Presidente em exercício do Congresso, André Vargas, promulgou a PEC - foto Zeca Ribeiro |
Quatro novos tribunais regionais federais (TRFs) podem ser instalados no país
nos próximos seis meses. O prazo depende da formulação, pelo Superior Tribunal
de Justiça (STJ), de um projeto de lei que regulamente a instalação e da
previsão de orçamento. Com a promulgação hoje (06/06) da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 544, o Congresso Nacional definiu que os novos órgãos serão
constituídos em Curitiba, para atender aos estados do Paraná, Santa Catarina e
Mato Grosso do Sul; em Belo Horizonte, para atender aos estados de Minas Gerais
e da Bahia; em Salvador, com jurisprudência na Bahia e em Sergipe e em Manaus,
para atender a processos do Amazonas, Acre, de Rondônia e Roraima.
“Os
estados serão mais bem contemplados. Não se trata de uma questão regional, mas
de questão nacional”, avaliou o presidente do Congresso em exercício, André
Vargas. “Hoje três estados da Região Norte, por exemplo, têm que se dirigir a
Brasília para apresentar demandas de segunda instância [julgadas pelos
desembargadores dos TRFs]. Isso ocorre também em outros estados, como Minas
Gerais”, completou.
A
criação dos órgãos é apontada como medida essencial para dar mais celeridade
aos julgamentos de processos na segunda instância da Justiça. Mesmo com essa
justificativa, a proposta, que tramita há mais de dez anos no Congresso
Nacional, enfrentou fortes pressões nos últimos meses.
Atualmente,
cinco TRFs funcionam no país, com sedes em Brasília, Pernambuco, Rio de
Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. “Estamos descentralizando a Justiça para
aproximar da população que quer uma Justiça rápida, segura, que combata a
impunidade. A rapidez da Justiça ajuda a melhorar o Brasil. A prestação do
serviço jurídico será facilitada”, disse o senador Romero Jucá.
Juízes
federais e magistrados da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe),
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) precisaram driblar críticas e
especulações que surgiram no próprio Judiciário durante o período.
O
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, por exemplo,
chegou a alertar para o risco de inchaço do Poder já que cada tribunal poderia
contratar 3 mil servidores. Segundo Barbosa, o impacto financeiro poderá chegar
a R$ 8 bilhões. Em uma nota divulgada no final de abril, a Ajufe apresentou
estudo que aponta impacto de R$ 700 milhões ao ano, com uma média de R$ 175
milhões por tribunal.
Dados
da Ajufe mostram ainda que, enquanto o número de juízes federais cresceu 668%
entre 1987 e 2013 (passando de 277 para 2,1 mil juízes), o número de
desembargadores passou de 74, em 1989, para 139, este ano (com aumento de 89%).
Os
juízes federais ainda destacaram que “o segundo grau da Justiça é o mais
congestionado dos ramos do Poder Judiciário nacional”. Levantamentos de 2011
mostraram que, enquanto a carga de trabalho de desembargadores do trabalho e
dos Tribunais de Justiça era cerca de 2 mil processos, os desembargadores
federais dos TRFs acumulavam 13 mil processos.
O
senador Walter Pinheiro (PT-BA), relator do Projeto do Plano Plurianual (PPA)
2012-2015, lembrou que R$ 300 milhões já estão previstos no planejamento para a
instalação dos novos tribunais, conhecidos como tribunais de recurso.
“Atendemos um pleito que o Judiciário apresentou por várias vezes. Ao
Judiciário cabe agora organizar como serão feitas essas instalações e planejar
o custeio para instalar os quatro tribunais”, disse. Para o parlamentar, o
maior desafio da Justiça será compatibilizar os gastos com custeio dessas novas
estruturas, como o pagamento de novos servidores.
Com
informações Agência Brasil
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