“Vai passar onde?”, perguntava às equipes. Neste fim de semana, até o jornalista Maurício Kubrusly, da Rede Globo, esteve presente, cobrindo o evento, além de outros representantes da imprensa nacional. Entre os pesquisadores, estava Aílton Andrade, doutor em Estatística pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Todo ano ele acompanha o evento, ouve as previsões e joga os dados num modelo matemático que oferece a possibilidade de um “bom inverno”, de acordo com o Encontro.
Segundo ele, neste ano, os profetas se mostraram otimistas em relação à quadra chuvosa, mas, para os primeiros dois meses do ano, em média, a probabilidade de “bom inverno” extraída de cada profeta foi apenas de 46%. O prognóstico melhora consideravelmente para o período de março a junho, quando a chance de boas chuvas cresce para 66%.
“O questionário leva em consideração vieses naturais que podem surgir, como superconfiança e linguagem”, explica. Segundo ele, os profetas têm dificuldade em avaliar suas incertezas quanto à própria previsão. Além disso, ele explica que a linguagem dos profetas é dialetal, não tendo a mesma correspondência na linguagem mais formal. Por isso, o estudo estatístico.
Do Canadá
A pesquisadora canadense, do Departamento de Antropologia da Universidade de Western Ontario, Karen Pennesi, estuda os profetas desde 2003. Para isso, visitou Quixadá em 2003, 2005, 2006 e, agora, em 2011. Nos anos em que não vem, ela pede que pessoas do Ceará façam imagens e as enviem para o Canadá. “Eles servem de exemplo de como viver porque têm fé, dão valor à tradição, respeitam a natureza e são otimistas. Mesmo que a previsão não seja boa, eles passam coragem para continuar a plantar”, diz Karen.
O interesse pelo assunto se justifica pelo papel social e relevância cultural dos profetas. Desta vez, ela está focando o impacto do Encontro Anual dos Profetas da Chuva. “Interessante é que se você procurar um agricultor, não tem aqui. Isso é porque eles fazem a previsão quando estão na comunidade. As pessoas procuram por eles e perguntam”, comenta a pesquisadora. Na opinião dela, o Encontro ganha repercussão com as matérias. Em casa, os agricultores assistem às previsões pela televisão ou veem nos jornais.
ENTENDA A NOTÍCIA
A relação do profeta da chuva com a natureza, suas previsões e a sua importância para a comunidade onde vive sempre chama a atenção de curiosos, pesquisadores de diferentes partes do mundo e equipes de reportagem de todo o País.
SAIBA MAIS
De acordo com Aílton Andrade, doutor em Estatística pela UFC, é natural que haja alguns contrastes entre as previsões dos profetas, uma vez que usam diferentes fontes de informação avaliadas por diferentes profetas.
Para ele, é importante enfatizar que as previsões dizem respeito ao sertão central cearense, região onde a maioria dos profetas reside. A extensão para o resto do estado não é simples, uma vez que temos diferentes climas (sertão, litoral e serras) dentro do estado.
Com informações OPOVO Online
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