São João Gualberto 995-1073 |
João Gualberto, segundo
filho dos Visdonini, nasceu no ano de 995 em Florença. Foi
educado num dos castelos dos pais, Gualberto e dona Villa, nobres e cristãos. A
mãe cuidou do ensino no seguimento de Cristo. O pai os fez perfeitos
cavaleiros, hábeis nas palavras e nas armas, para administrar e defender o
patrimônio e a honra da família.
Mas a harmonia acabou
quando o primogênito da família foi assassinado. Buscando vingar o irmão, João
Gualberto saía armado e com seus homens à procura do inimigo. Na Sexta-Feira
Santa de 1028, ele o encontrou vagando solitário, numa das estradas desertas da
cidade. João Gualberto empunhou imediatamente sua espada, mas o adversário,
desarmado, abriu os braços e caiu de joelhos implorando perdão e clemência em
nome de Jesus.
Contam os biógrafos que,
ouvido seu pedido em nome do Senhor, João Gualberto jogou a espada, desceu do
cavalo e abraçou fraternalmente o inimigo. No mesmo instante, foi à igreja de
São Miniato, onde, aos pés do altar, ajoelhou-se diante do crucifixo de Jesus.
Diz a tradição que a cruz do Cristo se inclinou sobre ele, em sinal de
aprovação pelo seu ato. E foi ali que João Gualberto ouviu o chamado: "Vem
e segue-me". Depois desse prodígio, ocorrido na presença de muitos fiéis,
uma grande paz invadiu sua alma e ele abandonou tudo para ingressar no mosteiro
beneditino da cidade.
Nos anos seguintes, João
Gualberto tornou-se um humilde monge, exemplar na disciplina às Regras, no
estudo, na oração, na penitência e na caridade. Só então aprendeu a ler e a
escrever, pois para um nobre de sua época o mais importante era saber manusear
bem a espada. Adquiriu o dom da profecia e dos milagres, sendo muito
considerado por todos. Em 1035, com a morte do abade, ele foi eleito por
unanimidade o sucessor, mas renunciou de imediato quando soube que o monge
tesoureiro havia subornado o bispo de Florença para escolhê-lo como o novo
abade.
Indignado, passou a
denunciá-los e combate-los, auxiliado por alguns monges. Mas as ameaças eram
tantas que decidiu sair do mosteiro.
João Gualberto foi para a
floresta dos montes Apeninos, numa pequena casa rústica encontrada na montanha
Vallombrosa, sobre o verde Vale do Arno, seguido por alguns monges. O local
começou a receber inúmeros jovens em busca de orientação espiritual, graças à
fama de sua santidade. Foi assim que surgiu um novo mosteiro e uma nova
congregação religiosa, para a qual João Gualberto quis manter as Regras dos
monges beneditinos.
No início, o papa aceitou
com reserva a nova comunidade, mas depois a Ordem dos Monges Beneditinos de
Vallombrosa obteve aprovação canônica. Dali os missionários, regidos pelas
Regras da Ordem Beneditina reformada, se espalharam para evangelizar, primeiro
em Florença, depois em várias outras cidades da Itália.
Seguindo com rigor a
disciplina e austeridade às Regras da Ordem, João Gualberto implantou no Vale
de Vallombrosa um centro tão avançado e respeitado de estudos que a própria
Igreja enviava para lá seus padres e bispos para aprofundarem seus
conhecimentos. Todos oravam e trabalhavam a terra, replantando os bosques do
Vale e plantando o alimento do mosteiro, por isso são considerados precursores
da agricultura auto-sustentável.
Considerado herói do
perdão, João Gualberto fundou outros mosteiros, inclusive o de Passignano, na
Umbria, onde morreu no dia 12 de julho de 1073. Nos séculos seguintes, esses
monges se especializaram em botânica, tanto assim que foram convidados para
fundar a cátedra de botânica na célebre Universidade de Pavia. Enquanto isto,
as de Pádua, de Roma e de Londres buscavam naqueles mosteiros os seus mais
capacitados mestres no assunto.
Canonizado em 1193, são
João Gualberto foi declarado Padroeiro dos Florestais, pelo papa Pio XII, em
1951.
Com informações Paulinas On line
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