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5 de abril de 2010

A mitologia nórdica

Odin ladeado pelos deuses e deusas nórdicas - foto reprodução/Wikipédia

Mitologia nórdica, também chamada de mitologia viking ou mitologia escandinava, é o conjunto de lendas dos povos escandinavos, especialmente durante a Era Viking, cujo conhecimento chegou aos nossos dias principalmente através das Edas islandesas do século XIII. A maioria das fontes escritas vieram dos povos escandinavos que se estabeleceram na Islândia.

Com a cristianização dos países nórdicos - Dinamarca, Noruega, Suécia e Islândia, as antigas religiões e mitologias foram sucessivamente substituídas e esquecidas. A exceção foi a Islândia, onde a nova religião substituiu a antiga, mas continuou a ver a velha mitologia nórdica como uma herança cultural, transmitida oralmente e preservada em peças escritas.

Na Islândia daquela época, foi redigida a maioria das fontes escritas sobre a mitologia nórdica que é uma coleção de crenças e histórias mas não designa uma religião no sentido comum da palavra, pois não havia nenhuma reivindicação de escrituras que fossem inspirados por algum ser divino. A mitologia foi transmitida oralmente principalmente durante a era Viking, e o atual conhecimento sobre ela é baseado especialmente nos Edas e outros textos medievais escritos pouco depois da cristianização.

A família é o centro da comunidade, podendo ser estreitamente relacionada com a fertilidade-fecundidade quanto com a agressividade de um povo hostil e habituado a guerras, em uma sociedade totalmente rural que visa a prosperidade e a paz para si. Deste modo, a religião é muito mais baseada no culto do que no dogmatismo ou na metafísica, uma religiosidade baseada em atos, gestos e ritos significativos, muitas vezes girando em torno de festividades a certos deuses, como Odin e Tyr.

Pode-se dizer que a religião viking não existia sem um ritual e abordava exclusivamente o culto aos ancestrais; era uma religião que ignorava o suicídio, o desespero, a revolta e mais do que tudo, a dúvida e o absurdo. Segundo alguns autores, era "uma religião da vida". 

A maior parte desta mitologia foi passada adiante oralmente, sendo que grande parte dela foi perdida, mas ainda há diversas lendas que sobrevivem no folclore escandinavo, e há centenas de nomes de lugares na Escandinávia cuja origem se encontra nos deuses da mitologia nórdica, que se acreditava que a terra era formada por um enorme disco liso. 

Os mundos da mitologia nórdica

Não há uma clara definição sobre quais seriam os mundos da mitologia nórdica, pois muitos se sobrepõem e vários nomes são utilizados, designando, normalmente, o mesmo lugar. Diferentemente de outras culturas mitológicas, na nórdica não há uma clara definição sobre os lugares que, às vezes, são separados por mares ou oceanos, não constituindo mundos separados na acepção da palavra. Deste modo, podemos verificar a existência de nove mundos, conhecidos como os Nove Mundos da Mitologia Nórdica, que podem ser considerados os principais:

Asgard, mundo dos deuses Aesir

Midgard, mundo dos humanos

Jotunheim, mundo dos gigantes de gelo

Vanaheim, mundo dos deuses Vanir

Alfheim, mundo dos elfos

Musphelhein, mundo dos gigantes de fogo

Nidavellir, mundo dos elfos negros e dos anões

Niflheim, mundo da névoa e frio

Hell, mundo dos mortos

Os clãs de deuses

Há três grandes "clãs de divindades": os Aesir, os Vanir e os Elfos. A distinção entre o Aesir e o Vanir é relativa, pois na mitologia os dois finalmente fizeram a paz após uma guerra prolongada, ganha pelos Aesir. Entre os embates houve diversas trocas de reféns, casamentos entre os clãs e períodos onde os dois clãs reinavam conjuntamente. Alguns deuses pertencem a ambos os clãs. Alguns estudiosos especulam que esta divisão simboliza a maneira como os deuses das tribos invasoras indo-europeias suplantaram as divindades naturais antigas dos povos aborígenes, embora seja importante notar que esta afirmação é apenas uma conjectura.

Outros clãs de seres sobrenaturais

O Aesir e o Vanir são geralmente inimigos dos gigantes Jotuns. Estes são comparáveis aos Titãs e aos Gigantes da mitologia grega e traduzidos geralmente como "gigantes", embora trolls e demônios sejam sugeridos como alternativas apropriadas. Entretanto, os Aesir são descendentes dos Iotnar e tanto os Aesir como os Vanir realizaram diversos casamentos entre eles. Alguns dos gigantes são mencionados pelo nome no Edas, e parecem ser representações de forças naturais. Há dois tipos gerais de gigante: gigantes da neve e gigantes do fogo. Havia também elfos e anões e, apesar de seu papel na mitologia ser bastante obscuro, normalmente são apresentados tomando o partido dos deuses.

Além destes, há muitos outros seres supernaturais: Fenrir o lobo gigantesco, e Jormungard, a serpente do mar que circula o mundo inteiro. Estes dois monstros são descritos como primogênitos de Loki, o deus da mentira, e de um gigante. Hugin e Munin (pensamento e memória), são criaturas mais benevolentes, representadas por dois corvos que mantêm Odin, o deus principal, informado do que está acontecendo na terra; Ratatosk, o esquilo que atua como mensageiro entre os deuses e Yggdrasil, a árvore da vida, figura central na concepção deste mundo.

Assim como muitas outras religiões politeístas, esta mitologia não apresenta o característico dualismo entre o bem e o mal da tradição do oriente médio. Assim, Loki não é primeiramente um adversário dos deuses, embora se comporte frequentemente nas histórias como o adversário primoroso contra o protagonista Thor, e os gigantes não são fundamentalmente malignos, apesar de normalmente rudes e incivilizados. O dualismo que existe não é o mal contra o bem, mas a ordem contra o caos. Os deuses representam a ordem e a estrutura visto que os gigantes e os monstros representam o caos e a desordem.

Deuses e deusas nórdicas

Originados das tribos germânicas do norte da Escandinávia, os deuses e deusas nórdicas são personagens mitológicos. Dos numerosos deuses e heróis sobrenaturais mais recorrentes da mitologia nórdica, podem ser destacados os seguintes:

Odin: é considerado o deus principal. Também é conhecido como "Pai de Todos". Seu papel, como o de muitos deuses nórdicos, era complexo; era o deus da sabedoria, da guerra e da morte, embora também, em menor escala, da magia, da poesia, da profecia, da vitória e da caça. Era sobretudo adorado pelas classes sociais superiores.

Thor: o deus dos trovões e das batalhas, filho de Odin. Thor usa como arma o martelo Mjolnir, e tem o cinto Megingjord, que lhe dobra a força. Está associado aos trovões, relâmpagos, tempestades, árvores de carvalho, força, proteção da humanidade e também a santificação, cura e fertilidade e a guerra. 

Týr: o deus do combate, do céu, da luz, dos juramentos e, por isso, patrono da justiça, precursor de Odin. Filho do gigante do mar do inverno Hymir, passou a ser considerado filho de Odin, devido a sua coragem e heroísmo em batalha, representado por um homem sem a mão direita. Ele perdeu a mão direita ao colocá-la na boca do lobo Fenrir, que era a única forma de fazer o lobo ser preso nas cordas.

Niord: deus dos Mares e dos ventos. Pai de Freya, a deusa do amor, e de Freyr, deus da fertilidade, e casado com Skadi. Njord é o protetor dos pescadores e dos caçadores que, em sua honra, construíam pequenos altares nas falésias e nas florestas, onde depositavam parte do que conseguiam pescar ou caçar. Era visto como um deus pacífico.

Freia: deusa do amor, fertilidade, beleza, riqueza, magia, guerra e morte. Filha de Njord, o deus do mar e Skadi, a deusa do gelo.

Frey: deus da prosperidade, das boas colheitas e da agricultura, dos casamentos e da fertilidade, da alegria e paz. É o soberano de um mundo chamado Álfheim, reino dos elfos da luz.

Balder: deus da com a justiça e a sabedoria, também seria filho de Odin e Frigga, embora não pertencesse ao núcleo de deuses superiores, mas era-lhe permitida a permanência em Asgard.

Heimdall: deus guardião da ponte Bifrost, um arco-íris ligando o céu à Terra, e de tocar o retumbante chifre Gjallarhorn, quando da aproximação do fim do mundo. Filho de Odin e nove mães, Heimdall é atestado como portador da presciência, visão aguçada e audição e mantém o relógio para o início do Ragnarok. 

Loki: deus da trapaça e da travessura e do fogo, também está ligado à magia e pode assumir a forma que quiser. É frequentemente considerado um símbolo da maldade, traiçoeiro, de pouca confiança; e, embora suas artimanhas geralmente causem problemas a curto prazo aos deuses, estes frequentemente se beneficiam, no fim, das travessuras de Loki. Ele está entre as figuras mais complexas da mitologia nórdica.

Frigga: deusa-mãe, esposa de Odin, madrasta de Thor, Meili, Bragi, Heimdall, Váli e Vidar e mãe de Baldur, Hoder, Hermod e em algumas versões também é mãe de Týr. é a deusa da fertilidade, do amor e da união. É também a protetora da família, das mães e das donas-de-casa, e símbolo da doçura. 

Hela: deusa do reino dos mortos. É filha de Loki e da giganta Angrboda. Foi banida por Odin para o mundo inferior, lá recebeu o poder de dominar nove mundos, onde distribui aqueles que lhe são enviados ou sejam, aqueles que morrem por velhice ou doença. 

O passado

No início havia somente o mundo das névoas, Niflheim e o mundo de fogo, Musphelhein, e entre eles havia o Ginungagap, "um grande vazio" no qual nada vivia. Em Ginungagap, o fogo e a névoa se encontraram formando um enorme bloco de gelo. Como o fogo de Musphelhein era muito forte e eterno, o gelo foi derretendo até surgir a forma de um gigante primordial, Ymir, que dormiu durante muitas eras. O seu suor deu origem aos primeiros gigantes. E do gelo também surgiu uma vaca gigante, Audumbla, cujo leite jorrava de suas tetas primordiais em forma de 4 grandes rios que alimentavam Ymir. A vaca lambeu o gelo e libertou o primeiro deus, Buro, que foi pai de Borr, que por sua vez foi pai do primeiro Æsir, Odim, e seus irmãos, Vili e Vé. Então, os filhos de Borr, Odim, Vili e Ve, destroçaram o corpo de Ymir e, a partir deste, criaram o mundo. De seus ossos e dentes surgiram as rochas e as montanhas e de seu cérebro surgiram as nuvens.

Os deuses regularam a passagem dos dias e noites, assim como das estações. Os primeiros seres humanos eram Ask (carvalho) e Embla (olmo), que foram esculpidos em madeira e trazidos à vida pelos deuses Odim, Honir/Vili e Lodur/Ve. Sol era a deusa do sol, filha de Mundilfari e esposa de Glen. Todo dia, ela montava através do céu em sua carruagem puxada por dois cavalos nomeados Alsvid e Arvak. Esta passagem é conhecida como Alfrodul, que significa "glória dos elfos", que se tornou um kenning comum para o sol. Sol era perseguida durante o dia por Skoll, um lobo que queria devorá-la. Os eclipses solares significavam que Skoll quase a capturava. Na mitologia, era fato que Skoll eventualmente conseguia capturar Sol e a devorava; entretanto, a mesma era substituída por sua filha. O irmão de Sol, a lua, Máni, era perseguido por Hati, um outro lobo. Na mitologia nórdica, a terra era protegida do calor do sol por Svalin, que permanecia entre a terra e a estrela. Nas crenças nórdicas, o sol não fornecia luz, que emanava da juba de Alsvid e Arvak.

A Sibila descreve a enorme árvore que sustenta os nove mundos, Yggdrasil e as três Nornas (símbolos femininos da fé inexorável, conhecidas como Urðr (Urdar), Verðandi (Verdante) e Skuld, que indicam o passado, a atualidade e futuro), as quais tecem as linhas do destino. Descreve também a guerra inicial entre o Aesir e o Vanir e o assassinato de Balder. Então, o espírito gira sua atenção ao futuro.

O futuro

A visão antiga dos nórdicos sobre o futuro é notavelmente sombria e pálida. No final, as forças do caos serão superiores em número e força aos guardiões divinos e humanos da ordem. Loki e suas crianças monstruosas explodirão suas uniões; os mortos deixarão Niflheim para atacar a vida. Heimdall, guardião das divindades, convocará os deuses com o soar de sua trombeta de chifre. Se seguirá uma batalha final entre ordem e caos (Ragnarok), que os deuses perderão, como é seu destino. Os deuses, cientes de sua sina, recolherão os guerreiros mais finos, o Einherjar, para lutar em seu lado quando este dia vier. No entanto, no final, seus poderes serão pequenos para impedir que o mundo caia no caos onde ele se emergiu, e os deuses e seu mundo serão destruídos. 

Na mitologia nórdica, Ragnarok (em português: destino dos deuses), representa a escatologia nórdica, marcado por uma série de eventos que conduziriam ao fim do mundo. A palavra significa destino, referindo-se à última e decisiva batalha dos deuses contra os seus inimigos. O mito foi pela primeira vez descrito no poema anónimo Völuspá, compilado no século XIII, a partir de fontes tradicionais mais antigas e no Edda em prosa, escrito no século XIII por Snorri Sturluson.

Valhala

Valhala na mitologia nórdica é um palácio com enorme salão com 540 quartos situado em Asgard e comandado pelo Odin. O “pai de todos”, no qual metade dos guerreiros mais nobres e destemidos mortos em batalha são levados pelas valquírias após a morte para viverem com Odin (enquanto a outra metade vai para os campos Folkvang da deusa Freia), onde participam de combates diários, para manter o exercício da luta e preparar-se para o dia de Ragnarök, "o dia do fim do mundo.

Valhala é atestada no Edda em verso, compilado no século XIII a partir de fontes tradicionais anteriores, e na Edda em prosa, escrita no século XIII por Snorri Sturluson, Heimskringla. Nas estrofes de um poema anônimo do século X que comemora a morte de Érico Machado Sangrento conhecido como Eiríksmál, assim como compilado em Fagrskinna.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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