Olga Gutmann Benário Prestes nasceu em Munique na Alemanha em 12 de fevereiro de 1908 e foi morta Bernburg no dia 23 de abril de 1942. Foi uma militante comunista alemã de origem judaica, filha de Eugénie Gutmann Benário e Leo Benário, advogada e membro ativo do Partido Social-Democrata Alemão. Com apenas quinze anos, em 1923, juntou-se à organização juvenil do Partido Comunista Alemão (KPD). Pouco tempo depois, mudou-se para Berlim com seu então namorado Otto Braun, devido a conflitos ideológicos com o pai.
Olga ascendeu dentro do movimento comunista alemão após conflitos de rua contra milícias de extrema-direita no bairro de Kreuzberg, próximo a Neukölln. Foi presa e acusada de alta traição à pátria, assim como seu companheiro Braun, porém foi solta pouco tempo depois, enquanto Braun não. Junto de seus companheiros de militância, planejou um assalto à prisão de Moabit para libertar Braun. Fugiram para a União Soviética, onde Olga recebeu treinamento político-militar. Separou-se de Braun em 1931.
Olga foi enviada ao Brasil em 1934, por determinação da Internacional Comunista, para apoiar o Partido Comunista Brasileiro, junto de Luís Carlos Prestes — que logo se tornou seu cônjuge —, com o objetivo de liderar uma revolução armada com o apoio de Moscou. Em novembro de 1935, enquanto os preparativos insurrecionais eram planejados, um levante armado estourou na cidade de Natal, o que fez com que Prestes ordenasse que a insurreição fosse estendida ao resto do país. Porém, somente algumas unidades militares de Recife e do Rio de Janeiro sublevaram-se. A insurreição foi fortemente reprimida pelo governo Vargas e muitos líderes comunistas foram presos. O episódio ficou conhecido como Intentona Comunista.
Após a Intentona, Olga e Prestes conseguiram viver na clandestinidade por mais alguns meses, mas acabaram presos em 1936. Na prisão, descobriu que estava grávida de Prestes. No mesmo ano foi deportada para a Alemanha nazista. Foi presa pela Gestapo ao chegar na Alemanha em 18 de outubro de 1936 e então levada para a Barnimstrasse, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve sua filha, Anita Leocádia Prestes, que ficaria em seu poder até o fim do período de amamentação e depois, entregue à avó D. Leocádia. Olga é executada em 23 de abril de 1942, com 34 anos de idade, na câmara de gás com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg.
Após a Segunda Guerra Mundial, Olga seria apresentada e cultuada na Alemanha Oriental como exemplo da mãe vítima do nazismo, tal como a espiã do grupo da resistência alemã Rote Kapelle ("Orquestra vermelha") Hilde Coppi e a ativista comunista Liselotte Hermannn, ambas também executadas pelo nazismo. Sua efígie consta de moedas e selos, além de ter dado nome a 91 escolas, creches, ruas e praças em cidades que pertenciam à antiga República Democrática Alemã.
Em 1984, foi feita uma exposição sobre sua vida na Galerie Olga Benário, em Berlim, na Richardstrasse 104, com edição de um catálogo que leva seu nome. Em 2008, em comemoração dos 100 anos de Olga e dos 24 anos da galeria, Anita Prestes, filha de Olga e Luís Carlos, inaugurou um memorial que homenageia as vítimas do holocausto, no último endereço de sua mãe em Berlim.
Em
2017, sua filha, Anita Prestes, selecionou mais de 130 fotografias para
exposição permanente no memorial erguido em Porto Alegre em homenagem a seu
pai, o Memorial Luiz Carlos Prestes, obra de Oscar Niemeyer. Dentre as
fotografias, algumas de Olga Benário, na época de sua prisão no Brasil.[32] Em
2018, Anita Prestes doou a pintura de Olga por Cândido Portinari ao Museu
Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
A primeira biografia de Olga Benário foi escrita por Ruth Werner e publicada na Alemanha Oriental em 1961 pela Verlag Neues Leben, com reedição em 1984. Sua tradução para o português, feita pelo jornalista brasileiro Reinaldo Mestrinel, foi publicada pouco depois. Fernando Morais publicou uma nova biografia sobre ela em 1985, intitulada Olga e lançada pela Editora Ômega, com relançamento em 1994 pela Companhia das Letras. Segundo Fernando Morais, até à publicação do seu trabalho quase não havia material a respeito de Olga Benário no Brasil. Estimou-se em 2005 que a Companhia das Letras vendeu mais de 170 mil exemplares do livro, que foi considerado um sucesso editorial.
Em 1989, a telenovela Kananga do Japão, produzida e exibida pela extinta Rede Manchete de Televisão, retratou o casal Olga Benário e Luís Carlos Prestes com a interpretação de Betina Vianny e Cassiano Ricardo.
Na
Alemanha, o cineasta turco Galip İyitanır produziu o documentário Olga Benario
- Ein Leben für die Revolution em 2004.
No
mesmo ano foi realizado um filme brasileiro de ficção baseado na biografia
escrita por Fernando Morais, intitulado Olga e dirigido por Jayme Monjardim,
com a atriz Camila Morgado no papel de Olga. O ator Caco Ciocler, por sua vez,
interpretou o líder brasileiro comunista e ex-tenentista Luís Carlos Prestes. A
obra recebeu três prêmios no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema de 2005, mas
teve recepção negativa das imprensas brasileira e alemã.
Na época do lançamento do filme, William Waack, jornalista que pesquisou sobre Olga nos arquivos da antiga União Soviética, criticou a criação do mito em torno dela na mídia, alegando que essa imagem romântica da revolucionária nascera de propaganda do antigo regime comunista da Alemanha Oriental (ou República Democrática Alemã).
Em 1997, Jorge Antunes compôs a ópera Olga, com libreto de Gerson Valle, que estreou no dia 14 de outubro de 2006 no Teatro Municipal de São Paulo. A soprano Martha Herr cantou o papel-título e Luciano Botelho interpretou Luís Carlos Prestes.
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
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