Quando o Twitter nasceu, em 2006, tínhamos 140 caracteres
disponíveis para responder “What are you doing?” (o que você está fazendo?) e a
rede caiu no gosto das pessoas. Com o passar do tempo a pergunta mudou para
“What’s happennig?” (o que está acontecendo?), e, nesse ponto, os mesmos 140
caracteres já haviam transformado-se numa poderosa rede de comunicação e
informação, cuja utilização na campanha eleitoral norte-americana, em 2008, e o
papel fundamental como ferramenta de liberdade de expressão nas eleições do
Irã, em 2009, casaram-na para sempre com a comunicação política.
Em 2010, exercitamos com maior liberdade, a comunicação
política interativa, com o uso das mídias sociais digitais. O Twitter não
poderia ficar de fora e alguns políticos tiveram atuação de destaque porque
souberam dialogar com seus seguidores. E o que temos visto, desde então (quando
bem aproveitado), é um novo meio de discussão, que coloca representantes do
povo e cidadãos em contato direto.
Recentemente, uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral
determinou que políticos não podem fazer uso eleitoral do Twitter, mesmo que de
maneira subjetiva, antes de 6 de julho. Essa decisão estaria baseada no
princípio da igualdade e, assim como não se pode usar rádio e TV para pedir
votos antes da data, no Twitter também não.
Até aí, tudo bem, mas o que me preocupa, na verdade, é a
subjetividade. Toda vez que ela está associada a julgamento de ações
consideradas eleitorais, principalmente com relação às novas tecnologias de
comunicação e informação, corre-se o risco de haver cerceamento de opiniões. E
é sobre isso que devemos estar vigilantes, apelando para o bom senso, sempre.
Reservadas as devidas proporções entre legislação, hábitos
e estratégias em uso no Brasil e EUA, cabe destacar que durante todo seu
mandato Obama não deixou de usar seus perfis pessoais nas redes sociais para se
comunicar com o povo. Ações de seu governo, prestação de contas e campanhas
inteiras, com foco na participação dos cidadãos em projetos de governo, foram
uma constante. Graças a essa maneira transparente de agir, conquistas
significativas - e também críticas e diálogos - foram responsáveis pela
construção de uma gestão com intensa participação social. Provavelmente, sem as
estratégias de Obama através das mídias digitais e sem a consequente pressão
dos cidadãos, uma dessas conquistas, a Reforma da Saúde, não teria passado de
promessa de campanha.
Não podemos esquecer que estamos aprendendo a construir nossos
diálogos em rede e nela a comunicação é dinâmica, com filtros que as próprias
pessoas utilizam para separar o que é irrelevante. Essa dinâmica engrandece o
debate democrático. Aos pré-candidatos, importante acatar a lei, mas à
sociedade é fundamental debater a questão.
Gil Castillo (foto) é Consultora política, Diretora de Relações Públicas da
Abcop, autora do Livro “Internet e Eleições: Bicho de Sete Cabeças?” e editora
do Portal MarketingPolitico.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.