente de pedreiro e, depois, como porteiro”, conta o Secretário de Assistência Social de Santana do Cariri, Pedro Salviano Ferreira, que se viajou a Goiana em veículo de sua propriedade acompanhado de um motorista, cerca de 2 mil quilômetros para buscar o conterrâneo.

Vivendo, aqui, em situação de rua, Cícero foi atropelado no dia 17 de julho e, com uma fratura no fêmur, acabou encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia - Hugo, onde ficou internado até ontem. Sem documentos e com transtornos mentais, que o impedem de falar, ele foi acolhido pelas equipes de Assistência Social e de Psicologia do hospital, que, paralelamente ao tratamento médico – incluindo uma cirurgia na perna –, não mediram esforços para encontrar meios de devolver a identidade ao paciente. “Ele articulava poucas palavras, desconexas, mas repetia sempre, entre elas, as palavras Cícero, Santana e Ceará. Foi a partir daí que começamos a nossa busca”, relata Elisa Crispim Paulino Baiocchi, coordenadora do Serviço Social do Hugo.

O trabalho interdisciplinar com o paciente possibilitou chegar à conclusão de que, além da fratura, ele apresentava problema psiquiátrico é precisava ser medicado adequadamente. “A hipótese é de esquizofrenia”, diz a residente em Psicologia, Fernanda Meira.

Na Enfermaria do Hugo, onde Cícero foi acomodado, outros dois pacientes que o ladeavam e com ele conviviam durante todo o tempo, auxiliaram as equipes a descobrir detalhes que pudessem ajudar na busca pelas origens do cearense. Por meio de pesquisas na internet, o Serviço Social do hospital chegou às cidades de Santana do Acaraú e Santana do Cariri e, enfim, fez contatos com as prefeituras sobre o paciente.

“Com a realização de exame de datiloscopia – processo de identificação humana pelas impressões digitais –, conseguimos chegar aos nomes dos genitores do paciente e a prefeitura de Santana do Cariri encontrou sua família”, diz Elisa Baiocchi.

Segundo Pedro Salviano, todos imaginavam que Cícero estivesse morto. Simples, a família vive da agricultura; o pai – José Eloia da Silva, analfabeto, de 71 anos, completados ontem, viúvo há nove anos – e três irmãos.
“Eles se sentiram inseguros para fazer a viagem. Por causa da falta de documentos, também não foi possível buscar Cicinho de avião. A solução foi vir de carro”, destaca Pedro, lembrando que os custos da viagem – cerca de R$ 2,5 mil – foram bancados, particularmente, pela prefeita Danieli de Abreu Machado e outros quatro vereadores – João Paulo Cabral, Robério Idelfino, Antônio do Sindicato e Juracildo Fernandes –, além dele próprio. “Estamos providenciando os documentos de Cícero e nos responsabilizaremos pelos cuidados médicos que ele necessita”

Com informações Jornal Popular

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.