Cibele Baginski fundadora da nova ARENA Reprodução/ Blog pessoal |
Quem
vê pela primeira vez a estudante de direito Cibele Baginski, de 23 anos,
dificilmente imagina as ideias defendidas com entusiasmo pela gaúcha que quer
resgatar a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido de sustentação da
Ditadura Militar no Brasil.
Em
algumas fotos divulgadas por ela nas redes sociais, Cibele aparece de piercing
na boca e cabelos vermelhos. Em outras, mostra um estilo semelhante ao gótico,
de sobretudo preto e óculos arredondados. A aparência “descolada” destoa da
pregação conservadora, do tom saudosista usado para se referir a práticas
tradicionais hoje abandonadas pelos brasileiros, como o canto do hino à
bandeira nas escolas primárias.
Cibele
defende o retorno da prática, que costumava ser incentivada pelos militares, e
se queixa da desvalorização do sentimento nacionalista. Segundo ela, a ideia de
resgatar a Arena veio da necessidade que um grupo de estudantes sentiu de
trazer de volta a moralização na política: “o que a gente traz com esse nome é
o tempo em que a política era pautada em convicções”.
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O
estatuto do partido, assinado pela estudante, foi publicado no Diário Oficial
da União em novembro e prevê, entre outras coisas, a abolição do sistema de
cotas raciais e de gênero, a privatização do sistema penitenciário e a
aprovação da maioridade penal aos 16 anos. Agora, o grupo tem que reunir cerca
de 492 mil assinaturas para conseguir o direito de concorrer em eleições. Pelo
menos 40 mil já teriam sido reunidas, segundo Cibele, que acredita poder
lançar candidatos em 2014.
Fotos
de famílias lembram brutalidade da ditadura militar
Questionada
se não teme ficar marcada pelo autoritarismo após liderar um partido que elegeu
tantos ditadores, Lady Bagisnki (como costuma assinar seus textos) diz que
prefere levar as críticas na esportiva. A forma como ela mesma se define ajuda
a entender sua determinação para enfrentar as ideias polêmicas: “O ser humano
busca a eternidade, eu sei como fazer isso ser verdade”.
Leia
abaixo os principais trechos da entrevista:
De onde surgiu a ideia
de resgatar a Arena?
O
nome veio em razão do pessoal ter se simpatizado com ele diante das opções que
a gente tinha para escolha. Eu diria que
o que a gente traz com esse nome é o tempo em que a política era pautada em
convicções. Em alguns outros pontos, claro que foi reeditado, modernizado,
porque a situação política do Brasil, a situação social mudou bastante.
O que basicamente mudou?
A
questão de como está no Brasil, como é o funcionamento em questão estatal ou
privatizado das coisas. Algumas questões sociais, questões de democracia. A lei
também mudou.
Vocês defendem o retorno
à ditadura?
Não
é o caso. O primeiro ponto do nosso programa é a defesa do estado democrático
de direito.
A diretoria do partido é
formada por muitos jovens. O que você acha que atrai esse grupo?
Bastante
gente nova se interessou exatamente pelo fato de a gente trazer aquela questão
de convicção, questão ideológica mesmo. O pessoal mais novo está cansado dessa
desmoralização que teve na política. O pessoal quer uma coisa diferente, para
que eles possam realmente fazer alguma coisa para mudar para o futuro.
Vocês defendem algumas
questões polêmicas, como diminuir a maioridade penal. Qual é o argumento?
Tem
muita gente de 16 anos que sabe muito bem o que é um assassinato, o que é um
assalto a mão armada. E ela vai cumprir um ano de pena, às vezes, por matar
alguém. Isso gerou uma grande discussão na fundação do partido, porque havia
algumas pessoas que achavam que podiam diminuir até mais a maioridade penal,
mas foi optado por não fazer isso, porque quando você diminui a maioridade
penal, por consequência, a maioridade civil e eleitoral acabam se encontrando.
Vocês falam também em
educação moral e têm um conselho ideológico. O que precisa ser resgatado?
A
ideia é retomar vários dos valores de família que estão se perdendo. Tu tem ali
várias questões de comportamento que uma crianças às vezes aprendia que não
aprende mais. Uma coisa que eu aprendi quando eu era criança e que nem meu
irmão, que tem seis anos de diferença, sabe. O hino à bandeira. Ninguém sabe o
que é. E é lindo, é uma composição musical excelente [...] Hoje em dia não se
fala mais disso. Tem que incentivar o nacionalismo. Por que a gente tem que ter
vergonha de ser brasileiro?
Vocês estão confiantes
de que vão conseguir as 492 mil assinaturas?
Sim,
sim, porque é uma sociedade inteira que está envolvida. O único quesito para
assinar é ser eleitor. Nosso plano de metas é que a gente consiga todas as
assinaturas até maio do ano que vem [2013], para a gente poder entrar com todos
os processos cabíveis na Justiça Eleitoral para concorrer em 2014.
Você acha que a direita
hoje está bem representada pelos partidos que o Brasil tem?
Não.
É exatamente por isso que a gente veio com essa força e o pessoal se sentiu
identificado. Muitas pessoas que não queriam se envolver na política
conseguiram se identificar coma gente.
No espectro político brasileiro, se chega até o centro, bobeando bastante. Mas
a direita mesmo tem vergonha de se assumir.
O que você acha que falta
aos partidos de centro-direita?
O
que aconteceu com toda a sociedade brasileira, foi o seguinte: a esquerda se
tornou moda e a direta foi estigmatizada como sendo malvada, fascista e
ditatorial, sendo que entre as
variadíssimas doutrinas de direita que se tem, poucas são assim.
Você se candidataria a
um cargo público?
Olha,
eu sou o tipo da pessoa que realmente está fazendo o que tem que ser feito. Eu
não penso em cargo público porque eu entrei na faculdade pensando em ser
advogada e é o que eu pretendo ainda. Como existe a cota das mulheres, talvez
acabem colocando meu nome para alguma coisa, mas não tenho pretensões
políticas. Talvez me convençam do contrário, mas eu duvido muito, porque quero
advogar.
Com
informações Portal R7
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