Juiz Jacinto Reis é diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral - foto divulgação |
Uma
reforma política concreta e não apenas “cosmética”, só vai ocorrer quando a
sociedade for ouvida e tiver espaço para debater propostas, disse hoje (8) o
juiz Marlon Jacinto Reis, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral
(MCCE). Segundo ele, o atual sistema político “está morto” e as manifestações
populares demonstram que há uma crise de representatividade e de falta de
legitimidade das instituições.
“Na
nossa opinião não acontecerá a reforma política se não se considerar um fator
externo que esteja acima das desconfianças partidárias: a vontade da sociedade.
Isso pode e está sendo vocalizado”, disse Jacinto Reis durante audiência
pública do grupo de trabalho da Câmara que discute a reforma política.
Para
o MCCE, apesar da necessidade urgente de uma reforma política, dificilmente uma
proposta nascida no Congresso ou apresentada por partidos conseguirá ser
aprovada devido a divergências políticas em detrimento dos interesses da
sociedade.
“O
debate foi polarizado em termos de grupos ou partidos. Nenhuma proposta
consegue chegar a 40% [de maioria] e ninguém consegue debater sua proposta
porque, desde o início, há um carimbo partidário dizendo ‘isso não é um projeto
de reforma. É de um partido tal’”, argumentou.
Essa
disputa partidário provoca, segundo Jacinto Reis, alto nível de desconfiança
que inviabiliza o diálogo. “Isso acaba com a possibilidade de aprovar algo.
Estamos em um impasse: todo mundo sabe que a reforma é necessária para ontem,
que é uma pauta vencida, porque deveria ter sido feita há anos e hoje não está
sendo dada a oportunidade dos grupos dialogaram”, pontuou.
Para
Reis, os principais temas as serem analisados em uma reforma política são o
financiamento de campanha, com proibição de doações por empresas, e as regras
para as eleições proporcionais. “Temos a convicção que podemos [a sociedade
civil] colaborar com o processo de união dos diversos segmentos para fazer uma
mudança concreta e não cosmética.”
Além
do MCCE, que é integrado por 51 entidades, entre as quais a Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), participam da audiência pública
sobre reforma política representantes das centrais sindicais. Na próxima
quinta-feira (15) está marcada mais uma rodada de debates no grupo de trabalho.
O coordenador do grupo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), marcou para o dia
22 uma reunião para discutir o processo de votação das propostas dentro do
colegiado.
Com
informações Agência Brasil
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