Ensaio Fotográfico: ALTANEIRA MEIO SÉCULO

Este despretensioso Ensaio Fotográfico foi realizado em comemoração ao Cinquentenário de Altaneira/CE na busca de uma releitura da identidade do nosso município.

Através da imagens, mostraremos que essa identidade foi e continua sendo construída no desejo de servir, na luta por melhor qualidade de vida, na cultura, no ecletismo das crenças e no sorriso insistente de quem não perdeu a esperança.

Fotografias: Heloísa Bitú Ferraz 

Texto: Meirenildes Alencar e Heloísa Bitú 

Edição Fotográfica: Fabrício Ferraz

Veja, concorde, discorde, acrescente, opine, contudo, participe da nossa homenagem!

João de Olívio

É o cara! Sempre de boa vontade e feliz em servir as pessoas, João de Olívio é o ícone das ruas de Altaneira. Vigia, Porteiro, Treinador, Carteiro, Atleta, Fotógrafo, Radialista... de tudo um pouco. Recentemente, o seu programa: Sábado Alegre, é o de maior audiência na Altaneira FM 104,9MHz.

Naumice

É só quem tem mais histórias, pra contar, nesta cidade de fazer todos "morrerem de rir". Naumice é capaz de fazer um defunto rir no seu próprio velório. Aliás este é o momento escolhido para lhe ouvir contar piadas. Contar sua vida nestas linhas seria impossível. Então, basta-lhe dizer que para aumentar ainda mais o seu prestígio ela vende picolé cariri nos points da cidade.

Dona Baiá

Senhora nascida às margens do Rio Cariri, romeira do padre Cícero Romão Batista. Conheceu o Beato Zé Lourenço, a Beata Maria Araújo e freqüentava quinzenalmente a missa celebrada por Pe. Cícero.

Já na nossa cidade, sentindo a grande dificuldade para conseguir água potável, sua filha Creusa, começou “cavar sozinha uma cacimba” e com dois dias a água surgiu para nunca mais faltar.

A maioria da nossa população, pode não ter consumido a água Indaiá, mas com certeza, muitos já provaram da água de Dona Baiá.

Dona Zenilda

É a figura viva das mulheres de voz ativa e decidida desta cidade. Filha de um dos fundadores de Altaneira, Dona Zenilda não é gente de encobrir coisa errada! Com ela é ou não é. E ponto final. Ladrão de galinha é na bala e quem passar da cerca pra dentro só se for por ordem dela. Embora, muitos alimentem um medo exagerado de sua personalidade, Dona Zenilda é uma amiga adorada de todos

Zezinho Batista

"É o Pelé de Altaneira". Os anos passam e ninguém por mais habilidoso que seja é tão bom no futebol quanto ele. No campo ou na quadra, todos respeitam este atleta e sua maravilhosa criatividade nos dribles.

Cícero de Egílio

Acorda cedinho antes do sol raiar por mais de 15 anos nesta cidade para trabalhar, no início na Panificadora Leocádia de Seu Mundim, hoje na Panificadora Brisa de Antônio Leite. Dedicado, pontual e assíduo ele nos revela que é feliz com a profissão que aprendeu.

Lanja

É a primeira jovem moto-táxi feminina a registrar história em Altaneira. Batalhadora e determinada, Lanja vem se tornando cada vez mais popular entre os passageiros, derrubando qualquer preconceito referente à sua profissão.

João Eudes

Começou a fotografar aos 21 anos quando ganhou uma câmera 33mm kodak de presente. De lá pra cá possuiu várias ZENIT's e aprendeu com muito esforço os mecanismos da fotografia. Passou a ser visto por todos em várias festinhas de aniversário, casamentos, batismos, etc. Tem a fotografia por hobby e relembra com carinho da época em que as máquinas compactas com filme eram "a febre" da profissão.

Ana Neri

Natural da Serra do Valério, Ana Nery aprendeu a arte de fazer cerâmica com a avó. Seus potes, jarros, panelas e bonecas de barro são procurados por todos os que conhecem e valorizam o seu belíssimo trabalho.

Zeca de Dorico

É o dono do único engenho que ainda resiste em nosso município. De setembro pra outubro, quando chega o tempo de colher a cana, nosso povo todo se anima pra ir no Engenho de Seu Zeca tomar caldo de cana, puxar alfenim e chupar rapadura. Todos os anos, uma vez ou outra, o engenho pára pra ele consertar a borracha do motor da moenda. Já virou tradição...

Dona Odísia

É artesã da Taboquinha com muito orgulho! Faz crochè, costura, borda e faz arte com reciclagem. A JODISMILE, empreendimento dela em parceria com a s filhas, oferece ao nosso município os trabalhos mais bem elaborados do artesanato altaneirense. Dona Odísia diz que seu orgulho de viver é trabalhar honestamente.

Seu Caboclo Ribeiro

Vaqueiro famoso, da Serra do Valério, por muitos anos do Sr. Zeca de Almeida. Construiu tudo que possui hoje com a profissão. Conta que a cada 3 bezerras que nasciam na fazenda o patrão dáva-lhe uma pra aumentar a boiada.

Seu Zé Lopes

Motorista de ônibus da pernambucana em nossa cidade por mais de 12 anos. Todas as quartas-feiras o povo se reunia no ponto do lanche (antigo ponto comercial de Flávio), pagava as passagens e as 7h estávamos todos em direção ao Crato.

Seu Egílio

Ele é o mais procurado para remendar pneus e desempenar bicicleta. O sucesso é tanto que a Borracharia do Seu Egílio já foi até patrocinador de grupo de futebol. Bons tempos aqueles da equipe da borracharia que compunha os atletas da rua de baixo...

Raimundo Caçarola

Êêê jeitão de colocar defeito em tudo! Todo carro tem o lado bom e a desvantagem, né não? Mas se for pra consertar, fazer motor, desentupir, limpar... o mestre caçarola desenrola.

Chagas

Entortou? Amassou? Enferrujou? Soldar? Cortar?Polir? Pintar? Seu Chagas dá um jeito.

Antônio do Carmo

É o único pipoqueiro de Altaneira. Na pracinha antiga que tinha televisão todos assistiam a novela comendo da pipoqueira do Antônio do Carmo. No campo, no Centro Comunitário, na quadra... namorado legal tinha que pagar pra paquera e brincadeira de menino sempre tinha guerra de pipoca.

Silvânia de Bezinha

Oba! É festa! O bolo é com ela. Silvânia de Bezinha, como é conhecida, especializou-se em tudo de gostoso que uma festa de aniversário tem que ter. Símbolo da comida gostosa dos casamentos de nossa cidade. Se é festa e o jantar é da Silvânia, ninguém vai faltar...

Afonso da Cebola

O Saudoso Afonso Lopes, destacou-se no mercado dos temperos. Cebola, pimenta, alho, canela, noz-moscada, cuminho e cuentro, tudo do bom e do melhor para a nossa degustação.

Maria de Chico Preto

Marmita boa, farta e sortida é na Maria de Chico Preto. Antes, a clientela eram os vendedores do antigo açougue público que viram a filha Sandrinha crescer vendendo doce com a mãe. Hoje, aderiram o bolo, o sequilho, o café e o caldo de mocotó que fizeram da cozinha humilde a preferência mais clássica do sabor gastronômico adotado por nossa gente.

Seu Zé da Marcadoria

Mercadinho ambulante. Começou numa carroça arrastado por uma jumenta. Hoje o comércio cresceu... logo comprou um carro a adaptou aos negócios. Sem falar nos serviços de consertos de panela de pressão. Linha, zipper, agulha também não podem faltar... a dona de casa é o seu principal foco.

Socorro Bel

Mulher forte e guerreira. Vende frutas e legumes no carrinho-de-mão. Aborda o cliente na porta de casa trazendo sempre novidades da temporada. Impossível não comprar e levar um agradinho.

Roso Bitú

É o próprio trabalho em pessoa. Vende, compra e troca... gado, som, bicicleta, moto, chocalho, pedra de amolar, milho e feijão. Roda toda as cidades circunvizinhas fazendo cliente em todo canto. Quem compra a Roso Bitú faz pechincha na certa!

Miguel de Daniel

Ser guerreiro é ser insistente na conquista do cliente, na estrutura da base comercial e na perseverança para impulsionar os 50 anos da nossa economia. Miguel é o açougueiro das gentes, ninguém sai do seu ponto comercial sem dar umas boas risadas.

Seu Josias

O mestre do caçuá e dos cestos de cipó sustentou a família com o que aprendeu de um velho amigo dominador da arte. As mãos rapidinhas no tecer do cipó encantam aqueles que presenciam o fazer de sua obra.

Maria de Lurdes

Artista plástica notável da região. Pintura, costura, biscuit e mais um tanto direcionaram seu olhar para um novo horizonte onde reside o belo.

Seu Ramiro

Marceneiro, conhecido pelas obras de arte que brotam de suas mãos habilidosas vencendo barreiras do tempo e limitações físicas.

Seu Zé Mariano

O poeta cordelista, exemplo de força de vontade e criatividade para a construção do próprio conhecimento. Iniciou os estudos com a Alfabetização Solidária e concluiu o Ensino Médio em 2008 com anseios de cursar uma Faculdade.

Cita Cidrão

Toda cidade sempre tem aquela que carinhosamente é reconhecida como "a beata"... Cita é a nossa religiosa! Quando jovem, ficou ainda algum tempo na irmandade... ser freira era sua vocação mas, muito cedo teve que abandonar o chamado para cuidar da mãe. Os anos se passaram e a possibilidade de voltar foi ficando cada vez mais distante. Mesmo assim, ela continuou dedicando-se a igreja... sempre prestativa, contente e em comunhão.

Dona Fausta

Pessoa reconhecida por todos, como uma das primeiras educadoras, explicitamente tradicional. Ela não acredita que haja aprendizagem sem disciplina ou limite.

Era zeladora voluntária da capela. Ensinou a comunidade a rezar o terço. Fundou junto com um Padre alemão chamado Evaldo, a irmandade Maria José.

Lembremos dessa mulher que além dos seus vários trabalhos, realizava também, os rituais fúnebres desse Município: Fausta Venâncio David

Seu Zeca de Ruluta

Barba, cabelo e bigode... Quem não lembra do salão de seu Zeca lotado aos domingos? Até hoje, depois que ele foi morar no Crato, tem gente que só confia o serviço pra ele.

Sinhá Delfina

O Boteco da Sinhá Delfina, resiste ao tempo e continua sendo o ponto de encontro daqueles que além de apreciar o vinho e a cerveja gelada, vêm em busca de uma boa fofoca na calçada.

Dona Nenén Rodrigues

A primeira pessoa que encontrou um crucifixo de um antigo túmulo, onde hoje, nossa capela se localiza. No seu breve depoimento, ela relatou a graça alcançada pela sua amiga Toinha Romão e por este motivo, começaram a rezar naquele local. Com o passar do tempo, iniciaram a celebração da festa da Santa Cruz.

Foi a primeira mulher a negociar com café e lanche. Depois progrediu para o famoso Hotel de Dona Neném.

Seu Raimundo Cabrêro

Famoso cientista do tempo, profeta procuradíssimo pelos curiosos na previsão dos anos chuvosos. Recentemente, deixou-nos abrindo uma lacuna na cultura popular.

Dona Angelita

Rezadeira popular e organizadora das Festas de São Gonçalo. Mantenedora da tradição do santo devoto diz que promessa feita com ele só estará paga se, no cordão de dança, tiver uma mulher prostituta.

Seu João Zuba

Tocador de pífano e animador das festas religiosas, resgatou a banda cabaçal quando esta quase estava esquecida. Domina as técnicas de contrução dos instrumentos que aprendera com seus ancestrais e mantêm viva a tradição.

Carlos Tolovi

Presidente da Fundação Educativa e Cultural ARCA. Teólogo e professor de filosofia da URCA, veio a Altaneira com o socialismo impregnado no espírito e a determinação de trabalhar na educação de crianças e jovens no resgate cultural local e na organização da comunidade por meio da economia solidária

Iracy Vicente

Começou na profissão de enfermeira ainda muito jovem, aos 17 anos, em Santana do Cariri. Depois que o Hospital Municipal de Altaneira foi inaugurado na década de 80, destacou-se na empreitada de cuidar dos enfermos, recebendo, inclusive vários destaques neste município.

Seu Quido

Uma figura marcante nesta cidade. Admirador convicto da educação. Pouca gente sabe que era atacadista de cereais na década de 50 e que depois,segundo ele mesmo, recebeu o dom de ajudar os doentes se tornando um dos doutores mais conhecidos no nosso meio. Esta personalidade, vocês já conhecem: é o Sr. Euclides Nogueira Santana.

Mãe Gulora

Seu nome está estampado na maternidade de Altaneira e na farmácia frente ao calçadão. Também foi tema de monografia da história oral do nosso Município.

Foi uma das parteiras mais atuantes da região. Não definiremos a quantidade de filhos, netos e bisnetos porque ela disse que se considera mãe de todos que ajudou vir ao mundo. Mãe Gulora faz parte de um povo que quebra barreiras, vence preconceitos e se transforma em símbolo de novos paradigmas porque sua marca maior é o altruísmo.

Enviado por Heloisa Bitu (Copy Art´s)