Dados do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) mostram que o Brasil vem caminhando para a redução dos índices
de vulnerabilidade das famílias. E a estrada é longa. O documento
Vulnerabilidade das Famílias entre 2003 e 2009 aponta alguns desafios para a
melhoria da qualidade de vida da população e alerta os gestores públicos, mais
uma vez, para os aspectos multidimensionais das vulnerabilidades que as
famílias vivenciam, principalmente as mais pobres.
Nessa análise, o Estado do Ceará traz suas
contradições.
Enquanto Fortaleza, ao lado de Belo Horizonte (MG)
e Curitiba (PR), teve redução nos índices de vulnerabilidades, comparada à
periferia da Região Metropolitana, o interior do Ceará, especialmente o meio
rural, apresenta o pior indicador no estudo. O documento revela que a Capital
alcançou patamares de 22,8 e o Estado 34,7 de vulnerabilidade, segundo a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009). É necessário repensar
o modelo de desenvolvimento regional.
É verdade que houve melhorias de índices nas
macrorregiões cearenses, tanto do ponto de vista econômico quanto social. Mas
ainda persistem elevadas disparidades socioeconômicas que caracterizam o
Estado. Quase 18% da população cearense vive na extrema pobreza (com renda per
capita até R$ 70 mensais), em contraponto à média nacional de 8,5%. Esse
fenômeno se concentra no meio rural cearense, cerca de 36,9%. O analfabetismo
das pessoas extremamente pobres também apresenta maior incidência na área rural
do Estado, com 32,76%, enquanto que na área urbana a taxa é de 27,09%.
Como alguns dos desafios ao Estado, devem-se
destacar as ações para a elevação real da renda e a diminuição das
desigualdades espaciais e regionais, bem como a universalização da educação
básica com qualidade. Mesmo que o Bolsa Família e o Benefício de Prestação
Continuada tenham colaborado para o aumento de renda das famílias e para o
acesso e a permanência das crianças e dos adolescentes na escola, o interior do
Estado ainda apresenta outras sérias questões a serem repensadas e resolvidas.
Temas como trabalho e qualificação profissional,
acesso à terra e à moradia digna, segurança, saúde com qualidade, saneamento
básico e urbanização ainda derrubam esses e outros indicadores sociais do
Ceará, fazendo com que a desigualdade seja a marca da zona rural.
Por André de Menezes Gonçalves (andre-mg@uol.com.br)
Assistente Social e mestrando em Planejamento e
Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece)
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