Desenho de Ricardo Sousa cedido ao Blog |
A propaganda eleitoral no rádio foi encerrada ontem (04/09) com o programa dos vereadores. Em conversa com pessoas dos quatro cantos da cidade chegamos a conclusão que diferente da campanha de 2008 a grande parte da população não estava ouvindo o programa no rádio.
Solicitamos ao Professor Carlos Tolovi, professor universitário, comunicador e um dos diretores da rádio Altaneira Comunitária Altaneira FM, uma análise sobre o fracasso da propaganda eleitoral no rádio.
Segue excelente artigo do Professor Carlos Tolovi:
APENAS UMA “OPINIÃO”
Recentemente, o
administrador do Blog de Altaneira (que conhece muito bem a importância e a
força da mídia) procurou saber qual era a minha opinião, ou avaliação, sobre a
propaganda eleitoral veiculada através da Rádio Altaneira FM durante esta
campanha de 2012. De imediato expressei a minha lamentação pela falta de
qualidade e criatividade das duas coligações. Contudo, fiquei posteriormente
refletindo e avaliando essa realidade. E cheguei a conclusões preocupantes.
Em primeiro lugar, penso
que, melhor que lamentar é procurar saber o que estaria na base dessa
realidade. Afinal de contas, porque as duas coligações que disputam o poder
hegemônico em Altaneira não se empenharam para elaborarem bons programas para
serem veiculados diariamente na rádio comunitária da cidade? O que justificaria
tantos programas repetidos semanalmente, a ponto de a grande maioria da população
desligar o rádio no horário da propaganda eleitoral (gratuita) obrigatória?
Bem, como nunca tive
medo de emitir minhas opiniões, posso afirmar que cheguei às seguintes
conclusões:
As coligações, que hoje
representam a polarização na disputa pelo poder em nosso município, deixam
claro que ainda não percebem a importância e o poder da mídia como instrumento
de formação de opinião, articulação e convencimento. Esse é um ponto que indica
a falta de visão em um determinado aspecto importante para coordenar os
destinos de uma cidade.
A visão predominante
entre os políticos “profissionais” de Altaneira ainda é aquela de falar apenas
para o seu próprio povo. É como o padre de nossa cidade que, a partir do altar
de sua Igreja pensa falar com autoridade para a totalidade da comunidade. O
debate entre os candidatos à prefeito deixou isso muito claro: enquanto os dois
falavam em nome do povo eu ficava me perguntando a que povo eles se referiam.
Era como se em um só município tivéssemos dois povos.
Um terceiro aspecto
importante a ser destacado é a predominância de um meio de comunicação
“elitista”. Os candidatos preferiram perder mais tempo querendo saber o que
estava “rolando no Facebook” do que preparando programas para serem veiculados
na única rádio de nossa cidade, através da qual se atinge grande parte da nossa
população. Afinal de contas, qual é o perfil do eleitor que está ligado no
facebook todos os dias e de quem está ligado nos programas de radio
diariamente?
Por fim, podemos afirmar
uma questão mais preocupante: a falta de visão sobre a importância de se
comunicar com o povo, levando em conta que este povo não significa apenas os
correligionários, reflete na visão de que não se faz necessário programas e
projetos de mobilização social, tendo como estratégias propostas educativas e
culturais. Esta, a meu ver, é a maior pobreza das administrações de Altaneira
(do passado, do presente e, pelo que se desenha, também do futuro). A visão
fragmentada da realidade justifica investimentos milionários em obras, onde ao
mesmo tempo sempre faltam recursos para ações que sensibilizem as pessoas para mudarem
de atitude e participarem como protagonistas da transformação de suas próprias
realidades.
Certamente os nossos políticos não fazem isso por maldade, mas por
uma visão limitada da realidade. Assim como para os nossos líderes religiosos
falar para o povo significa falar a partir do altar, para os nossos políticos
de profissão falar para o povo significa falar a partir do “palanque” ou a
partir das redes sociais. A partir do “palanque” eles excluem todos os seus
adversários, que também fazem parte do mesmo povo, e a partir das redes sociais
eles excluem quase que a totalidade dos nossos agricultores e dos nossos
idosos, assim como a grande maioria das nossas donas de casa. Portanto, podemos
dizer que o descaso com os meios de comunicação populares representa o descaso
para com a grande parte das pessoas simples que compõem este povo tão presente
na boca dos nossos políticos.
E para terminar, eu
gostaria que você, a partir de tudo isso, avaliasse as propagandas eleitorais
veiculadas em nossa rádio neste pleito de 2012. Sem esquecer que, se você neste
momento está lendo a minha crítica é porque provavelmente você faça parte dessa
“elite pensante” (que nem sempre pensa adequadamente – assim como eu). Mesmo
assim, pode ampliar seus horizontes na busca por ter realmente algo importante
a dizer ao nosso povo.
"Cada Líder conhece a massa que domina", com essa frase pode-se resumir a campanha eleitoral do corrente ano. Fatores como pobreza, Alienação Politica, péssima educação Publica (não formando cidadãos críticos conscientes) são explorados pela grande parte dos candidatos na procura acirrada por "votos". Em quanto não tiver um investimento e planejamento adequado para a Educação Publica do Pais, do estado e desta cidade a realidade continuará sendo esta, e para que esta mudança possa acontecer ou que tenha inicio é preciso que cobremos e que busquemos abrir os olhos dos cidadãos desta sociedade.
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