Baixio das Palmeiras na Câmara Municipal do Crato |
Moradores,
representantes e apoiadores do Baixio das Palmeiras levaram à Câmara Municipal
do Crato, no último dia 12, suas preocupações, incertezas e angústias que
cercam o projeto Cinturão das Águas do Ceará (CAC). A audiência pública foi
marcada por declarações dos moradores sobre a forma brutal como a construtora
VBA vem atuando na comunidade, questionamentos sobre a finalidade do projeto de
transpor as águas e denúncias sobre a falta de informação de como as obras
serão feitas e quais famílias desapropriadas.
Além dos vereadores e moradores do Baixio, esteve presente a Defensoria Pública, o escritório de Direitos Humanos Frei Tito, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Geopark, o secretário de Agricultura do Crato e a Cáritas. A VBA construtora, responsável pelo estudo e obra, e a Secretaria de Recursos Hídricos foram convidados para a audiência, mas não compareceram. Pela falta da VBA e da SRH, a Câmara marcou uma outra sessão itinerante onde
todos possam comparecer. A data provisória é próximo dia 26, no Baixio do
Muquém, comunidade pertencente ao Distrito, na Escola Rosa Ferreira Macedo.
Além dos vereadores e moradores do Baixio, esteve presente a Defensoria Pública, o escritório de Direitos Humanos Frei Tito, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Geopark, o secretário de Agricultura do Crato e a Cáritas. A VBA construtora, responsável pelo estudo e obra, e a Secretaria de Recursos Hídricos foram convidados para a audiência, mas não compareceram. Pela falta da VBA e da SRH,
Liro Nobre, representante do Baixio das Palmeiras |
Projetado pela Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), o
Cinturão se configura por vários canais que levarão as águas da transposição do
Rio São Francisco por todo o Estado, visando amenizar a seca do Ceará. São três
etapas, sendo a primeira um canal extenso com 149 km, com 30m de largura e mais
100m de margem, conectando águas de Jati à Nova Olinda. Parte dessa obra tem em
sua rota o distrito Baixio das Palmeiras, localizado na zona rural do Crato. Ainda
em fase de estudos técnicos, estima-se que a obra desapropriará 127 famílias e
terá custos de R$ 1,6 bilhões.
Entre declarações, foi dito que a construtora VBA já vem a mais de três anos mapeando e invadindo as terras do Baixio e põe em pauta a violação dos direitos por parte da empresa. “Nos fomos invadidos” denuncia Liro, morador. Mesmo em fase de estudos, os impactos físicos e psicológicos na comunidade já são concretos. O morador Valdemar de Sousa Silva declarou que sua irmã, diante do estresse psicológico das incertezas e invasões de tratores no seu terreno, sofreu um aborto espontâneo. “Meus pais, dois idosos, ficam se tremendo toda vez que saio de casa, com medo do que pode acontecer por lá”, complementa Valdemar com angústia na fala.
Entre declarações, foi dito que a construtora VBA já vem a mais de três anos mapeando e invadindo as terras do Baixio e põe em pauta a violação dos direitos por parte da empresa. “Nos fomos invadidos” denuncia Liro, morador. Mesmo em fase de estudos, os impactos físicos e psicológicos na comunidade já são concretos. O morador Valdemar de Sousa Silva declarou que sua irmã, diante do estresse psicológico das incertezas e invasões de tratores no seu terreno, sofreu um aborto espontâneo. “Meus pais, dois idosos, ficam se tremendo toda vez que saio de casa, com medo do que pode acontecer por lá”, complementa Valdemar com angústia na fala.
Valdemar teme por sua casa e família |
Foi dito que existem outros projetos do CAC que não atingiriam o Distrito, mas que foram recusados pelo Governo do Estado e SRH por serem mais
caros. Gustavo Ramos, servidor público, alega que, segundo o Estudo de Impactos
Ambientais e o Relatório de Impactos Ambientais do projeto, as obras serão
desviadas em algumas localidades para não atingir fábricas de cerâmica, entre
elas a de Ronaldo Gomes, atual prefeito do Crato.
Representantes da Associação Rural do Distrito diz que pressa
do Governo do Estado em começar as obras do Cinturão das Águas atrapalha o
diálogo com a comunidade. O Baixio das Palmeiras insurge e se indigna com as
decisões arbitrárias de cima para baixo. Não apenas a terra, mas suas casas,
seus pertences, sua história serão postas a baixo. Outra preocupação da
comunidade é com patrimônio natural, arqueológico e paleontológico da região
que pode ser destruída com a construção do canal. “É nossa riqueza que está
sendo enterrada. É nossa história que está sendo apagada”, fecha.
Em 2012, os moradores do Baixio das Palmeiras foram pegos de
surpresa quando engenheiros, topógrafos, pesquisadores e trabalhadores sem
identificação invadiram as propriedades da comunidade, fizeram medições,
roçaram as matas e estudaram os solos. A Associação Rural do
Distrito afirma que não houve notificação prévia sobre a presença dos
funcionários da VBA, dos estudos ou das obras.
Sociedade civil, moradores do Baixio e instituições estiveram presentes na audiência; VBA e SRH não compareceram |
Reuniões e audiências sobre a obra no Baixio só aconteceram
depois que a comunidade, em Julho de 2012, procurou a Justiça. A angústia da
desinformação e o medo de como os processos estão sendo feitos incomoda a
comunidade. Representante da Comissão de Direitos Humanos do Escritório Frei
Tito declarou durante a audiência que não é admissível um projeto que já começa
violando direitos humanos e constitucionais. “Não se pode rebaixar os direitos
da comunidade”, afirma.
Segundo publicação do portal Adital (Obra
do governo cearense, o ‘Cinturão das Águas’ provoca dúvidas no distrito Baixio
das Palmeiras), no dia 18 de maio desse ano, ainda sem muitas informações
sobre a CAC, o Baixio realiza uma assembleia e a autoriza do estudo topográfico.
Documentos do Governo do Estado e da VBA são entregues aos moradores, que coagidos
a assinar , autorizam o cadastro e início das atividades, quando acreditavam
ser um termo de autorização do estudo. O advogado Geovani Tavares, fonte da Adital, afirma que, com uma anulação do decreto de utilidade pública, é possível mudar o percurso das obras canal.
Hoje, sexta-feira (14) aconteceria em Brejo Santo a
solenidade entre a Presidência da República e o Governo do Estado para
autorizar a ordem de serviço de mais trechos do Cinturão. O evento foi adiado a
pedido da presidente Dilma Rousseff. Nenhuma nova data foi definida.
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