Julian Assange, fundador do site Wikileaks |
As consequências de WikiLeaks não se limitam ao conteúdo dos vazamentos. Têm impactos nas democracias, na neutralidade da Internet e na imprensa, para mencionar alguns. Os americanos que se auto declaram defensores mundiais das liberdades e valores afins, se engajaram numa campanha frenética para “calar” seu idealizador Julian Assange.
Ameaçam a todas as empresas que ousem a se ligar a WikiLeaks de serem processadas com rigor. A gigante Amazon, que além de livros vende espaço para hospedagem de sites web, teve que se negar a hospedar WikiLeaks nos EUA. O sistema de pagamento por crédito Pay Pal teve que sustar todo tipo de doação que era feito a WikiLeaks via seu site. Visa e Mastercard também foram “convidados”a bloquear doações feitas através de cartões de crédito.
Talvez os americanos devessem pedir ajuda aos chineses, já que estes têm mais experiência em censura na Web. O mais paradoxal é que WikiLeaks acabou encontrando abrigo em centenas de sites mundo afora e inclusive em sites “.ch”, ou seja, na China! Estariam os chineses dando uma “tapa com luva de pelica” nos americanos? Estes últimos condenam tanto a censura na rede como a que ocorre na China, e agora agem da mesma forma!?
Há que se perguntar: porque calar Assange? Trata-se somente do mensageiro. WikiLeaks não deixa de ser imprensa. O site é um grande lançador de furos. Consegue informações importantes de fontes privilegiadas e as publica. É verdade que não se trata de uma imprensa comum. É simbólica da era digital e a encarna à perfeição. Uma imprensa verdadeiramente livre do Estado, com tudo de bom e de ruim que isso possa significar. Não requer concessões, nem muito menos verbas publicitárias ou outras regalias qualquer.
Essa ideia de imprensa absolutamente livre, que inicialmente tinha os blogs como grandes candidatos a representante, só veio mesmo a se tornar realidade com WikiLeaks. Creio que isso é que deu-lhe credibilidade junto às fontes de informações. Explica um pouco o porquê as pessoas se dispõem a vazar informações a WikiLeaks em detrimento aos grupos de mídia tradicionalmente constituídos.
Vasco Furtado
furtado.vasco@gmail.com
Cientista, professor em computação da Universidade de Fortaleza e
Doutor em Inteligência Artificial
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