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11 de janeiro de 2011

Engenheiros do Hawaii, a banda

 

O trio iniciou a carreira em 1985, na cidade de Porto Alegre (Foto: Divulgação/RCA)

Engenheiros do Hawaii foi uma banda brasileira de rock formada no início de 1985 na cidade de Porto Alegre. Com a exceção de um pequeno hiato no final de 1996 e início de 1997, o grupo esteve na ativa até abril de 2008, quando foi anunciada uma "pausa por tempo indeterminado". Em todo esse período, foi liderado pelo multi-instrumentista Humberto Gessinger, único membro a permanecer em todas as formações da banda.

Com mais de 20 discos lançados - entre álbuns de estúdio, ao vivo, coletâneas e álbuns de vídeo -, conquistou mais de uma dezena de certificações por vendagem, com mais de 3 milhões de discos vendidos. Também, em todo o período de atividade, mais de 15 músicos fizeram parte da banda, sendo os mais conhecidos - fora Gessinger - Marcelo Pitz, Carlos Maltz, Augusto Licks, Adal Fonseca, Luciano Granja e Lucio Dorfman.

O grupo iniciou a carreira em 1985, na cidade de Porto Alegre e, no ano seguinte, lançou seu primeiro álbum, Longe Demais das Capitais, que já conseguiu uma certificação. A formação inicial do grupo lançou apenas este disco. Em 1987, a entrada de Augusto Licks na guitarra produziu a formação mais estável e de maior sucesso da banda, alcunhada de GLM e durou até novembro de 1993, mudando o patamar do grupo que se tornou o principal nome do rock nacional. Nos anos seguintes, a banda experimentaria diversas mudanças de instrumentistas, que passaram a ser músicos contratados e não membros igualitários a Humberto, único remanescente em todas as formações da banda. A partir de 2004, o grupo lançou dois discos acústicos em sequência, ficando em turnê neste formato até o seu fim, em abril de 2008.

Os principais sucessos do grupo são as canções: "Toda Forma de Poder", "Infinita Highway", "Terra de Gigantes", "Somos Quem Podemos Ser", "Alívio Imediato", "O Exército de um Homem Só I", "Era Um Garoto que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones", "Pra Ser Sincero", "O Papa É Pop", "Herdeiro da Pampa Pobre", "Ninguém = Ninguém", "Parabólica", "A Promessa", "A Montanha", "Eu que Não Amo Você", "3ª do Plural" e "Até o Fim".

O início: formação do grupo

No final de 1984, aconteceu uma greve dos professores que paralisou as aulas na Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Por esta ocasião, as aulas estenderam-se para o ano seguinte, obrigando os estudantes a inventarem maneiras de se divertirem no verão porto-alegrense, já que, normalmente, as famílias de classe média e média alta - faixa de renda da maioria dos estudantes naquela época - viajavam para as praias de Santa Catarina. Uma das ideias para isto, foi a promoção de um show da banda de rock de um dos estudantes (chamada Ritual). Logo, surgiu entre os estudantes que organizavam a apresentação a ideia de abrir o espetáculo com a apresentação de uma banda formada somente pelo pessoal que estudava arquitetura. Assim, um dos organizadores - Carlos Maltz, que tocava bateria e já havia participado de outras bandas - resolveu ir atrás dos alunos que ele sabia que tocavam algum instrumento. Foi assim que ele recrutou Carlos Stein (guitarra) - que ele conhecia por já terem tocado juntos; Humberto Gessinger (vocal e guitarra) - que Maltz só conhecia de vista, mas admirava intelectualmente; e Marcelo Pitz (baixo) - que tinha vindo recomendado por ter tocado em bandas pela noite de Porto Alegre.

O repertório do primeiro show já mostrava uma certa ousadia da banda que, apesar de ter sido montada para durar apenas aquela apresentação, tocou 11 músicas, sendo que 6 eram autorais. E mesmo os covers compunham-se de uma música instrumental (o tema do seriado Hawaii Five-O, uma espécie de piada com o nome da banda), dois jingles (do biscoito Sem Parar e do Extrato de tomate Elefante), e apenas duas canções de música popular: "Lady Laura", de Roberto Carlos; e "Rebelde sem Causa", do Ultraje a Rigor. Entre as músicas autorais ("Spravo", "Porto Alegre", "Eu Não Sei", "Marta", "História" e "Engenheiros do Hawaii"), apenas "Spravo", "Engenheiros do Hawaii" e "História" teriam registros em gravações da futura banda: as duas primeiras seriam registradas nas demos que antecederam as gravações do primeiro disco e chegariam a tocar nas rádios gaúchas; a segunda tornaria-se a canção "e-Stória", do disco Surfando Karmas & DNA, lançado em 2002.

Com esta formação em quarteto, o grupo faria apenas mais um show, em fevereiro, no mesmo local, só que, desta vez, abrindo para a banda Os Eles. Carlos Stein viajou com a família de férias após este show e a banda achou que soava melhor como trio, levando à saída do guitarrista. A banda passou a tocar em diversos lugares da capital gaúcha: a maioria salões dos centros acadêmicos das faculdades locais, mas, também, alguns poucos bares e boates, onde conhecem Júlio Reny - abrindo para a sua banda - e Augusto Licks - que trabalhou como técnico de som em uma das apresentações.

Sucesso local: rádios e o Rock Unificado

A partir de abril de 1986, o grupo começa a gravar demos e enviá-las às rádios da capital, especialmente à Ipanema FM, que aceitava tocar na sua programação canções não gravadas de modo profissional. Assim, gravam seis músicas: "Causa Mortis" e "Engenheiros do Hawaii", em abril; "Spravo", em maio; "Segurança", em junho; e "Nada a Ver" e "Sopa de Letrinhas", em julho. "Spravo", "Segurança" e "Sopa de Letrinhas" se tornam hits locais e o grupo passa a excursionar também pelo interior do estado, algo que a maioria das bandas gaúchas da capital não fazia.

A revolta: início das polêmicas

Com a decisão sobre a saída de Pitz, em abril de 1987, a banda continuou excursionando para cumprir as datas contratadas. Assim, em maio, após show em Belém, no dia 9, o grupo voa para o Rio de Janeiro, onde Nei Lisboa gravava um disco (Carecas da Jamaica) no qual eles fariam uma participação especial, retribuindo o favor de Nei que participou dos vocais da faixa "Toda Forma de Poder", do álbum anterior da banda. Assim, no dia 11, os três foram aos estúdios da EMI-Odeon e gravaram a faixa-título, juntamente com Nei e Augusto.

O disco é lançado em 15 de outubro de 1987, com o título de A Revolta dos Dândis. A banda muda o direcionamento musical, abandonando o reggae e o ska e adotando uma sonoridade que remetia ao rock dos anos 1970 e, também, à influência de Bob Dylan, que Humberto estava ouvindo na época. Além disso, a banda aumenta a quantidade de citações existencialistas em suas letras - sendo o primeiro álbum em que Gessinger utiliza as canções da "velha pasta" da sua adolescência,[26] bem como procedimentos autoirônicos e autorreferenciais que eram vistos como elitistas e arrogantes por criticarem o próprio movimento de rock brasileiro dos anos 1980, do qual faziam parte.

 A gravadora não confiava muito no álbum e o disco venderia bem menos do que o seu antecessor - pouco mais de 50 mil cópias em seu primeiro ano, mas, ainda assim, produziria dois hits nas rádios a partir do primeiro semestre de 1988: "Terra de Gigantes" e, principalmente, "Infinita Highway".

O final de 1988 também marca duas mudanças centrais para o grupo: a mudança física dos membros de Porto Alegre para o Rio de Janeiro; e a mudança de empresários que profissionalizaria definitivamente as turnês do grupo, com a contratação da Showbras.

Em janeiro de 1990, aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro - no Estádio do Morumbi e na Praça da Apoteose, respectivamente - a terceira edição do festival Hollywood Rock. Os Engenheiros tocaram na segunda noite em cada uma das cidades (dias 19 e 26, respectivamente), tendo os shows sido muito saudados pela imprensa. Se antes das apresentações a imprensa paulista tinha dúvidas sobre a apresentação da banda - esvaziando, inclusive, uma coletiva de imprensa como forma de esnobar o grupo; após o show os jornalistas chegaram a aplaudir o grupo na sala de imprensa. No Rio de Janeiro, pelo contrário, a imprensa foi muito mais favorável, com Jamari França, no Jornal do Brasil, chamando a apresentação do grupo de "melhor concerto da noite". O ponto alto dos shows foi a execução de "Era Um Garoto Que como Eu Amava os Beatles e os Rolling Stones" em que Licks solava diversos hinos e, ao final, puxava os jingles das campanhas de Brizola e Lula - que haviam sido derrotados nas eleições pouco mais de 1 mês antes - para delírio da multidão que cantava junto.

A maior banda de rock do Brasil

Em janeiro de 1991, a banda volta com tudo à turnê O Papa É Pop Tour. Esta turnê passou a incluir uma enorme prateleira de metal que era operada por um dos roadies contendo diversos disquetes que deveriam ser trocados conforme a música que era executada e que eram acionados por pedaleiras MIDI pelos três membros da banda. Cada disquete continha um som pré-gravado - como a introdução de "O Papa É Pop" cantada pelos Golden Boys - que deveria ser executado em algum momento do show.

No 21 de janeiro, no Maracanã, o grupo participou do Rock in Rio II fazendo o terceiro show - o último dos artistas nacionais - após Vid & Sangue Azul e Supla, e antes das atrações internacionais do dia: Billy Idol, Carlos Santana e INXS.

GLM: o início do fim

O início dos anos 1990 marca o pico da produção artística de Humberto. E o álbum de estúdio lançado neste ano, Gessinger, Licks & Maltz, mostra como o cantor e compositor estava passando por um período extremamente solitário e egocêntrico: o título, que parece indicar uma união de pessoas é, neste sentido, enganador. As canções em que o vocalista toca teclados ou piano passam a dominar o disco e o número de parcerias com Augusto diminuem fortemente: apenas duas estão presentes neste trabalho. Ainda, as gravações para este disco foram feitas de modo ainda mais compartimentado, com cada integrante gravando suas partes completamente sozinhos. 
Mesmo os ensaios anteriores às gravações foram escassos: Humberto entregou as músicas e deixou que cada um gravasse como queria, sem instruções que não fossem a fita demo que ele mesmo gravava enquanto compunha. 
Também, como quase não ensaiaram as músicas como uma banda, Gessinger teve ideias durante as gravações e mudou muita coisa no estúdio. Assim, por exemplo, "Parabólica", o grande sucesso do disco, foi gravada sozinha por Augusto e, apenas depois de a música estar pronta, Humberto resolveu adaptar a letra que tinha feito para sua filha naquela harmonia.

O álbum foi lançado em outubro de 1992 e, novamente, rendeu um disco de ouro para a banda. Para promovê-lo, foram lançados três videoclipes: 1 para "Ninguém = Ninguém" e dois para a já citada "Parabólica". Além disso, a banda saiu em uma turnê nacional, chamada de GL&M Tour. O episódio mais emblemático da turnê foram os shows no quinto Hollywood Rock, em 16 de janeiro de 1993 - no Morumbi - e no dia 23 - na Praça da Apoteose.

Após as gravações, em julho de 1993 na Sala Cecília Meireles e nos estúdios BMG, a banda saiu em uma pequena turnê internacional no início de agosto, enquanto o disco era mixado no Brasil. Foram cinco shows no Japão, nas cidades de Nagoia e Iwata, e um nos Estados Unidos da América, no Palace, em Los Angeles. No país asiático, o público foi muito bom, formado essencialmente por decasséguis brasileiros. Já no país norte-americano, o público era muito reduzido, formado por brasileiros. A equipe também aproveitou para registrar imagens nos dois países para compor os clipes do próximo disco.

Voltando ao Brasil, o álbum Filmes de Guerra, Canções de Amor foi lançado em outubro. A recepção ao disco foi bem diversificada, com a maioria da crítica especializada elogiando o trabalho como uma boa surpresa ou uma volta aos bons tempos. Entretanto, as vendas do álbum ficaram abaixo dos discos anteriores, não atingindo o patamar necessário para render mais uma certificação para a banda. Uma das possíveis razões para isso é que a turnê do disco foi interrompida apenas após alguns shows - como Porto Alegre, Florianópolis Sorocaba e São Paulo - e algumas apresentações em programas de TV - como Programa Livre, Domingão do Faustão, Bem Brasil e Clodovil em Noite de Gal

Última formação

Humberto Gessinger: vocal, baixo, guitarra, violão, bandolim, viola caipira, acordeão, midi pedalboard, harmônica e piano (1985 - 1996; 1997 - 2008)

Fernando Aranha: guitarra e violão (2004 - 2008)

Pedro Augusto: teclados (2005 - 2008)

Gláucio Ayala: bateria, vocal de apoio (2001 - 2008)

Ex-integrantes

Carlos Stein: guitarra (1985)

Marcelo Pitz: baixo (1985 - 1987)

Carlos Maltz: bateria, percussão e vocais (1985 - 1996)

Augusto Licks: guitarra, harmônica, violão, teclados e midi pedalboard (1987 - 1994)

Ricardo Horn: guitarra (1994 - 1996)

Fernando Deluqui: guitarra e violão (1995 - 1996)

Paulo Casarin: teclados e acordeão (1995 - 1996)

Luciano Granja: guitarra (1997 - 2001)

Adal Fonseca: bateria (1997 - 2001)

Lucio Dorfman: teclados (1997 - 2001)

Paulinho Galvão: guitarra (2001 - 2005)

Bernardo Fonseca: baixo (2001 - 2007)

Discografia

Álbuns de estúdio

1986 Longe Demais das Capitais      RCA através do selo RCA-Victor

1987 A Revolta dos Dândis     RCA através do selo Plug

1988 Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém   BMG através do selo Plug

1990 O Papa É Pop       BMG através do selo RCA-Victor

1991 Várias Variáveis    BMG através do selo RCA-Victor

1992 Gessinger, Licks & Maltz         BMG através do selo RCA-Victor

1995 Simples de Coração        BMG através do selo RCA-Victor

1997 Minuano     BMG através do selo Ariola

1999 ¡Tchau Radar!       Universal através do selo Mercury

2002 Surfando Karmas & DNA        Universal através do selo Mercury

2003 Dançando no Campo Minado   Universal através do selo Mercury

Álbuns ao vivo

1989 Alívio Imediato     BMG através do selo RCA-Victor

1993 Filmes de Guerra, Canções de Amor  BMG através do selo RCA-Victor

2000 10.000 Destinos ao Vivo Universal através do selo Mercury

2004 Acústico MTV      Universal através do selo Mercury

2007 Acústico: Novos Horizontes     Universal através do selo Mercury

Coletâneas

1985 Rock Grande do Sul       RCA através do selo RCA-Victor

2001 10.001 Destinos ao Vivo Universal através do selo Mercury


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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