Luizianne e Cid em imagens de arquivo da visita de Dilma ao Ceará em fevereiro |
Esta
é a manchete de capa do Jornal O Povo um dos mais influentes meios de comunicação
da capital cearense e mostra a importância do Encontro Municipal do PT, marcado
para este domingo. Na reunião, cerca de 300 delegados da legenda poderão
oficializar o nome de Elmano de Freitas para disputar a sucessão de Luizianne
Lins.
Nesse
caso, o PT confirma a tendência, antecipada no último dia 6 de maio, na escolha
dos delegados, de que a prefeita conseguiu unificar o partido em torno de si,
para daí bancar a candidatura do seu secretário da Educação. Terá sido o
resultado final das inúmeras e tensas reuniões, telefonemas e conversas ao pé
de ouvido que vararam os últimos dias e avançaram pelas madrugadas.
Pelo
calendário inicial do PT e pelos quase 70% de apoio que Elmano recebeu na
escolha dos delegados, a oficialização já deveria ter sido feita. Há duas
semanas, exatamente. Não aconteceu porque isso significaria um claro sinal de
rompimento com os principais aliados, hoje abrigados no PSB do governador Cid
Gomes - resistentes ao nome preferido por Luizianne.
Diante
dos riscos políticos de um racha na aliança, o PT resolveu adiar o Encontro do
último dia 20 para hoje. De lá para cá, petistas dos mais variados calibres e
tendências envolveram-se no esforço de superar o impasse, ao mesmo tempo em que
estudaram os cenários possíveis.
São,
basicamente, três as possibilidades para o PT: manter o nome de Elmano e,
praticamente, selar o divórcio político-eleitoral com os Ferreira Gomes ou
apontar outro nome entre os pré-candidatos que, formalmente, estão no páreo –
Artur Bruno, Guilherme Sampaio ou Camilo Santana.
Numa
terceira hipótese, para tentar segurar a aliança, o PT apresentaria, em comum
acordo com o PSB, um outro nome, de dentro do PT e de fora da lista.
O
certo é que cada um dos três cenários projetados traz consequências para a
principal aliança política em curso no Ceará, com reflexos diretos na campanha
eleitoral e, concretamente, no resultado das urnas, em outubro próximo.
De
hoje a exatos dois anos, o governador Cid Gomes (PSB) estará se preparando para
deixar o Palácio da Abolição. Provavelmente, estará planejando seu futuro
político – de olho, talvez, na vaga que ficará aberta no Senado em 2014.
Enquanto
isso, outros líderes estarão se articulando para disputar a sucessão de Cid –
como, possivelmente, a petista e agora Luizianne Lins (PT), que já terá deixado
ao cargo.
Para
o eleitor comum, tantas conjecturas podem soar como mera especulação; para o
político profissional, no entanto, todos esses cenários já estão postos à mesa
de negociação. É assim, principalmente, na tentativa de acordo – até agora
fracassada – entre PT e PSB.
Com
foco no futuro, Cid tem total interesse em ter alguém de sua confiança na
Prefeitura da Capital. Em primeiro lugar, porque isso significaria um conforto
administrativo que pode lhe render bons frutos em 2014.
A
dificuldade nas negociações entre PT e PSB também passa pelos riscos que a
escolha do nome do candidato à sucessão pode implicar. Cid tem dito com
frequência que quer um nome forte e com reais chances de vitória. A derrota do
nome apoiado por ele significaria uma baixa política que o governador nem sonha
em sofrer.
Colocadas
as condições, resta ao PSB decidir entre apoiar o personagem escolhido pelo PT,
lançar um nome próprio ou mesmo se aliar à candidatura de Inácio Arruda
(PCdoB). Entretanto, há ainda outra variável a ser considerada: romper com o PT
em Fortaleza significa ganhar uma pedra no sapato. Uma vez distante da sigla,
Cid ganharia um opositor barulhento, com forte tradição de briga e relativa
inserção social – algo com que ele não está acostumado.
Do
outro lado da balança estão alguns projetos petistas, também com foco em 2014.
Assim como Cid, Luizianne também deseja ter um aliado no controle do Paço
Municipal. Perder essa prerrogativa é assinar um atestado de enfraquecimento
político, o que lhe tiraria pontos para a eleição estadual. Mais que isso: não
emplacar um sucessor seria uma espécie de derrota administrativa – uma
demonstração de que sua linha de gestão aparentemente não logrou êxito.
Luizianne
precisa de um nome que defenda sua gestão, construa uma boa imagem de sua
passagem pelo Paço Municipal e subsidie um possível retorno à cena pública em
2014, como possível candidata ao Senado ou mesmo ao Governo – situações que ela
nunca descartou.
Por
Erivaldo Carvalho e Hébely Rebouças
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