A
Crucificação de Cristo de Rubens 1619-1620 |
Lendo
o livro de Jim Bishop “O Dia Que Cristo Morreu”, eu percebi que durante vários
anos eu tinha tornado a crucificação de Jesus mais ou menos sem valor, que
havia crescido calos em meu coração sobre este horror, por tratar seus detalhes
de forma tão familiar - e pela amizade distante que eu tinha com nosso Senhor.
Eu finalmente havia percebido que, mesmo como médico, eu não entendia a
verdadeira causa da morte de Jesus. Os escritores do evangelho não nos ajudam
muito com este ponto, porque a crucificação era tão comum naquele tempo que,
aparentemente, acharam que uma descrição detalhada seria desnecessária. Por
isso só temos as palavras concisas dos evangelistas “Então, Pilatos, após
mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.”
Eu
não tenho nenhuma competência para discutir o infinito sofrimento psíquico e
espiritual do Deus Encarnado que paga pelos pecados do homem caído. Mas parecia
a mim que como um médico eu poderia procurar de forma mais detalhada os
aspectos fisiológicos e anatômicos da paixão de nosso Senhor. O que foi que o
corpo de Jesus de Nazaré de fato suportou durante essas horas de tortura?
Dados
históricos
Isto
me levou primeiro a um estudo da prática de crucificação, quer dizer, tortura e
execução por fixação numa cruz. Eu estou endividado a muitos que estudaram este
assunto no passado, e especialmente para um colega contemporâneo, Dr. Pierre
Barbet, um cirurgião francês que fez uma pesquisa histórica e experimental
exaustiva e escreveu extensivamente no assunto.
Aparentemente,
a primeira prática conhecida de crucificação foi realizado pelos persas.
Alexandre e seus generais trouxeram esta prática para o mundo
mediterrâneo--para o Egito e para Cartago. Os romanos aparentemente aprenderam
a prática dos cartagineses e (como quase tudo que os romanos fizeram)
rapidamente desenvolveram nesta prática um grau muito alto de eficiência e
habilidade. Vários autores romanos (Lívio, Cícero, Tácito) comentam a
crucificação, e são descritas várias inovações, modificações, e variações na
literatura antiga.
Por
exemplo, a porção vertical da cruz (ou “stipes”) poderia ter o braço que
cruzava (ou “patibulum”) fixado cerca de um metro debaixo de seu topo como nós
geralmente pensamos na cruz latina. A forma mais comum usada no dia de nosso
Senhor, porém, era a cruz “Tau”, formado como nossa letra “T”. Nesta cruz o
patibulum era fixado ao topo do stipes. Há evidência arqueológica que foi neste
tipo de cruz que Jesus foi crucificado. Sem qualquer prova histórica ou
bíblica, pintores Medievais e da Renascença nos deram o retrato de Cristo
levando a cruz inteira. Mas o poste vertical, ou stipes, geralmente era fixado
permanentemente no chão no local de execução. O homem condenado foi forçado a
levar o patibulum, pesando aproximadamente 50 quilos, da prisão para o lugar de
execução.
Muitos
dos pintores e a maioria dos escultores de crucificação, também mostram os
cravos passados pelas palmas. Contos romanos históricos e trabalho experimental
estabeleceram que os cravos foram colocados entre os ossos pequenos dos pulsos
(radial e ulna) e não pelas palmas. Cravos colocados pelas palmas sairiam por
entre os dedos se o corpo fosse forçado a se apoiar neles. O equívoco pode ter
ocorrido por uma interpretação errada das palavras de Jesus para Tomé, “vê as
minhas mãos”. Anatomistas, modernos e antigos, sempre consideraram o pulso como
parte da mão.
Um
titulus, ou pequena placa, declarando o crime da vítima normalmente era
colocado num mastro, levado à frente da procissão da prisão, e depois pregado à
cruz de forma que estendia sobre a cabeça. Este sinal com seu mastro pregado ao
topo teria dado à cruz um pouco da forma característica da cruz latina.
O
suor como gotas de sangue
O
sofrimento físico de Jesus começou no Getsêmani. Em Lucas diz: "E, estando
em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como
gotas de sangue caindo sobre a terra." (Lc 22:44) Todos os truques têm
sido usados por escolas modernas para explicarem esta fase, aparentemente
seguindo a impressão que isto não podia acontecer. No entanto, consegue-se
muito consultando a literatura médica. Apesar de muito raro, o fenômeno de suor
de sangue é bem documentado. Sujeito a um stress emocional, finos capilares nas
glândulas sudoríparas podem se romper, misturando assim o sangue com o suor.
Este processo poderia causar fraqueza e choque. Atenção médica é necessária
para prevenir hipotermia.
Após
a prisão no meio da noite, Jesus foi levado ao Sinédrio e Caifás o sumo
sacerdote, onde sofreu o primeiro traumatismo físico. Jesus foi esbofeteado na
face por um soldado, por manter-se em silêncio ao ser interrogado por Caifás.
Os soldados do palácio tamparam seus olhos e zombaram dele, pedindo para que
identificasse quem o estava batendo, e esbofeteavam a sua face.
A
condenação
De
manhã cedo, Jesus, surrado e com hematomas, desidratado, e exausto por não
dormir, é levado ao Pretório da Fortaleza Antônia, o centro de governo do
Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos. Você deve já conhecer a tentativa de
Pilatos de passar a responsabilidade para Herodes Antipas, tetrarca da Judéia.
Aparentemente, Jesus não sofreu maus tratos nas mãos de Herodes e foi devolvido
a Pilatos. Foi em resposta aos gritos da multidão que Pilatos ordenou que
Bar-Abbas fosse solto e condenou Jesus ao açoite e à crucificação.
Há
muita diferença de opinião entre autoridades sobre o fato incomum de Jesus ser
açoitado como um prelúdio à crucificação. A maioria dos escritores romanos
deste período não associam os dois. Muitos peritos acreditam que Pilatos
originalmente mandou que Jesus fosse açoitado como o castigo completo dele. A
pena de morte através de crucificação só viria em resposta à acusação da
multidão de que o Procurador não estava defendendo César corretamente contra
este pretendente que supostamente reivindicou ser o Rei dos judeus.
Os
preparativos para as chicotadas foram realizados quando o prisioneiro era
despido de suas roupas, e suas mãos amarradas a um poste, acima de sua cabeça.
É duvidoso se os Romanos teriam seguido as leis judaicas quanto às chicotadas.
Os judeus tinham uma lei antiga que proibia mais de 40 (quarenta) chicotadas.
O
açoite
O
soldado romano dá um passo a frente com o flagrum (açoite) em sua mão. Este é
um chicote com várias tiras pesadas de couro com duas pequenas bolas de chumbo
amarradas nas pontas de cada tira. O pesado chicote é batido com toda força
contra os ombros, costas e pernas de Jesus. Primeiramente as pesadas tiras de
couro cortam apenas a pele. Então, conforme as chicotadas continuam, elas
cortam os tecidos debaixo da pele, rompendo os capilares e veias da pele,
causando marcas de sangue, e finalmente, hemorragia arterial de vasos da
musculatura.
As
pequenas bolas de chumbo primeiramente produzem grandes, profundos hematomas,
que se rompem com as subseqüentes chicotadas. Finalmente, a pele das costas
está pendurada em tiras e toda a área está uma irreconhecível massa de tecido
ensangüentado. Quando é determinado, pelo centurião responsável, que o
prisioneiro está a beira da morte, então o espancamento é encerrado.
Então,
Jesus, quase desmaiando é desamarrado, e lhe é permitido cair no pavimento de
pedra, molhado com Seu próprio sangue. Os soldados romanos vêm uma grande piada
neste Judeu, que se dizia ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os seus ombros
e colocam um pau em suas mãos, como um cetro. Eles ainda precisam de uma coroa
para completar a cena. Um pequeno galho flexível, coberto de longos espinhos é
enrolado em forma de uma coroa e pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há
uma intensa hemorragia (o couro do crânio é uma das regiões mais irrigadas do
nosso corpo).
Após
zombarem dele, e baterem em sua face, tiram o pau de suas mãos e batem em sua
cabeça, fazendo com que os espinhos se aprofundem em sua cabeça. Finalmente,
cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de suas costas. O manto, por
sua vez, já havia aderido ao sangue e grudado nas feridas. Como em uma
descuidada remoção de uma atadura cirúrgica, sua retirada causa dor toturante.
As feridas começam a sangrar como se ele estivesse apanhando outra vez.
A cruz
Em
respeito ao costume dos judeus, os romanos devolvem a roupa de Jesus. A pesada
barra horizontal da cruz á amarrada sobre seus ombros, e a procissão do Cristo
condenado, dois ladrões e o destacamento dos soldados romanos para a execução,
encabeçado por um centurião, começa a vagarosa jornada até o Gólgota. Apesar do
esforço de andar ereto, o peso da madeira somado ao choque produzido pela
grande perda de sangue, é demais para ele. Ele tropeça e cai. As lascas da
madeira áspera rasgam a pele dilacerada e os músculos de seus ombros. Ele tenta
se levantar, mas os músculos humanos já chegaram ao seu limite.
O
centurião, ansioso para realizar a crucificação, escolhe um observador
norte-africano, Simão, um Cirineu, para carregar a cruz. Jesus segue ainda
sangrando, com o suor frio de choque. A jornada de mais de 800 metros da
fortaleza Antônia até Gólgota é então completada. O prisioneiro é despido -
exceto por um pedaço de pano que era permitido aos judeus.
A
crucificação começa: Jesus é oferecido vinho com mirra, um leve analgésico.
Jesus se recusa a beber. Simão é ordenado a colocar a barra no chão e Jesus é
rapidamente jogado de costas, com seus ombros contra a madeira. O legionário
procura a depressão entre os osso de seu pulso. Ele bate um pesado cravo de
ferro quadrado que traspassa o pulso de Jesus, entrando na madeira. Rapidamente
ele se move para o outro lado e repete a mesma ação, tomando o cuidado de não
esticar os ombros demais, para possibilitar alguma flexão e movimento. A barra
da cruz é então levantada e colocado em cima do poste, e sobre o topo é pregada
a inscrição onde se lê: "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus".
O
pé esquerdo agora é empurrado para trás contra o pé direito, e com ambos os pés
estendidos, dedos dos pés para baixo, um cravo é batido atraves deles, deixando
os joelhos dobrados moderadamente. A vítima agora é crucificada. Enquanto ele
cai para baixo aos poucos, com mais peso nos cravos nos pulsos a dor
insuportável corre pelos dedos e para cima dos braços para explodir no cérebro
– os cravos nos pulsos estão pondo pressão nos nervos medianos. Quando ele se
empurra para cima para evitar este tormento de alongamento, ele coloca seu peso
inteiro no cravo que passa pelos pés. Novamente há a agonia queimando do cravo
que rasga pelos nervos entre os ossos dos pés.
Neste
ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam, grandes ondas de
cãibras percorrem seus músculos, causando intensa dor. Com estas cãibras, vem a
dificuldade de empurrar-se para cima. Pendurado por seus braços, os músculos
peitorais ficam paralisados, e o músculos intercostais incapazes de agir. O ar
pode ser aspirado pelos pulmões, mas não pode ser expirado. Jesus luta para se
levantar a fim de fazer uma respiração. Finalmente, dióxido de carbono é
acumulado nos pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem. Esporadicamente, ele
é capaz de se levantar e expirar e inspirar o oxigênio vital. Sem dúvida, foi
durante este período que Jesus consegui falar as sete frases registradas:
Jesus
olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre suas vestes disse:
"Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. " (Lucas 23:34)
Ao
ladrão arrependido, Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no paraíso." (Lucas 23:43)
Olhando
para baixo para Maria, sua mãe, Jesus disse: “Mulher, eis aí teu filho.” E ao
atemorizado e quebrantado adolescente João, “Eis aí tua mãe.” (João 19:26-27)
O
próximo clamor veio do início do Salmo 22, “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”
Ele
passa horas de dor sem limite, ciclos de contorção, câimbras nas juntas,
asfixia intermitente e parcial, intensa dor por causa das lascas enfiadas nos
tecidos de suas costas dilaceradas, conforme ele se levanta contra o poste da
cruz. Então outra dor agonizante começa. Uma profunda dor no peito, enquanto
seu pericárdio se enche de um líquido que comprime o coração.
Lembramos
o Salmo 22 versículo 14 “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se
desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.”
Agora
está quase acabado - a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível crítico -
o coração comprimido se esforça para bombear o sangue grosso e pesado aos
tecidos - os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os tecidos,
marcados pela desidratação, mandam seus estímulos para o cérebro.
Jesus
clama “Tenho sede!” (João 19:28)
Lembramos
outro versículo do profético Salmo 22 “Secou-se o meu vigor, como um caco de
barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte.”
Uma
esponja molhada em “posca”, o vinho azedo que era a bebida dos soldados
romanos, é levantada aos seus lábios. Ele, aparentemente, não toma este
líquido. O corpo de Jesus chega ao extremo, e ele pode sentir o calafrio da
morte passando sobre seu corpo. Este acontecimento traz as suas próximas
palavras - provavelmente, um pouco mais que um torturado suspiro “Está
consumado!”. (João 19:30)
Sua
missão de sacrifício está concluída. Finalmente, ele pode permitir o seu corpo
morrer.
Com
um último esforço, ele mais uma vez pressiona o seu peso sobre os pés contra o
cravo, estica as suas pernas, respira fundo e grita seu último clamor: “Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46).
O
resto você sabe. Para não profanar a Páscoa, os judeus pediam para que o réus
fossem despachados e removidos das cruzes. O método comum de terminar uma
crucificação era por crucificatura, quebrando os ossos das pernas. Isto impedia
que a vítima se levantasse, e assim eles não podiam aliviar a tensão dos
músculos do peito e logo sufocaram. As pernas dos dois ladrões foram quebradas,
mas, quando os soldados chegaram a Jesus viram que não era necessário.
Conclusão
Aparentemente,
para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre o quinto
espaço das costelas, enfiado para cima em direção ao pericárdio, até o coração.
O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: "E imediatamente
verteu sangue e água." Isto era saída de fluido do saco que recobre o
coração, e o sangue do interior do coração. Nós, portanto, concluímos que nosso
Senhor morreu, não de asfixia, mas de um enfarte de coração, causado por choque
e constrição do coração por fluidos no pericárdio.
Assim
nós tivemos nosso olhar rápido – inclusive a evidência médica – daquele epítome
de maldade que o homem exibiu para com o Homem e para com Deus. Foi uma visão
terrível, e mais que suficiente para nos deixar desesperados e deprimidos. Como
podemos ser gratos que nós temos o grande capítulo subseqüente da clemência
infinita de Deus para com o homem – o milagre da expiação e a expectativa da
manhã triunfante da Páscoa.
Artigo
originalmente publicado no Portal Hermenêutica
Realmente relatos chocantes porém verdadeiros, infelizmente muitos não tem dado o devido valor a esse homem que mudou a humanidade com a sua biografia de vida e ministerial, muitos preferem diminuir esse feito e não se importarem para com aquele que mudou o curso da história da humanidade.
ResponderExcluirConseguem chorar por declarações feitas por seres mortais como eles, mas não conseguem entendem a maior declaração de amor feita por nosso Senhor!!!
Gabriel Alves