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24 de abril de 2011

A publicidade enganosa sobre Maria Antonieta por Alana Maria Soares

Maria Antonieta de 1775 - Museu
Antoine Lécuyer em Paris

Recentemente vi o filme “Maria Antonieta” de Sofia Coppola e me surpreendi com a retratação da vida da Rainha francesa. Todos que estudaram história no colégio devem se lembrar da Revolução Francesa e seus antecedentes. Eram divulgados pelos revolucionários panfletos com frases supostamente ditas pela Rainha, como a famosa “Se não têm pão, que comam brioches”. É exatamente para esclarecer as difamações que até hoje pairam sobre as cabeças dos jovens estudantes de história no colégio e dos adultos interessados que escrevo este artigo.

Maria Antonieta Josefa Joana de Habsburgo-Lorena foi arquiduquesa da Áustria e Rainha consorte de França. Enviada aos 14 anos por sua mãe para consolidar a amizade existente entre França e Áustria em um casamento com o delfim francês Luís Augusto de Bourbon, que, posteriormente, se tornaria o Rei Luís XVI da França.

Muitos devem conhecer a fama que a Rainha tinha por frequentar muitas festas das noites parisienses, pelos bailes de máscaras e por sua rebeldia quanto à corte de Versalhes. Muito verdade que Maria Antonieta era, sim, como chamamos hoje de “festeira” e foi aí que começaram os boatos sobre seu comportamento. O povo francês se dividia entre odiá-la e amá-la. Muitos a admiravam por sua conduta extrovertida e caridades outros a odiavam por ser austríaca e pelas suas maneiras frívolas.

E com a coroação de Luís XVI, aumentou a pressão sobre a Rainha para que desse ao povo um herdeiro. Era de conhecimento geral que o casamento real não era dos melhores, já que, por muito tempo este não foi consumado. Isto foi registrado com sucesso no filme em destaque. Porém, depois de uma fase de grande pressão da corte e do povo eis que nasce Maria Teresa Carlota, primeira filha do casal. Por ser menina, não superou as expectativas, porém a Rainha disse “Pobre menininha, não és o que se desejava, mas não é por isso que me és menos querida. Um filho seria propriedade do Estado. Será minha, terás o meu carinho indiviso; dividirá comigo toda minha felicidade e aliviarás os meus sofrimentos...”. Maria Antonieta ainda teve mais quatro filhos, sendo que dois morreram, um em aborto e outro poucos dias depois de nascer.

Também foi alcunhada de “Madame Déficit” por suas gastanças com luxo enquanto seu povo passava fome, mas, na verdade, a Rainha não gastava tanto quanto o povo pensava e os panfletos divulgavam, acredita-se que a rainha cortou custos pessoais em favor das caridades que praticava. Esta foi a primeira grande calúnia. E ainda continuava a pairar no ar certa desconfiança na Rainha por esta ser austríaca, alguns a acusavam de ser “bode expiatório”.

A campanha violenta praticada pelos revolucionários tinha como alvo principal a Rainha. Cartazes e panfletos eram espalhados em bares e ruas juntamente com a divulgação das ideias de liberdade, igualdade e fraternidade. Estes continham pinturas falsas da Rainha em orgias com membros da corte e divulgações alteradas dos gastos feitos por ela para o luxo da nobreza.

Maria Antonieta, no entanto, era interessada pela filosofia política, história, e literatura. Ela entendia a situação em que o seu país se encontrava. Existem registros históricos que mostram, claramente, que, na época de sua coroação, Maria Antonieta se angustiava com a situação dos pobres. Em uma de suas cartas à mãe, ela chega a comentar o alto preço do pão, que era o principal motivo da fome. E que não seja verdade a polémica frase “Se não têm pão, que comam brioches”. O que uma boa propaganda enganosa não faz com um povo furioso, não é?

E nada evitou que a fúria dos revolucionários caísse sobre ela, era o início da revolução. Em 5 de Outubro de 1789, uma marcha de mulheres (e alguns homens disfarçados) irrompeu por Versalhes exigindo o sangue de Maria Antonieta. A família real foi aprisionada Palácio das Tulherias até que, em 1792 enquanto tentavam uma fuga, foram reconhecidos e detidos. Episódio conhecido como a “Noite de Varennes”.

Houve tentativas de acordo com os revolucionários e secretamente com a Áustria, para interceder na França, mas aconteceu início a guerra entre os dois países, explodiu a revolução e o casal real foi julgado por traição. Era o fim da monarquia. Luís XVI foi guilhotinado em 21 de janeiro de 1793.

Foi chamada de “Viúva Capeto” que era sobrenome dos ancestrais de Luís. E ainda, no dia de sua execução, foi humilhada tendo que desfilar pelas ruas de Paris numa carruagem aberta, sujeita a todos os xingamentos da população.  Maria Antonieta foi guilhotinada em 16 de Outubro de 1793, tendo sua cabeça espetada num pau e exibida pelas ruas de Paris.

Penso que, como o filme me iluminou para com pensamentos sobre a eterna Rainha Maria Antonieta, este artigo – e se possível, também o filme – ilumine e esclareça a mente do leitor sobre os boatos enganosos em relação à Rainha e de como não foram só de flores a Revolução Francesa. Era muito sangue derramado em favor de ideias e direitos que por muito tempo não foram cumpridos por aqueles que prometeram.

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