Marcos
Paulo é um dos mais bem-sucedidos diretores de televisão no Brasil. Tem em seu
currículo a direção de novelas como Dancin’ Days, Roque Santeiro e Fera Ferida.
Ele domina tão bem o seu ofício que, quando resolveu dirigir um filme, parece
estar totalmente contaminado pela televisão. Assalto ao Banco Central
Após
a pré-estreia do filme no Paulínia Festival de Cinema, na semana passada,
Marcos Paulo disse a jornalistas que “a experiência na TV interfere muito,
porque a televisão é uma grande escola”. Não há dúvidas disso.
Assalto
ao Banco Central tem a cara de um piloto de uma série policial de televisão em
que ainda falta ajeitar muita coisa antes de partir para o primeiro episódio. O
roteiro, assinado por René Belmonte (de Se Eu Fosse Você e atualmente um dos
colaboradores da novela Rebelde), baseia-se no famoso roubo ao Banco Central em
Fortaleza (CE), em agosto de 2005. Mas isso é apenas o ponto de partida, pois,
como deixam claro diretor e produtores, essa é uma obra de ficção inspirada num
fato real.
A
história, por si só, já era cinematográfica, necessitando apenas de alguns
ajustes ao criar uma narrativa, pois, até hoje, alguns detalhes são
desconhecidos. Um túnel foi cavado de uma casa até o cofre do Banco Central, de
onde foram levados quase 165 milhões de reais. O filme se propõe a contar quem
são os ladrões, como roubaram e o que fizeram com o dinheiro.
Um
grupo heterogêneo é formado por Barão (Milhem Cortaz), Mineiro (Eriberto Leão),
Carla (Hermila Guedes), Doutor (Tonico Pereira) e Tatu (Gero Camilo), entre
outros. Barão planeja e comanda a ação. Ele é um líder que pouco põe a mão na
massa, deixando a escavação para os outros.
A
trama de Assalto ao Banco Central acontece em dois tempos, que se alternam sem
qualquer aviso, tornando-a confusa desde o começo. Quem é quem? Quem está
trapaceando quem? Quem está infiltrado onde? E por que a delegada (Giulia Gam)
tem uma namorada? São alguns dos mistérios que rondam o filme que, em vários
momentos, aspira ser uma versão nacional de Onze Homens em um Segredo, com
certo glamour e humor forçados — especialmente em momentos em que a cena pedia
tensão.
Se
os bandidos esbanjam glamour — numa das cenas, Carla seduz Mineiro com um
figurino saído direto de O Beijo da Mulher-Aranha – a polícia é esforçada, em
mais de um sentido. Lima Duarte faz um delegado da Polícia Federal. O
personagem é tão solitário que, para compensar, tem uma foto dele próprio na
sua mesa. Mas o detalhe mais intrigante é a foto de Freud na parede de seu
escritório. Giulia Gam é sua parceira — jovem e corajosa, ela é o novo em vias
de substituir o que há de velho na PF.
O
problema em Assalto ao Banco Central não é bem sua cara de televisão ou a
trilha sonora chata. Seus personagens superficiais seriam perdoáveis se o filme
tivesse ritmo, boa montagem e diálogos bem escritos. Se é para fazer televisão,
Marcos Paulo e sua equipe poderiam ter chamado, por exemplo, Gilberto Braga que
daria agilidade à trama e criaria vilões memoráveis e não um bando de ladrões
confusos que, enquanto personagens, não dizem a que vieram.
Com
informações Reuters - de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.