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5 de abril de 2013

Somos Todos Baixio das Palmeiras

Foto retirada da fanpage do Percursos Urbanos Cariri no Facebook
A polêmica em torno da grande transposição das águas do Rio São Francisco não se esgota somente na demora, nos bilhões gastos ou na dúvida de sua eficácia. Ainda há de se pensar nos conflitos sociais envoltos na construção dos quilômetros de canais: desmatamento, destruição de habitat natural de animais silvestres, sítios arqueológicos inexplorados e desapropriações de casas e terras.

Em fevereiro, o projeto Percursos Urbanos - Cariri, do Centro Cultural Banco do Nordeste e Universidade Federal do Ceará, realizou uma edição com discussões sobre as águas e sua inferência na cidade. Um dos locais que o passeio cultural percorreu foi o Baixio das Palmeiras, comunidade rural localizada na área rural do município de Crato, região do Cariri cearense, onde parte do Cinturão das Águas será construído. O representante da Associação Comunitária, Zé de Téta, compartilhou com o público do projeto a indignação e preocupação dos moradores prestes a serem desapropriados.

Como parte do grande projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, o Cinturão é referente à porcentagem do Cariri. E em 2012 os moradores do Baixio das Palmeiras foram pegos de surpresa quando engenheiros, topógrafos, pesquisadores e trabalhadores sem identificação invadiram as propriedades da comunidade, fizeram medições, roçaram as matas e estudaram os solos.  A Associação Rural do Distrito afirma que não houve notificação prévia sobre os estudos, a presença dos funcionários da CAC ou as obras.

Depois de pressionados, os responsáveis se manifestarem em poucas explicações. Agora, cientes do que se trata o projeto e as obras, a Associação procura na Justiça representação de seus direitos. A dúvida que ainda paira no ar e assusta os moradores é saber exatamente aonde o eixo do canal irá passar e quem será removido de suas casas e terras ou para onde ir. Em nota publicada na página do Facebook (para ver, clique aqui), declaram “De acordo com Mônica Holanda coordenadora da SRH – Fortaleza, em reunião realizada em agosto de 2012, os primeiros estudos apontam para uma desapropriação de mais de 100 famílias”.

Foto retirada da fanpage do Baixio das Palmeiras
De modo de vida e sustento baseada na agricultura familiar e comunitária, os moradores do distrito temem por suas terras, caras e pertences, mas também pelo patrimônio natural da região que pode ser destruída com a construção do canal. Ainda em nota, é dito que algumas comunidades do distrito possuem resquícios de mata nativa, que poderá desaparecer de vez junto com os poucos animais e aves silvestres que ainda habitam a área. Além de sítios arqueológicos e paleontológicos que ainda nem sequer foram estudados a fundo. Caracterizada por ser um distrito de terras férteis, o Baixio das Palmeiras têm importância para a produção agrícola do Cariri.

Moradores, Associação e apoiadores estão na luta para denunciar os impactos ambientais, sociais e desapropriações irregulares que as obras poderão causar. Em vídeo-denúncia, foi registrado relatos de moradores esclarecendo o posicionamento deles e também convidando entidades, coletivos sociais, grupos e a população em geral na busca do fortalecimento da resistência em prol da comunidade.

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