Esperidião nasceu em 270, na cidade de
Trimitous, em Chipre, Grécia. De família humilde, não teve possibilidade de
estudar. Casou-se e, para sustentar a família, se tornou um pastor de cabras.
Teve uma filha chamada Irene, que se consagrou a Deus. Com a morte de sua
esposa, decidiu seguir a vida religiosa e dedicar-se somente a Cristo.
Estudou primeiro na escola catequista da
Alexandria, mas preferiu seguir a vida monástica na comunidade religiosa de
santo Antônio, abade, também no Egito. Mais tarde, a Igreja o chamou para
exercer o ministério episcopal, sendo consagrado bispo da sua cidade natal.
Nessa função ele conservou a mesma austeridade da vida monástica, demonstrando,
sempre, que essa era a de sua preferência.
Esperidião era um taumaturgo, fora agraciado com
o dom da cura e da profecia. Era venerado pelos habitantes, que o consideravam,
em vida, um santo. Durante as perseguições aos cristãos, foi capturado e
confessou sua fé em Cristo para o próprio imperador Galileu Maximiliano. Por
isso sofreu terríveis torturas, que o deixaram sem o olho esquerdo e sem o
movimento da perna esquerda, pois lhe cortaram os nervos do joelho. Dessa
maneira, foi enviado aos trabalhos forçados nas minas.
Quando as perseguições terminaram e a paz foi
concedida à Igreja, Esperidião retornou para sua diocese. Participou do
Concílio de Nicéia, no qual debateu as verdades da doutrina cristã com um
ilustre filósofo pagão que a insultava, o qual, além de convencido, foi
convertido à fé. Também esteve no Concílio de Sardenha, em 347, como um dos
zelosos defensores do futuro santo Atanásio, bispo de Alexandria, que no final
do evento conseguiu sua reabilitação junto à Igreja.
Todas essas atuações foram relatadas pelo
próprio Atanásio, que foi de Esperidião um bom amigo, conforme indicam as cinco
cartas de agradecimentos que escreveu a Jerônimo. Esse, agora santo e doutor da
Igreja, dedicou a Esperidião um capítulo do seu livro "Homens
ilustres".
Esperidião morreu alguns anos após 347, numa
data incerta, em sua diocese de Trimitous, na ilha de Chipre. Se já era
venerado por sua santidade em vida, a partir de então sua fama propagou-se
entre os fiéis, e o tempo só a fez aumentar. No século XV, quando os árabes
muçulmanos invadiram e tomaram conta de Chipre, a população abriu sua sepultura
para esconder as suas relíquias. Na ocasião, o local foi impregnado por um
suave cheiro de basílico, sinal evidente de sua santidade.
Hoje, suas relíquias mortais estão guardadas na
igreja de Santo Esperidião, na ilha grega de Cofú. O local se tornou um
santuário que recebe peregrinos e devotos do Oriente e do Ocidente. Seu culto
foi confirmado pela Igreja, que indicou o dia 14 de dezembro para a festa
litúrgica em lembrança à memória de santo Esperidião, bispo de Trimitous. Mas
anualmente ele é homenageado com quatro procissões, em sinal de gratidão por
suas intercessões na salvação da cidade e dos habitantes em várias situações de
calamidades.
Com informações Paulinas On line
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