Há
três meses, Cícero Eloia da Silva, de 42 anos, era apenas um homem sem nome,
sem endereço e sem família, que perambulava pelas ruas de Goiana-GO e acabou
atropelado. Ontem (16/10), ele iniciou uma longa viagem de retorno à Santana
do Cariri onde é aguardado pelo pai e irmãos que deixou para trás há 21 anos –
15 deles, sem qualquer tipo de comunicação – quando foi tentar a vida em São
Paulo.
“Durante
os seis primeiros anos, ele mantinha contato com os familiares e até mandava
parte do dinheiro que ganhava, como servente de pedreiro e, depois, como
porteiro”, conta o Secretário de Assistência Social de Santana do
Cariri, Pedro Salviano Ferreira, que se viajou a Goiana em veículo de sua
propriedade acompanhado de um motorista, cerca de 2 mil quilômetros para buscar
o conterrâneo.
Vivendo,
aqui, em situação de rua, Cícero foi atropelado no dia 17 de julho e, com uma
fratura no fêmur, acabou encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia - Hugo,
onde ficou internado até ontem. Sem documentos e com transtornos mentais,
que o impedem de falar, ele foi acolhido pelas equipes de Assistência Social e
de Psicologia do hospital, que, paralelamente ao tratamento médico – incluindo
uma cirurgia na perna –, não mediram esforços para encontrar meios de devolver
a identidade ao paciente. “Ele articulava poucas palavras, desconexas, mas
repetia sempre, entre elas, as palavras Cícero, Santana e Ceará. Foi a partir
daí que começamos a nossa busca”, relata Elisa Crispim Paulino Baiocchi,
coordenadora do Serviço Social do Hugo.
O
trabalho interdisciplinar com o paciente possibilitou chegar à conclusão de
que, além da fratura, ele apresentava problema psiquiátrico é precisava ser
medicado adequadamente. “A hipótese é de esquizofrenia”, diz a residente em
Psicologia, Fernanda Meira.
Na
Enfermaria do Hugo, onde Cícero foi acomodado, outros dois pacientes que o
ladeavam e com ele conviviam durante todo o tempo, auxiliaram as equipes a
descobrir detalhes que pudessem ajudar na busca pelas origens do cearense. Por
meio de pesquisas na internet, o Serviço Social do hospital chegou às cidades
de Santana do Acaraú e Santana do Cariri e, enfim, fez contatos com as
prefeituras sobre o paciente.
“Com
a realização de exame de datiloscopia – processo de identificação humana pelas
impressões digitais –, conseguimos chegar aos nomes dos genitores do paciente e
a prefeitura de Santana do Cariri encontrou sua família”, diz Elisa Baiocchi.
Segundo
Pedro Salviano, todos imaginavam que Cícero estivesse morto. Simples, a família
vive da agricultura; o pai – José Eloia da Silva, analfabeto, de 71 anos,
completados ontem, viúvo há nove anos – e três irmãos.
“Eles
se sentiram inseguros para fazer a viagem. Por causa da falta de documentos,
também não foi possível buscar Cicinho de avião. A solução foi vir de carro”,
destaca Pedro, lembrando que os custos da viagem – cerca de R$ 2,5 mil – foram
bancados, particularmente, pela prefeita Danieli de Abreu Machado e outros
quatro vereadores – João Paulo Cabral, Robério Idelfino, Antônio do
Sindicato e Juracildo Fernandes –, além dele próprio. “Estamos providenciando
os documentos de Cícero e nos responsabilizaremos pelos cuidados médicos que
ele necessita”
Com
informações Jornal Popular
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