O açude Orós é um dos que sangraram com as boas chuvas deste ano no Ceará – foto Rafael Cavalcante |
Não
se via tanto milho, feijão e arroz no interior cearense há, pelo menos, 15
anos. O balanço da quadra chuvosa de 2011 foi divulgado pela Fundação Cearense
de Meteorologia (Funceme) ontem (24/11) e trouxe boas novas: no litoral Norte e de
Fortaleza, no Cariri e no Sertão Central e dos Inhamuns, as chuvas entre
fevereiro e maio deste ano ultrapassaram a média histórica. O resultado, além
dos 29 açudes que sangraram, é a esperança do agricultor e do consumidor: a
safra promete ser quase 25% maior do que o último recorde, em 2006.
A
macrorregião com volume de chuvas mais surpreendente foi o Cariri, com desvio
positivo de 11,9% em relação à média história. Quem ficou bem abaixo da média
foi o Maciço de Baturité, com 14,3% negativos. Mas mesmo os menos agraciados
foram salvos pelas chuvas de janeiro. Portanto o Maciço pode esperar boa
colheita para este ano. O milho deverá contribuir com cerca de 70% da produção
agrícola cearense.
Quando
consideramos as chuvas-surpresa de janeiro, todas as macrorregiões cearenses
apresentação números acima da média histórica. No Litoral de Fortaleza, em
janeiro, choveu 383,4% acima do normal. O Cariri, em controverso, foi a
localidade onde janeiro surpreendeu menos.
“As
chuvas foram bem abundantes, bem distribuídas e com poucos veranicos (períodos
de estiagem iguais ou superiores a quinze dias)”, esclarece Namir Mello,
meteorologista da Funceme. Em algumas poucas localidades, no entanto, os
escassos veranicos provocaram quebras de safra.
As
chuvas regulares e bem servidas de janeiro a maio anunciam recorde em colheita
de cereais, leguminosas e oleaginosas para 2011 no Ceará. O último relatório
elaborado pelo Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) diz
que a safra deve ser 22,7% maior que a de 2006, o último recorde. Milho, feijão
e arroz encabeçam a lista dos cereais garantidos.
Pelos
municípios afora, dos 134 açudes monitorados, 29 sangraram, inclusive o Orós,
no Alto Jaguaribe, segundo maior reservatório de água do Estado. 40 estão com
volume acima dos 90%. O Ceará reserva 84,7% da capacidade em açudes. As bacias Baixo
Jaguaribe, Litoral, Coreaú, Acaraú, Alto Jaguaribe, Curu, Salgado, Banabuiú,
Parnaíba e Médio Jaguaribe tiveram acréscimo no volume de água de 20,5% a
66,5%. Madeiro, Quixabinha e Atalho são os únicos açudes com menos de 30% da
capacidade. No ano passado, apenas cinco açudes sangraram.
As
consequências da quadra chuvosa cearense dão esperança e tranquilidade a
agricultores e consumidores. Desde as precipitações surpresas em janeiro até o
mês de maio, quando as chuvas começaram a arrefecer, os dias nublados trouxeram
frutos.
BALANÇO
DO ANO
Chuvas
de janeiro a maio no Ceará:
Litoral
Norte - 1.238,3 mm
Litoral
do Pecém - 947,1 mm
Litoral
de Fortaleza - 1.386,5 mm
Maciço
de Baturité - 1.072 mm
Ibiapaba
- 156 mm
Jaguaribana
- 142,9 mm
Cariri
- 141,5 mm
Sertão
Central e Inhamuns - 157,2
mm
O
Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias (GCEA) é colegiado formado
por instituições governamentais e não governamentais como a Universidade
Federal do Ceará (UFC), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) e a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme).
Com informações o Povo Online
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