O anúncio da morte de Chávez se deu em cadeia nacional pelo vice-presidente Nicolás Maduro as 17h55min de Brasília - foto Luis
Acosta
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Após
um tratamento de dois anos e quatro cirurgias contra um câncer, o presidente da
Venezuela, Hugo Chávez, faleceu nesta terça-feira (05/03), aos 58 anos. Militar
e político, Chávez nasceu em 28 de julho de 1954, em Sabaneta, Estado de
Barinas. Criado pela avó paterna, o presidente entrou no Exército Nacional da
Venezuela em 1971, onde desenvolveu interesse pela política.
Chávez
foi cofundador, em 1982, do MBR200 (Movimento Bolivariano Revolucionário 200),
em meio à crise econômica e social que, em 1989, culminou com o “Caracazo”, revolta
popular em repúdio ao pacote de medidas econômicas neoliberais. Naquele
período, os 10% mais pobres da população detinham apenas 1,6% do PIB (Produto
Interno Bruto), enquanto os 10% mais ricos, 32%. A pobreza alcançava 85% da
população e as classes A e B, somadas, representavam apenas 3,5% dos
venezuelanos.
Revoltado
com a repressão, que gerou milhares de mortos, o MBR200 organizou, em 4 de
fevereiro de 1992, três anos após o “Caracazo”, uma sublevação militar contra o
presidente Carlos Andrés Pérez que, embora tenha fracassado como golpe de
estado, permitiu catapultar para o cenário nacional o líder maior do movimento:
Chávez.
Ele
ficou preso por dois anos e recebeu indulto do presidente Rafael Caldera
(1994-1999). Chávez então se candidatou à eleição presidencial de 1999 com o
apoio do MVR (Movimento Quinta República) e foi eleito o 52º presidente de
Venezuela, com base no ideal da “Revolução Bolivariana”, amparada no chamado
“Socialismo do século XXI”. O ideal tem como centro um Estado forte, provedor
de direitos e regulador da economia, com expressiva participação direta na
propriedade dos meios de produção.
Em
1999, Chávez inicialmente advoga pela mudança da Constituição da Venezuela de
1961, impulsionando um referendo constituinte que foi aprovado por votação
popular. Em seguida, é realizado um referendo constitucional, que resultou na
ratificação da Constituição da Venezuela de 1999. O presidente convoca novas
eleições em 2000 e é reeleito com 55% dos votos.
Chávez
dá início ao desmantelamento do sistema político que havia herdado da chamada
IV República. Amparado por maioria parlamentar, os partidários de Chávez
puderam adotar uma série de mecanismos plebiscitários e de participação
política que detonaram o controle institucional antes exercido pelo
bipartidarismo da AD (Ação Democrática) e do democrata-cristão Copei. Esses
setores perdem hegemonia sobre a Assembleia Nacional, o Poder Judiciário e as
Forças Armadas.
No
final de 2001, Chávez sentiu-se forte para deslanchar suas primeiras reformas
estruturais na economia. As principais foram a Lei de Terras (que fixou os
parâmetros de reforma agrária) e dos Hidrocarbonetos (que aumentou impostos
sobre as companhias privadas e o controle governamental sobre a atividade
petroleira).
O
ambiente de mudanças leva a oposição política ao presidente a organizar um
golpe de Estado em 2002 e Chávez é retirado do poder por dois dias. Seu lugar é
ocupado pelo industrial venezuelano Pedro Carmona, presidente da Fedecámaras.
Após forte pressão popular e amparado na lealdade de setores do exército, o
presidente é restituído ao poder.
A
tensão política continua, com enfrentamentos nas principais cidades
venezuelanas – o mais emblemático na Praça Altamira, de Caracas – e a
paralisação petroleira entre dezembro de 2002 e fevereiro de 2003.
No
final de fevereiro de 2002, Chávez decidiu demitir os gestores da companhia
estatal PDVSA (Petróleos da Venezuela), envolvidos no golpe. Em reação, e para
tentar forçar a saída do presidente, os opositores se apoderaram do controle
sobre os poços de petróleo. A operação de metade dos 14.800 poços de petróleo
da companhia, que representam 95% da produção do país, foi paralisada devido à
greve dos trabalhadores, deixando a população sem combustível e comida.
A
Coordinadora Democrática (uma coligação de partidos de direita e de esquerda,
liderados pela Súmate, ONG anti-chavista) organizou no final de novembro de
2003 a coleta de assinaturas para um referendo revogatório, previsto na nova
Constituição venezuelana. Em 15 de agosto de 2004, 58,25% dos votantes apoiaram
a permanência de Chávez na Presidência até ao fim do mandato, em dois anos e
meio. Em 2006, Chavez foi novamente reeleito presidente após vencer o deputado
Manuel Rosales, com 62,9% dos votos.
Em
2 de dezembro de 2007, os venezuelanos votam plebiscito sobre uma reforma à
Constituição, proposta por Chávez. O povo teve a opção de aprová-la, votando
“Sim”, ou de rejeitá-la, votando “Não”. Ao fim, os eleitores rejeitaram as
propostas de emendas por pouco mais de 50% dos votos. Chávez reconheceu a
derrota. Em 2009, uma emenda constitucional que coloca fim ao limite para a
reeleição aos cargos públicos é aprovada com 54,86% dos votos.
Em
setembro de 2010, ano marcado por dificuldades na economia venezuelana, abalada
pelos efeitos da crise econômica mundial, o chavismo conquista 60% das cadeiras
da Assembleia Nacional. Pela primeira vez desde 1999, data em que a nova
Constituição entrou em vigor, a oposição participou da eleição parlamentar.
Em
junho de 2011, Chávez revela durante visita oficial a Havana que sofre de um
câncer. Naquele momento, ele já havia sido operado, com sucesso. Nos meses
seguintes, o presidente venezuelano é submetido a ciclos de radio e
quimioterapia e a mais quatro cirurgias. Ele se candidata em 2012 à reeleição.
A
campanha eleitoral é encerrada debaixo de chuva em 4 de outubro com um megacomício na capital venezuelana, Caracas.
Em 7 de outubro de 2012, o líder venezuelano é eleito pela quarta vez
presidente da Venezuela, após derrotar nas urnas o rival, Henrique Capriles,
com 54% dos votos. Dois meses depois, em 8 de dezembro, o presidente informa
que o câncer havia retornado. Ele falece em Caracas, duas semanas depois de
retornar de Cuba.
Com
informações Vi o Mundo
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