Chegou às grandes salas de cinema do país, ontem (09/08), o longa-metragem cearense Cine Holliúdy, de Halder Gomes (“As Mães de Chico Xavier”). Inspirado na trama do curta "Cine Holiúdy - O Astista Contra o Caba do Mal", premiado nos festivais especializados com 42 prêmios, mantém a questão conflituosa dos cinemas de rua e das grandes cidades. Mas dessa vem o herói Francisgleydisson, interpretado por Edmilson Filho, vai mais fundo na resistência pela sétima arte. É interior do Ceará, contexto dos anos 70, e as primeiras televisões são espalhadas pelas principais praças das cidades. Francisgleydisson, então deve montar uma estratégia para barrar a quebra do seu negócio de exibição de filmes em sua sala improvisada devido a chegada da Tv.
Cine Holliúdy (o longa, mah!) teve sua primeira aparição ano passado, nos festivais de cinema, incluindo edição 22º Cine Ceará, em junho de 2012. Bem recepcionado pela crítica, a exemplo do portal cearense especializado Cinema Com Rapadura, que elogia e dá mérito à criatividade e o senso de humor como Gomes enxergou a relação do cinema com o povo cearense. Para citar Thiago Siqueira, autor da crítica, "... Entre trancos e barrancos, 'Cine Holliúdy' expõe bem a alma, o senso de humor e criatividade do povo cearense, mostrando um Halder Gomes bem mais solto, trabalhando sem as amarras dos produtores. Tecnicamente, é um filme que está longe de ser ideal, mas compensa seus problemas com um coração imenso."
Alguns jornais de mérito no Ceará e em Pernambuco, Diário do Nordeste e Folha de Pernambuco, respectivamente, em seus cadernos de cultura, dispuseram-se a exaltar a intertextualidade que Halder Gomes faz no seu longa. O Diário chega a dizer que Cine Holliúdy é a quarta peça magistral que trata da crise do cinema, sendo as outras "A Última Sessão de Cinema" (1971), de Peter Bogdanovich; na Itália de "Cinema Paradiso" (1988), de Giuseppe Tornatore, e de "Splendor" (1989), de Ettore Scola. A Folha de Pernambuco, numa crítica que aborda principalmente a cultura do Ceará, escreveu "ver 'Cine Holliúdy' é quase um despertar do espectador para a riqueza da diversidade cultural brasileira."
A Revista Cinética, importante nome da crítica nacional, resenhou em 2012, a relação do filme Cine Holliúdy com a cultura popular, resgatando as chanchadas, sessões pipocas dos anos 1940 e 1950, e Mazzaropi, que há muito tratou o popular com realismo. Tratando o filme como idealísta e quase messiânico, denuncia que o longa carrega em todo seus 95min uma expressão saudosa e ultrapassada dos matinês. "Ao militar por essa experiência coletiva ancorada no repertório das matinês, o longa de Halder Gomes só pode buscar no repertório popular um meio de consumação de um discurso que parece bastante incoerente em 2012. O popular será, portanto, um ideal, um mito, uma aspiração, inclusive porque a estética adotada em Cine Holliúdy confirmará sua impossibilidade", escreveu.
Assista agora o curta-metragem "Cine Holiúdy - O Astista Contra o Caba do Mal" na íntegra:
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