O
primeiro grupo dos 206 médicos cubanos que vão trabalhar no Brasil desembarcou
ontem (24/08) à tarde no país. No Recife, ficaram 30 profissionais e 176 seguiram
para Brasília, onde chegaram à noite. Ao desembarcar, Oscar Gonzales Martinez,
graduado há 23 anos e especialista em atenção à família, disse que tinha grande
expectativa em trabalhar com a população brasileira.
Martinez
disse que veio ao Brasil por várias razões, entre elas, a oportunidade de
trabalhar para o povo brasileiro. Sobre a polêmica em torno do pagamento dos
salários, que serão feitos por meio do governo cubano e não diretamente aos
profissionais, Gonzales disse que isso é o que menos importa, pois tem o
emprego garantido em seu país e parte dos recursos irá para ajudar o seu povo.
“O
mais importante é colaborar com os médicos brasileiros e ajudar na qualidade de
vida do povo daqui. Também é importante a irmandade entre o povo cubano e o
povo brasileiro que existe há muito tempo”, disse.
A médica Jaiceo Pereira, de 32 anos, lembrou,
bem-humorada, que, apesar de ser a mais jovem do grupo, tem bastante
experiência profissional e no início de sua formação já trabalhava com saúde da
família. Ela pediu o apoio do povo brasileiro e respeito aos profissionais de
seu país. “Queremos ajudar e dar saúde a todos aqueles que não têm acesso aos
serviços médicos", disse. “Queremos dar amor e queremos receber amor.” Já
Alexander Del Toro destacou que veio para trabalhar junto e não competir.
Um
grupo de 25 simpatizantes do socialismo e de Cuba esteve no Aeroporto
Internacional de Brasília – Presidente Juscelino Kubitschek com cartazes.
Durante a longa espera, que durou mais de duas horas, os manifestantes gritavam
palavras de ordem como “Cubano amigo, Brasil está contigo” e “Brasil, Cuba,
América Central, a luta socialista é internacional”.
Em
meio às manifestações de apoio, Ana Célia Bonfim, que se identificou como médica
da Secretaria de Saúde do Distrito Federal chegou a gritar entre os
manifestantes que tudo não passava de uma “palhaçada”. “Profissional troca
alguma coisa por bolsa. Isso não é coisa de profissional. Pelas condições que
tem o médico cubano, claro que eles vão trocar isso pelas condições
brasileiras. Mas isso é exploração de mão de obra”, disse.
O
restante dos médicos cubanos desembarca hoje (25/08) em Fortaleza, às 13h20, no
Recife, às 16h, e em Salvador, às 18h, segundo o ministério. Ao todo, 644 médicos,
incluindo os 400 cubanos, com diploma estrangeiro chegam ao Brasil até este
domingo (25). Na sexta-feira (23),
começaram a chegar os médicos inscritos individualmente em oito capitais.
Os
profissionais cubanos fazem parte do acordo entre o ministério com a
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para trazer, até o final do ano, 4
mil médicos cubanos. Eles vão atuar nas cidades que não atraírem profissionais
inscritos individualmente no Programa Mais Médicos. O ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, rebateu as críticas das entidades médicas que questionam a
formação médica dos profissionais cubanos.
Na
segunda-feira (26), tantos os médicos inscritos individualmente (brasileiros e
estrangeiros), quanto os 400 cubanos contratados via acordo, começam a
participar do curso de preparação com aulas sobre saúde pública brasileira e
língua portuguesa. Após a aprovação nesta etapa, eles irão para os municípios.
Os médicos formados no país iniciam o atendimento à população no dia 2 de
setembro. Já os com diploma estrangeiro começam a trabalhar no dia 16 de
setembro.
O
curso vai ter carga de 120 horas com aulas expositivas, oficinas, simulações de
consultas e de casos complexos. Também serão feitas visitas técnicas aos
serviços de saúde com o objetivo de aproximar o médico do ambiente de trabalho.
Com
informações Agência Brasil
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