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27 de dezembro de 2010

A inesquecível Mãe Gulora

Mãe Gulora na véspera de seu 
aniversário em  2007
Nascida em 27 de dezembro de 1914 na cidade Alagoana de Santana do Ipanema Maria Glória da Conceição casou com apenas 13 anos de idade com o também alagoano Manoel Pedro de Lira.

A pequena Glória foi mãe aos 14 anos e poucos meses depois do nascimento do seu primeiro filho auxiliou uma mulher idosa a “dar a luz”. Impressionadas com o  talento daquela jovem as mulheres mais velhas indicava Glória para socorrer mulheres em trabalho de parto na comunidade.

Glória ficou viúva em 1937 e casou pela segunda vez com o agricultor José Sarafim Teles, dez anos mais velho,  assumindo seus dois filhos.

Em 1943, fugindo da seca que assolava o Estado de Alagoas, Gulora e sua família chegam no pequeno povoado de Santa Teresa. Ela se encanta com beleza do lugar e convence seu esposo a fixar residência por aqui. A primeira morada deles foi no outro lado da lagoa nas terras do Sr. José Estevão.

Além da lida diária na roça logo Gulora assumiu as funções de parteira e posteriormente passou a ser chamada de Mãe Gulora pelo povão e Mãe Glória para os mais cultos.

Casa de Mãe Gulora em 2005
Em 1968 por orientação do amigo Joaquim Soares o casal Gulora e Zé Menino como ficou conhecido José Sarafim, decidem oficializar sua união e casam-se civilmente em 03 de dezembro daquele ano em cerimônia simples apenas com a presença da família.

Por mais de três décadas Mãe Gulora e sua família residiram num pequeno sítio as margens da estrada Altaneira-Assaré, conhecido como Prado.

No final da década de 80 com a morte de Zé Sarafim Mãe Gulora fixa residência na Rua Carneiro de Almeida, onde viveu os seus últimos dias de vida.

Por questões políticas Mãe Gulora sempre foi marginalizada e seu trabalho nunca foi reconhecido pelas autoridades locais. A primeira homenagem recebida foi dado pelo médico Dr. Eluizo Tavares Magalhães, Diretor do Hospital e Maternidade de Altaneira que no seu aniversário de 83 anos mandou celebrar uma Missa na Igreja Matriz e batizou a maternidade do Hospital com o nome de Mãe Gulora.

Outra grande homenagem dada em vida a Mãe Gulora foi a composição do Hino à Mãe Gulora pela empresária Maria Luiza de Oliveira residente na capital paulista.

Maria Luiza apresentando o
Hino de Mãe Gulora em 1991
 
Em 2004 em parceria com Rádio Altaneira FM realizamos um cadastro com “Os filhos de Mãe Gulora”, expressão usada por aquelas crianças que foram “pegas” por ela no parto. Na época cadastramos 1.860 de todas as classes sociais, mas infelizmente o trabalho foi perdido na mudança da direção da rádio.

O jovem comerciante Dean batizou sua farmácia de Mãe Glória e prosperou bem, liderando o mercado de produtos farmacêuticos na região.

Mãe Gulora também foi o tema da monografia da Professora Wellany Cidrão  que por dois anos pesquisou a história da parteira tão elogiada por sua mãe a também professora Hilda Cidrão.

Tanto no nosso trabalho, como nas pesquisas da professora Wellany Cidrão não foi encontrado nenhum registro de óbito de mãe ou filho nos partos assistidos por Mãe Gulora.

A associação ARCA também homenageou Mãe Gulora com a apresentação de uma peça teatral onde foi encenada a sua vida. Todos os participantes da peça eram estudantes  altaneirenses que pouco conheciam da vida Mãe Gulora.

Crianças sempre foi uma grande paixão de Mãe Gulora, sempre estava rodeadas por elas contando suas “estórias”.

Mãe Gulora era católica fervorosa e devota de Santa Teresa D`Avila, Padroeira de Altaneira e do Padre Cícero a quem chamava de Padim Ciço.

Após encerrar os ofícios de parteira Mãe Gulora continuou como rezadeira e vez por outra chegava na sua residência uma mãe desesperada com um filho no colo para dizer que os remédios prescritos pelos médicos não estavam fazendo efeito.

Mãe Gulora teve 12 filhos, Manoel e Deuzinha do primeiro casamento e Francisva, Antonio, Rosa, Adelaide, Rosinha, patoin, Angelita, Raimundo, Deuzelina e Maria do segundo casamento. Mãe Gulora ainda sofreu dois abortos um em 1941 e outro em 1947.

Nos últimos meses de vida Mãe Gulora apresentava comportamento infantil pedia mamadeira e não mais falava apenas acenava com a cabeça.

Mãe Gulora faleceu em 12 de fevereiro de 2009 e foi sepultada no cemitério municipal de Altaneira.

Confira outras fotos do cotidiano de Mãe Gulora:
























5 comentários:

  1. serve de exemplo para muitas pessoas esta historia de mãe GULORIA. fiquei muito feliz. a historia dela da um livro. a cada gente grande, a cada criança, a cada sorriso,faz lembrar de mãe GULORIA que vai ser lembrada de todas as formas, então mãe GULORIA não morreu, simples mente foi fazer uma viagem.

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  2. Poucas pessoas nesta cidade terá uma história tão linda igual a mãe gulora como a chamavamos, apesar de não ter cido pego por ela e por mãe regina lá do tabuleiro. mais sempre tive muito respeito por mãe glória quando criança sempre via ela passando pra ir ajudar mais uma criança a vir ao mundo isso era quase todo dia pra os sitíos baixa grande - corrego -taboquinha-e toda região. não tinha hora era só chamr que lá ia ela muitas vezes o futuro pai no cavlo e ela apé com sua bolsa. ESTA SIM ESTA NO CÉU AO LADO DE DEUS.

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  3. Quem a conheceu é dificil não se emocionar ao ver um pouco de história bonita.

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  4. Parabenizo ao blog por retratar a história tão linda de mãe guloria querida e amada por todos.Não haveria tema mais interessante do que este à publicar...

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