Aproveitando o contexto da renúncia do Papa e da repercussão que isso causou e ainda vem causando na mídia, escrevi um texto para o Programa Esperança do Sertão e resolvi compartilhar por meio deste Blog.
Este tema certamente se refere a um dos campos mais polêmicos, que muita gente sente receio em abordar. Isso porque nós aprendemos, em nossa cultura, que religião é uma coisa e política outra. O que não é verdade. E nós afirmamos à você: existe religião sem a política partidária, mas não existem religiões sem política. Mesmo porque, como sempre afirmamos também em outras circunstâncias, a política tem a seguinte estrutura: Ideologia como ponto de partida, a organização coletiva como estratégia, o poder como base central e um discurso que prega o bem comum. E essa, na verdade, é a estrutura de todas as formas de política, inclusive no campo religioso. É por isso que o Papa usa a coroa que os antigos reis usavam, o cetro que os antigos reis usavam, um trono banhado de ouro como os antigos reis usavam, e se utiliza de anéis e utensílios valiosos assim como os antigos reis. Na verdade, o núcleo central de poder da religião católica é uma reprodução da política da monarquia, onde o rei representava a voz e a vontade de deus. O povo era apenas uma forma de justificativa desse poder.
Este tema certamente se refere a um dos campos mais polêmicos, que muita gente sente receio em abordar. Isso porque nós aprendemos, em nossa cultura, que religião é uma coisa e política outra. O que não é verdade. E nós afirmamos à você: existe religião sem a política partidária, mas não existem religiões sem política. Mesmo porque, como sempre afirmamos também em outras circunstâncias, a política tem a seguinte estrutura: Ideologia como ponto de partida, a organização coletiva como estratégia, o poder como base central e um discurso que prega o bem comum. E essa, na verdade, é a estrutura de todas as formas de política, inclusive no campo religioso. É por isso que o Papa usa a coroa que os antigos reis usavam, o cetro que os antigos reis usavam, um trono banhado de ouro como os antigos reis usavam, e se utiliza de anéis e utensílios valiosos assim como os antigos reis. Na verdade, o núcleo central de poder da religião católica é uma reprodução da política da monarquia, onde o rei representava a voz e a vontade de deus. O povo era apenas uma forma de justificativa desse poder.
E as contradições, como podem ser observadas?
Se o Papa é tido como o representante de Jesus
na terra, é importante lembrar que Jesus foi pobre, os papas foram ricos. Jesus
foi simples, os papas luxuosos. Jesus falava aos pequenos e convivia com eles.
Os papas falam aos pequenos, mas negociam com os grandes e vivem bastante
isolados, com medo de atentados contra si próprio, protegidos por guardas e
carros blindados, etc.. E poderíamos falar muito ainda sobre estas
contradições.
Mas a grande questão, dentro desse tema, se
relaciona a estrutura de poder da Igreja.
Qual perfil terá o novo papa? Não importa de
onde ele seja: da América Latina, da África ou da Europa, certamente será um
conservador, que continuará negando o homossexualismo presente em grande número
dentro da Igreja, continuará tentando encobrir os inúmeros casos de pedofilia,
continuará barrando o acesso das mulheres às estruturas de poder - não dando à
elas os mesmos direitos que os homens, continuará negando o casamento aos
padres, continuará de mãos dadas com o sistema capitalista, e assim por diante.
Mas, porque temos a ousadia de afirmar isso? É apenas por um motivo: quem elege
o papa? São os cardeais. E, como os cardeais foram escolhidos nestas últimas
décadas? Por uma estrutura de poder da Igreja que abriu espaço de ascensão a
esse poder somente aos bispos conservadores, pra combater a teologia da
libertação e uma igreja mais engajada nas transformações sociais, com uma
perspectiva socialista.
Então, quem pensa que aquela “fumacinha” branca
que sai do vaticano, anunciando a escolha do novo papa, representa a
manifestação do espírito, santo está muito enganado. Até o espírito santo se
recusa a participar das negociações políticas que envolvem a escolha de um novo
papa.
Mas, de qualquer forma, querendo ou não, é um
evento que não pode ser ignorado. Isso porque, querendo ou não, o catolicismo
ainda representa uma grande força política no mundo de hoje. Certamente não
tanto como era antes. Afinal de contas, a nova onda de alienação pentecostal de
diversas igrejas evangélicas enfraqueceu as estruturas tradicionais e rígidas e
acomodadas da Igreja. As denúncias do ministério público contra padres
desequilibrados afetivamente também. Mas é só tirar como exemplo o município de
Altaneira. Na cidade – não no município - tem apenas uma Igreja católica
funcionando e apenas um líder religioso ligado diretamente ao Bispo. Enquanto
os evangélicos possuem diversas Igrejas e diversos líderes. Contudo, quando o
município quer celebrar qualquer evento religioso ou cívico importante, qual é
o lugar que ele escolhe? Quando as escolas querem celebrar um evento de
conclusão de curso, qual é a instituição religiosa que elas escolhem? Isso
demonstra a forte relação do poder público municipal com as estruturas de poder
da Igreja católica na cidade. É por isso também que o poder público de
Altaneira sempre teve medo de se contrapor ao líder religioso católico, por uma
questão essencialmente política.
O que é mais lamentável é que, momentos como
estes poderiam ser celebrados de forma ecumênica, onde os líderes religiosos
dariam um exemplo concreto para o povo, diante da irracional rivalidade da
política partidária. Certamente todos os cidadãos se sentiriam representados e
apoiados em uma celebração que pudesse incluir o diferente. Mas, principalmente
por conta da pobreza de espírito e falta da sabedoria do líder da Igreja
católica de Altaneira, que ainda prefere continuar com a mentalidade da Idade
Média, isso não acontece. Essa realidade, portanto, nos revela que, o que na
verdade está no centro de tudo é a relação de poder. O que não deixa de ser uma
forma de política da Igreja e da administração pública. Pois a relação de poder
é o que constitui o coração da política. O que comprova a afirmação de que
política e religião não se separam e devem ser discutidas na perspectiva do
exercício da cidadania.
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