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25 de junho de 2012

Um Ceará ainda vulnerável

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que o Brasil vem caminhando para a redução dos índices de vulnerabilidade das famílias. E a estrada é longa. O documento Vulnerabilidade das Famílias entre 2003 e 2009 aponta alguns desafios para a melhoria da qualidade de vida da população e alerta os gestores públicos, mais uma vez, para os aspectos multidimensionais das vulnerabilidades que as famílias vivenciam, principalmente as mais pobres.

Nessa análise, o Estado do Ceará traz suas contradições.

Enquanto Fortaleza, ao lado de Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR), teve redução nos índices de vulnerabilidades, comparada à periferia da Região Metropolitana, o interior do Ceará, especialmente o meio rural, apresenta o pior indicador no estudo. O documento revela que a Capital alcançou patamares de 22,8 e o Estado 34,7 de vulnerabilidade, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009). É necessário repensar o modelo de desenvolvimento regional.

É verdade que houve melhorias de índices nas macrorregiões cearenses, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Mas ainda persistem elevadas disparidades socioeconômicas que caracterizam o Estado. Quase 18% da população cearense vive na extrema pobreza (com renda per capita até R$ 70 mensais), em contraponto à média nacional de 8,5%. Esse fenômeno se concentra no meio rural cearense, cerca de 36,9%. O analfabetismo das pessoas extremamente pobres também apresenta maior incidência na área rural do Estado, com 32,76%, enquanto que na área urbana a taxa é de 27,09%.

Como alguns dos desafios ao Estado, devem-se destacar as ações para a elevação real da renda e a diminuição das desigualdades espaciais e regionais, bem como a universalização da educação básica com qualidade. Mesmo que o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada tenham colaborado para o aumento de renda das famílias e para o acesso e a permanência das crianças e dos adolescentes na escola, o interior do Estado ainda apresenta outras sérias questões a serem repensadas e resolvidas.

Temas como trabalho e qualificação profissional, acesso à terra e à moradia digna, segurança, saúde com qualidade, saneamento básico e urbanização ainda derrubam esses e outros indicadores sociais do Ceará, fazendo com que a desigualdade seja a marca da zona rural.

Por André de Menezes Gonçalves (andre-mg@uol.com.br)
Assistente Social e mestrando em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece)

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