Médicos dizem que ex-presidente Lula está otimista
com tratamento - foto Ueslei
Marcelino
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Senti
um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores
para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não
me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques
desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser
humano. Pode sinalizar algo mais profundo.
Centenas
de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS
para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem
tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?
Lula
teve muitos problemas e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por
uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras
democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.
No
caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um
caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia
alheia.
Minha
suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço
do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da
ignorância.
Isso
significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a
se comportar com um mínimo de decência.
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