22 de janeiro de 2011

A Oligarquia Acioly

Nogueira Accioly, no centro, de cartola e camisa clara, em visita ao Rio de Janeiro - Foto: Arquivo do Museu do Ceará

Antônio Pinto Nogueira Acioly nascido em Icó em 11 de outubro de 1840 foi um político brasileiro, presidente e um dos mais influentes políticos do Ceará durante a República Velha. Formou-se em direito pelo curso jurídico do Recife, em 1864, quando acrescentou o Acioly da avó materna a seu nome. Foi também maçom pertencente a loja Fraternidade Cearense.


Nogueira Acioly – preferia escrever o nome com y – deveu ao sogro, o senador Pompeu, sua ascensão política. Sucede, ao fim do império, ao sogro na cadeira senatória, mas não chega a tomar posse devido à proclamação da república.

Sua grande oportunidade política se deu quando Bezerril Fontenelle assumiu o governo no quadriênio de 1892 a 1896, pois passou a ser vice-presidente do estado. Quando da sucessão de Bezerril Fontenele, este indicou Acioly para substituí-lo. Bezerril havia ganhado algum prestígio durante o seu governo, sendo Acioly eleito presidente do Ceará no quadriênio de 1896 a 1900.

Frustrando todas as expectativas do povo cearense, Acioly utiliza-se do poder para desenvolver a sua oligarquia. Tinha todo o apoio do governo federal e estadual, para os quais era considerado um homem honrado e íntegro.

Assim manipulou a política de forma que favorecesse familiares e correligionários. Accioly não deu prioridade a setores responsáveis pelo desenvolvimento do estado. Preferiu voltar-se para a construção de obras onde pudesse tirar vantagem pessoal.
Como exemplo podemos citar a construção de cinco pontes sobre o rio Pacotí, encomendadas à França através da Casa Boris Fréres. O dinheiro das pontes apareceu nas contas do Estado, mas as pontes nunca foram construídas. Não podemos esquecer de dizer que Boris era correligionário de Acioly.

Durante a seca que assolou o estado em 1898 e 1900 a oligarquia aciolina fez vistas grossas ao sofrimento sertanejo. Além da fome, ocorreu no estado uma epidemia de varíola.

Rodolfo Teófilo, opositor de Acioly, fabricava vacina contra a varíola, saia conscientizando o povo e aplicando-a em quem permitisse. O grupo aciolino perseguiu a Teófilo, alegando que ele assim agia para desmoralizar o governo.

Terminando o seu quadriênio, Acioly foi substituído por Dr. Pedro Borges que a princípio quis voltar-se contra seu antecessor, mas acabou fazendo um acordo com ele. Acordo este que beneficiou a ambos.

Borges governou o Ceará até 1904, com grande influência de Acioly. Durante o governo de Borges foi criada a Academia Livre de Direito do Ceará, feita com um único propósito: beneficiar os filhos de Acioly.

A oposição e o povo de Fortaleza continuou a sua luta contra o domínio aciolino. Mas ainda não foi dessa vez. Em 1908 Acioly é eleito novamente presidente do Ceará, do ano de 1908 a 1912 quando foi deposto.

Em 1911, Padre Cícero é eleito prefeito de Juazeiro do Norte com o apoio dos grandes fazendeiros locais. Para assegurar a permanência da família Acioly no governo cearense, o padre promove o chamado “pacto dos coronéis”, com 17 dos principais chefes políticos da região do Cariri. Juntos, forçam a Assembléia Legislativa a rejeitar o nome de Franco Rabelo, escolhido pelo presidente Hermes da Fonseca para governar o estado.

Passeata das crianças – foto Arquivo Nirez
Muitos movimento surgiram para derrubar Acioly do poder. O mais importante deles foi a Passeata das Crianças. Liderada por mulheres cearenses, cerca de seiscentas crianças, todas vestidas de branco, com laços verdes-amarelos e ostentando no pescoço um medalhão do coronel Marcos Franco Rabelo, desfilaram pelas ruas de Fortaleza, cantando e sendo olhadas por, mais ou menos, oito mil pessoas.

O Acioly enviou a polícia para combater o movimento. Esta agiu com rigor, tendo ocasionado a morte de várias pessoas. A reação de Acioly causou revolta no povo fortalezense que armou-se com o que pôde para derrubá-lo do poder. Acioly resolveu então renunciar. O responsável pelas negociações foi coronel José Faustino.
 
Nogueira Acioly de cartola no barco a remo que o levou ao navio para deixar o Ceará – foto Arquivo Nirez
Deposto, é embarcado com a família, às pressas, para o Rio, num navio de cabotagem. Nogueira Acioly morreu no Rio de Janeiro em 14 de abril de 1921.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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