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24 de janeiro de 2012

“A queda da oligarquia Accioly” por Sebastião Ponte

Nogueira Accioly, no centro, de cartola e camisa clara, em visita ao Rio de Janeiro (Foto: Arquivo do Museu do Ceará)
A data de hoje assinala 100 anos da queda da oligarquia Nogueira Accioly, depois de 16 anos encastelado no governo do Ceará (1896-1912). No dia 24 de janeiro de 1912, a população de Fortaleza, impossibilitada de derrotar o oligarca pela via eleitoral em razão do controle fraudulento das eleições pela oligarquia, conseguiu depô-lo através das armas. Foram três dias de luta na cidade, com tiroteios, trincheiras, barricadas, praças depredadas, bondes virados, fábricas incendiadas e centenas de mortos.

Essa inédita revolta popular armada em Fortaleza foi a explosão de uma indignação crescente contra o autoritarismo e desmandos da oligarquia aciolina. Para se manter no poder por tanto tempo, a oligarquia contou com o apoio político do Governo Federal e de coronéis do Interior (a “política dos governadores”), e usou e abusou da fraude eleitoral, voto de cabresto, nepotismo, desvios de verbas. Ademais, espancou adversários, empastelou jornais oposicionistas e reprimiu trabalhadores, como foi o caso em que a polícia disparou contra os catraieiros que ousaram fazer greve a 3/1/1904, matando sete e ferindo 40.

A partir dessa chacina, a oposição política à oligarquia cresceu na Capital reunindo oligarquias dissidentes, profissionais liberais, comerciantes, populares e intelectuais como Rodolfo Teófilo, João Brígido e Antônio Sales.

O decisivo apoio do “salvacionismo” (1911), campanha encetada por militares e civis para moralizar a política brasileira e “salvar” os estados do arbítrio das oligarquias então no poder (e em seu lugar entronizar oligarquias dissidentes), encorajou a oposição a lançar o militar salvacionista Franco Rabelo às eleições de 1912 para o governo estadual, contra o candidato indicado por Accioly.

A campanha pró-Rabelo galvanizou a insatisfação da população citadina e a mobilizou através de comícios, cordéis e panfletos. Duas grandes passeatas foram realizadas (as primeiras da história cearense) com milhares de acompanhantes: as das moças e das crianças. Na primeira (dia 14/1/12), nenhuma repressão ocorreu, mas na passeata das crianças (21/1/12), surpreendentemente, a cavalaria policial investiu sobre a massa, pisoteando, atirando e matando uma criança. Foi o estopim: na noite desse dia, 21, iniciou-se tiroteio entre populares e polícia que só terminaria no dia 24 com a deposição de Accioly. A vitória foi intensamente festejada na cidade.

Franco Rabelo foi eleito, mas, dois anos depois foi deposto por intervenção federal no Estado. Daí em diante, apesar de continuarem a existir grupos oligárquicos no Ceará, não houve mais oligarquia monolítica no Estado.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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A Oligarquia Acioly

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